O Advento começa às vésperas do
quarto Domingo antes do Natal e vai até as primeiras vésperas do Natal de
Jesus. É o início do Ano Cristão. Caminharemos nos passos de Cristo até
novembro de 2013. Reviveremos o ministério da Salvação e celebraremos ao Deus
da vida.
O Tempo do Advento possui duas
características: Nas duas primeiras
semanas a nossa expectativa se volta
para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor
da história, no final dos tempos. As duas últimas semanas, dos dias 17 a 24 de
dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a
primeira vinda de Jesus entre nós.
Celebramos o Cristo que veio, o
Cristo que vem todos os dias e o Cristo que virá para buscar sua Igreja.
I. O Ano Cristão.
O Ano Cristão
é comemorado em dois Ciclos e dos Tempos. Ciclo do Natal: Advento - Natal -
Epifania - Batismo do Senhor. 1º Tempo Comum: Jesus dá início as suas primeiras
pregações. Anuncio do Reino. Ciclo da Páscoa: Quaresma - Semana Santa - Páscoa
- Pentecostes. 2º Tempo Comum: Revivemos tudo que Jesus disse e fez para a
nossa Salvação. Vivência do Reino. Termina com a celebração de Cristo, o Rei do
Universo.
O Lecionário
Comum está organizado para ter as leituras dominicais em três anos. Cada ano as
leituras são retiradas de um Evangelista. Ano A (Mateus); Ano B (Marcos) e ano
C (Lucas). João é lido nas principais solenidades. Este ano será o Ano C onda
caminharemos no testemunho de Lucas.
II.
A Palavra Advento
Advento — adventus, em latim —
significa vinda, chegada. É uma palavra que designava a vinda anual de uma
divindade pagã, ao templo, para visitar seus adoradores.
Na linguagem corrente, significava
também a primeira visita oficial de um personagem importante, ao assumir um
alto cargo. Assim, algumas moedas de Corinto perpetuam a lembrança do adventus
augusti, e um cronista da época qualifica de "adventus divi" o dia da
chegada do Imperador Constantino.
Nas obras cristãs dos primeiros
tempos da Igreja, especialmente na Vulgata, "adventus" se transformou
no termo clássico para designar a vinda de Cristo à terra, ou seja, a
Encarnação, inaugurando a era messiânica e, depois, sua vinda gloriosa no fim
dos tempos.
III. A Origem
da Celebração do Advento
As primeiras orações de preparação
para o Natal aparecem no século V, quando Perpétuo, Bispo de Tours, estabeleceu
um jejum de três dias, antes do nascimento do Senhor. É também do final desse
século, na Espanha, a “Quaresma de São Martinho”, que consistia num jejum de 40
dias, começando no dia seguinte à festa de São Martinho.
Gregório Magno (590-604) foi o
primeiro a redigir um ofício para o Advento, e o Sacramentário Gregoriano é o
mais antigo em prover os cultos próprios para os domingos desse tempo litúrgico.
No século IX, a duração do Advento
reduziu-se a quatro semanas, como se lê numa carta do Papa Nicolau I (858-867) aos búlgaros. E no século
XII o jejum havia sido já substituído por uma simples abstinência.
O objetivo da igreja era produzir
nos fiéis uma grande expectativa pela vinda do Salvador, orientando-os para o
seu retorno glorioso no fim dos tempos.
Atualmente o Advento é celebrado em
dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal,
mantendo a tradição das 4 semanas. Não podemos celebrar a liturgia, sem levar
em consideração a sua essencial dimensão escatológica.
IV.
Advento nas Igrejas Orientais
Nos diversos ritos orientais, o
Advento formou-se com uma característica acentuadamente ascética.
Na liturgia bizantina destaca-se, no
domingo anterior ao Natal, a comemoração de todos os patriarcas, desde Adão até
José, esposo de Maria.
No rito siríaco, as semanas que
precedem o Natal chamam-se “semanas das anunciações”. Elas evocam o anúncio
feito a Zacarias, a Anunciação do Anjo a Maria, seguida da Visitação, o
nascimento de João Batista e o anúncio a José.
V.
Advento nas Igrejas Ocidentais
É na liturgia romana que o Advento
toma um sentido um pouco diferente. Segue um método pedagógico muito vivo.
No primeiro domingo aparece as
leituras de Jesus, cheio de glória e esplendor, poder e majestade, rodeado de
seus Anjos, para julgar os vivos e os mortos e proclamar o seu Reino eterno,
após os acontecimentos que antecederão esse triunfo.“
Como ficar de pé diante do Filho do
Homem? A nós cabe corar de vergonha, como diz a Escritura. A Igreja então
convida ao arrependimento e à conversão e nos coloca, no segundo domingo,
diante da grandiosa figura de João Batista, cuja mensagem ajuda a ressaltar o
caráter penitencial do Advento.
Com a alegria de quem se sente
perdoado, o terceiro domingo se inicia com a seguinte proclamação: “Alegrai-vos
sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. É o
domingo Gaudete (da alegria).
No quarto domingo, anuncia a chegada
do verdadeiro Sol de Justiça, para iluminar todos os homens. Vemos o Testemunho
de Maria e José em receber o Filho de Deus, o Salvador do mundo.
VI.
As Figuras do Advento
Nas
leituras do Advento encontramos importantes figuras que nos ajudam a entender a
teologia e espiritualidade deste período.
Isaías e Jeremias: são os
profetas que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levavam a
consolação e a esperança.
João Batista: A figura de
João Batista ao ser o precursor do Senhor e aponta-lO como presença já
estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito do Advento; por isso ele
ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em especial no segundo e no
terceiro domingo.
Maria: Assim como Deus precisou do sim de Maria, hoje,
Ele também precisa do nosso sim para poder nascer e se manifestar no mundo;
assim como Maria se "preparou" para o nascimento de Jesus, a começar
pele renúncia e mudança de seus planos pessoais para sua vida inteira, nós
precisamos nos preparar para vivenciar o Seu nascimento em nós mesmos e no
mundo, também numa disposição de "Faça-se em mim segundo a sua
Palavra" (Lc 1, 38), permitindo uma conversão do nosso modo de pensar, da
nossa mentalidade, do nosso modo de viver, agir etc.
José: Nos textos bíblicos do
Advento, se destaca José, esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a
missão de ser o pai adotivo de Jesus. Ao ser da descendência de Davi e pai
legal de Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se
cumpra em Jesus o título messiânico de "Filho de Davi". José é justo
por causa de sua fé.
VII. A Coroa do
Advento
Os cristãos tem o costume de fazer a
coroa do Advento com quatro velas (ou cinco) em suas casa e na igreja. A coroa
do Advento tem origem protestante.
Em 1833, foi criada na Alemanha, em
Hamburgo, a “Rauhes Haus” (Casa Rústica)
para abrigar crianças da rua, ensinar profissões e gerar recursos próprios para
que as crianças não voltassem a pedir esmolas. O pastor visionário que criou a
Rauhes Haus com 25 anos de idade chamava-se Johann Heinrich Wichern (*1808
+1881).
Todo ano ele celebrava o tempo de
Advento com meditações, cânticos e reflexões. Para contextualizar aqueles
momentos o pastor Wichern pendurou uma roda velha de carroça no teto da sala da
Rauhes Haus. No primeiro domingo de Advento colocou a primeira grande vela a
queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas pequenas.
Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela grande e isso se
repetia até o Natal. Um dia antes do Natal queimavam 24 velas referida roda.
As meninas e os meninos da Rauhes
Haus passaram a chamar aquele tempo de “Meditação das Velas”. Passaram-se dois
anos e aquela pequena Comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de
pinheiro. Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro da Igreja
Luterana. Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo
muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito espaço
para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor com quatro, uma
para cada domingo. Assim nasceu este símbolo protestante que nos prepara para o
Natal.
VIII. Oração do Primeiro
Domingo do Advento
Neste primeiro domingo do Advento no
Livro de Oração Protestante (Livro de Oração Comum,) tem a seguinte oração:
"Deus Onipotente, dá-nos a
graça de rejeitar as obras das trevas e vestir-nos das armas da luz, durante
esta vida mortal, em que teu Filho Jesus Cristo, com grande humildade, veio
visitar-nos; a fim de que, no último dia, quando ele vier em sua gloriosa
majestade, para julgar os vivos e os mortos, ressuscitemos para a vida imortal,
mediante Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, agora e
sempre. Amém".
IX. As Leituras do 1º Domingo do Advento
A primeira Leitura é Jeremias 33.14-16.
O profeta diz que virá um dia quando Deus cumprirá suas palavras de Boas Novas.
Virá o renovo da justiça. Por causa do renovo que é Jesus, Jerusalém será
chamada Justiça nossa.
O salmo lido ou cantado é o 25. O
Salmista espera em Deus (3). Pede que o Senhor lhe ensine o caminho e guie pela
verdade. Deus é aquele que guia pelo caminho da justiça. É um salmo que clama
pela reconciliação, pelo livramento e pelo
perdão dos pecados. Busca o Deus que nos prepara para o encontro com o Senhor
que virá.
A epístola lida é I Ts 3.12-4.2.
Paulo ora para que o Senhor de a igreja dos tessalonicenses a santidade e a preparação necessária para que
a igreja esteja pronta para a Vinda do Senhor e finaliza rogando a igreja para
que viva progredindo em santidade e preparação para a volta do Senhor.
O Evangelho lido é Lc 21.25-36. Onde
o Senhor Jesus fala dos acontecimentos finais de sua gloriosa vinda ao mundo. O
mundo será abalado e todos verão "o Filho do Homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória". A
igreja precisa esperar em santidade e vigiar em oração para poder permanecer
firme diante do Senhor.
Conclusão:
Este é o primeiro domingo do
Advento. Aponta para o retorno glorioso de Jesus para buscar a sua igreja. Assim
como Jesus nasceu e as profecias se cumpriram, também Jesus voltará para buscar
a Igreja e as profecias serão cumpridas.
A mensagem do primeiro domingo do Advento
é: Se prepare para o segundo Advento do Senhor Jesus. Ele voltará!
Leia também:
- Advento do Natal - 54 perguntas e respostas sobre o Ciclo do Natal - José Bortolini - Paulus.
- Coroa de Advento. História, símbolos e celebrações. Frei Alberto Beckhäuser - Editora Vozes.
- Viver o ano litúrgico. Reflexões para os domingos e solenidades. Frei Alberto Beckhäuser - Editora Vozes.
- Advento. Aquele que virá, veio e vem. Antonio Francisco Lelo / Sidnei Fernandes Lima / Gustavo Montebello - Paulinas.
- Ciclo do Natal (O). Celebrando a encarnação do Senhor. Bruno Carneiro Lira (Org.) Paulinas.
- "Advento & Natal - A celebração da esperança do povo de Deus". Edição de outubro/novembro de 1997 do Mosaico, da Faculdade de Teologia-SP.
- Advento_ Liturgia e Espiritualidade - http://www.franciscanos.org.br - 26/11/2012
- Advento: Acadêmicos Arautos - Site dos Institutos de Teologia e Filosofia dos Arautos. http://academico.arautos.org - 26/11/2012
- Qual a origem do Advento? http://www.pastoralis.com.br - 26/11/2012.