domingo, 6 de janeiro de 2013

Batismo do Senhor


Dia da Celebração do Batismo do Senhor
13 de janeiro
Rev. Edson Cortasio Sardinha

           


            No domingo após a Epifania, o rio Jordão recebe um número maior de peregrinos católicos e protestantes. É o dia da celebração do Batismo do Senhor.
            Originalmente, o batismo de Cristo foi comemorado no dia da Epifania juntamente com a visita dos Magos e o primeiro milagre nas Bodas de Caná da Galiléia.  Ao longo do tempo, no Ocidente, no entanto, a celebração do Batismo do Senhor veio a ser comemorado como uma festa separada da Epifania.

I. A Celebração na Igreja Metodista
            A Pastoral do Colégio Episcopal sobre o Culto na Igreja Metodista, diz que "o Batismo do Senhor é celebrado no primeiro domingo após a Epifania e representa o início da missão de Jesus no mundo. Esse tempo é parte da manifestação de Jesus aos seres humanos, por isso, trata-se de uma continuidade da Epifania. Diferenciando-se pelo fato de que, na Epifania, é o ser humano (representado pelos magos) que vai a Cristo, ao passo que, com o Batismo do Senhor, é Deus (por meio de Jesus Cristo) que vem até o ser humano, a fim de cumprir Sua missão. Por isso, a espiritualidade desse dia é marcada pela missão iniciada por Jesus em prol dos menos favorecidos e injustiçados. Com o Batismo do Senhor termina o Ciclo do Natal, dando-se início ao Tempo Comum ou Tempo após Epifania".

II. A Celebração na Igreja Ortodoxa e Católica
            A Igreja Ortodoxa comemora a Teofania de Jesus principalmente no seu Batismo com a presença da Santa Trindade.
            Como no ocidente a Epifania ficou enfocando apenas a visita dos magos, ofuscando o Batismo do Senhor e o primeiro Milagre em Caná, Pio XII instituiu, em 1955, uma comemoração litúrgica separada para o Batismo do Senhor. João XXIII, cinco anos, depois manteve a festa no dia 13 de janeiro. A apenas 14 anos após a instituição da festa, Paulo VI definiu a data como o primeiro domingo após 06 de janeiro, ou, se em um determinado país da Epifania é celebrada no dia 7 ou 8 de Janeiro, na segunda-feira seguinte. João Paulo II iniciou o costume de batizar crianças neste dia na Capela Sistina do Vaticano. O antigo Calendário Tridentino não tem a festa do Batismo do Senhor. Foi quase quatro séculos depois que a festa foi instituída, sob a denominação "Comemoração do Batismo do Senhor". A festa marca o fim do Ciclo do Natal do Natal. No dia seguinte, começa o Tempo Comum.

III. A Celebração na Igreja Anglicana
            Na Igreja protestante da Inglaterra a Epifania pode ser observada em 6 de janeiro ou no domingo entre 2 e 8 de janeiro. Se Epifania é observada em 6 de janeiro, ou antes, o Batismo de Cristo é observado no domingo seguinte. Se a Epifania é observado em 7 ou 8 de Janeiro, o Batismo de Cristo é observado na segunda-feira seguinte. Na Igreja da Inglaterra, O Tempo Comum não começa até o dia após a Apresentação de Cristo no Templo no dia 02 de fevereiro.
            O Livro de Oração Comum tem a seguinte Coleta:
            "Ó Pai Celestial, que, no Batismo de Jesus, no Jordão, o proclamaste teu amado Filho e o ungiste com o Espírito Santo; concede que todos os batizados em seu nome guardem constantes a aliança que estabeleceste e, com ousadia, o confessem Senhor e Salvador, o qual vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

IV. O Batismo do Senhor nos Pais da Igreja e em Tomás de Aquino
            Por que Jesus teve que ser batizado? Ambrósio de Milão (c. AD 333-397) respondeu a esta pergunta dizendo: O Senhor foi batizado, não para ser purificado si mesmo, mas para purificar as águas, de modo que essas águas, purificado pela carne de Cristo, que não conheceu pecado, pode ter o poder do Batismo. Quem vem, portanto, para a lavagem de Cristo deixa de lado seus pecados. (Comentário ao Evangelho de Lucas 2:83)
            O Batismo do Senhor juntamente com o nosso batismo é um mistério da fé, mais do que mero testemunho publico de nossa fé.
            Gregório de Nazianzo pregou sobre este mistério de fé dizendo: "Vamos ser sepultados com Cristo pelo Batismo a subir com ele, desçamos com ele a ser levantada com ele, e vamos subir com ele para ser glorificado com ele."
            Hilário de Poitiers falava da nossa adoção como verdadeiros filhos e filhas de Deus no batismo: "Tudo o que aconteceu com Cristo nos permite saber que, depois do banho de água, o Espírito Santo desce rapidamente sobre nós do céu alto e que, adotado pela voz do Pai, nos tornamos filhos de Deus".
             Tomás de Aquino trouxe a seguinte reflexão sobre o Batismo do Senhor: "Quando ele atingiu a idade perfeita, quando chegou o momento para ele para ensinar, fazer milagres e para atrair os homens a si mesmo, em seguida, foi a montagem de sua divindade para ser atestado do alto pelo testemunho do Pai, para que o seu ensino pode ser a mais credível."O Pai, que me enviou, tem-se dado testemunho de mim"

V. O Mistério do nosso Batismo segundo John Wesley.
            O Batismo é um sinal exterior de toda graça interior e espiritual: "Há um batismo" de que nosso Senhor se agradou em apontar como sinal exterior de toda graça interior e espiritual que Ele está continuamente concedendo à sua Igreja. Notas: "Atos 5:11".
            O batismo nos integra a Cristo: "Somos integrados em Cristo, no batismo, através da fé, e recebemos nova vida espiritual desta nova raiz pelo seu Espírito, que nos torna semelhantes a Ele, especialmente com referência à sua morte e ressurreição". Notas: "Romanos 6:3".
            O Batismo nos faz entrar na Aliança com Deus e é obrigatório para todos os cristãos: "O que é batismo? É o sacramento iniciatório que nos faz entrar na aliança de Deus. Foi instituído por Cristo o único que tem poder para instituir um sacramento adequado, um sinal, um selo, garantia e meio de graça, perpetuamente obrigatório para todos os cristãos".
            O Batismo é um selo de aliança como o circuncisão: "Foi instituído na sala da circuncisão, pois, como aquela era um sinal e um selo da aliança de Deus, assim é este".
            O Batismo é uma lavagem que nos entrega a santíssima trindade: "O elemento deste sacramento é a água que é o mais próprio para este uso simbólico, dado o seu poder natural de limpar. O batismo é realizado pela lavagem, pela imersão ou pela aspersão da pessoa em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e, por este meio, a pessoa é entregue à Bendita Trindade".
            Não existe uma forma única na Bíblia para o Batismo (imersão, lavagem ou aspersão): "Digo pela lavagem, imersão ou aspersão porque a Escritura não determina qual destes meios deve ser usado quer por preceito expresso, quer por um exemplo claro o que prove, quer ainda pela força ou pelo significado da palavra batizar..."
            O Batismo pelas aplicações dos méritos de Cristo, nos lava da culpa do pecado original; "O ponto seguinte a ser considerado são os benefícios que recebemos por meio do batismo. O primeiro é que somos lavados da nossa culpa do pecado original pela aplicação dos méritos da morte de Cristo".
            Os méritos da vida e da morte de Cristo, nos são aplicados no batismo: "Pois, "como pela ofensa de um veio o julgamento sobre todos os homens para condenação, assim pela justiça de um veio o dom gratuito sobre todos para justificação da vida". E a virtude deste dom gratuito, os méritos da vida e da morte de Cristo, nos são aplicados no batismo... "
            Pelo Batismo somos admitidos na Igreja: "Somos admitidos na Igreja pelo batismo e, consequentemente, feitos membros de Cristo, a sua cabeça. Os judeus eram admitidos à Igreja pela circuncisão; assim são os cristãos pelo batismo. Pois "todos os que são batizados em Cristo", em seu nome, por esse meio "revestiram-se de Cristo"- Gl.3:27, isto é, são misticamente unidos a Cristo e feitos um com Ele".
            Pela fé em Cristo, através do batismo, somos feitos filhos de Deus: "Nós, que éramos "por natureza filhos da ira", somos feitos filhos de Deus pelo batismo. E esta regeneração que a nossa Igreja em muitos lugares atribui ao batismo é mais do que o ser simplesmente admitidos na Igreja, embora comumente ligados a ela. "Sendo enxertados no corpo da Igreja de Cristo, somos feitos filhos de Deus pela adoção e pela graça". Isto se baseia nas palavras simples de nosso Senhor: "Se um homem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus" - Jo. 3:5. Assim, pela água como um meio, a água do batismo, somos regenerados ou nascidos de novo, de onde o ser ele chamado também pelo Apóstolo "a lavagem da regeneração".
            O Batismo precisa ser acompanhado por uma vida em santidade: "O batismo nos salva se a nossa vida correspondê-lo, se nos arrependermos, crermos e obedecermos ao evangelho; supondo-se isso, como ele nos admite à Igreja daqui, assim também o somos na glória futura".
            É dever batizar nossas crianças: "Em resumo, portanto, é nosso dever não somente legal e inocente, mas justo e estrito, de conformidade com a prática ininterrupta de toda a Igreja de Cristo desde os primeiros tempos, consagrarmos nossos filhos a Deus pelo batismo como era ordem para que a Igreja dos judeus o fizesse pela circuncisão". Obras: "Um trabalho sobre o batismo", 1, daqui e dali (X, 188,190-92, 201).
            O Batismo não é o novo nascimento: "O batismo não é o novo nascimento; este e aquela não são a mesma coisa. Muitos, na verdade, parecem imaginar que o sejam; pelo menos falam como se pensassem assim, mas não sei se essa opinião é apoiada publicamente por qualquer denominação cristã... Não se pode ser mais simples, pois, um é obra externa, o outro é interna; um é visível, o outro invisível e, portanto, totalmente diferente um do outro. Um é ato do homem purificando o corpo, o outro é uma mudança operada por Deus na alma; de maneira que são tão distintos um do outro como a alma o é do corpo e a água o é do Espírito Santo".
            O Batismo não muda a vida se a pessoa não desejar mudar: "Conhece-se a árvore pelos seus frutos". Por este fato, parece muito simples para ser negado, que diversos daqueles muitos filhos do diabo antes de serem batizados, continuam a ser, mesmo depois do batismo, "pois fazem as obras do seu pai"; continuam como servos do pecado, sem nenhuma pretensão à santidade interna ou externa. Sermões: "O novo nascimento", IV, 1-2 (S,II,237-39).

VI. As Leituras da Celebração do Batismo do Senhor
            A primeira Leitura é Is 40,1-11. Este texto fala do ministério de João Batista em preparar a vinda do Senhor. Está implícito o encontro com Cristo no Jordão e o ministério de consolo e restauração do Senhor.
            Cântico: Salmo  104. O Salmo fala da Glória do Senhor e do Espírito Santo que vem restaurar a vida sobre a face da Terra. É uma alusão ao Espírito Santo que veio no Batismo do Senhor.
            Segunda Leitura: Tt 2.11-14; 3.4-7; Paulo fala da salvação de Cristo e da sua lavagem mediante a água do batismo.
            O Evangelho é Lucas 3.15-22. O Evangelho narra o Batismo do Senhor centralizando a presença da Santíssima Trindade no início do ministério da nossa salvação em Cristo. É o Senhor que deseja o Batismo para dar início a uma caminhada rumo ao calvário.

Conclusão:
            A Celebração do Batismo do Senhor é pouco divulgada na Igreja evangélica brasileira. Mas é uma importante celebração que encerra o ciclo do Natal e dá início ao Tempo Comum.
            Que na celebração do Batismo do Senhor possamos celebrar nossa fé e esperança no Batismo recebido. Esta celebração marca a presença da santíssima trindade sobre nossa vida e missão como igreja que, autorizada pelo Batismo, sai pelo mundo espalhando a justiça e o amor, fazendo discípulos e discípulas, pelo Batismo, para o Senhor Jesus.


Devocional

Batismo do Senhor
Batismo: O Início do Discipulado
Lucas 3.15-22

            No terceiro ou quarto domingo após o Natal celebramos a solenidade do Batismo do Senhor. A data litúrgica é 13 de janeiro. Com esta solenidade termina o Ciclo do Natal. O Batismo do Senhor fala da obediência de Cristo que, no caminho do Pai, tem início seu discipulado para a nossa salvação. O Batismo é uma imersão na santíssima Trindade. É o início de uma vida consagrada a Deus para viver os valores divinos e levar vidas a Cristo. Todo batizado é um evangelizador, um discípulo que trabalha para gerar novos discípulos para o Reino.

I. João Batista e Cristo
                João Batista, com unção de Deus, pregava o arrependimento dos pecados e o batismo para remissão. Jesus o considerou o maior profeta da Bíblia (Mt 11.11). A autoridade de João era tão grande que as pessoas pensaram que ele fosse o próprio Cristo (15). Quando João soube que estava sendo confundido com o Cristo, não quis alimentar o engano e disse: (16) "Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo".            João afirma que era inferior a Jesus e que o seu Batismo de Jesus era com o Espírito Santo e com fogo. Apontou também para Jesus como juiz dos vivos e dos mortos ao dizer: (17) "A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo inextinguível".               A mensagem de João Batista sobre o Cristo que viria era um evangelho ao povo (18). João tinha ousadia e autoridade, só foi parado pela maldade de Herodes que lhe prendeu no cárcere (19,20).  João tinha seguidores, ousadia e autoridade, mas sabia que Jesus era superior a ele. Não teve arrogância, prepotência nem soberba. Sabia perfeitamente de seus limites e apontava em suas pregações para o Cristo. Assim também, como discípulos, devemos viver de tal forma que venhamos apontar para Cristo. Cristo é o nosso alvo.
               
II. A Obediência do Senhor Jesus
                João não era digno de desatar as correias das sandálias de Jesus. Jesus é o Deus encarnado e João era apenas servo. Jesus iria batizar com o Espírito Santo e com fogo. Seria o juiz dos vivos e dos mortos.   João batista se sentiu constrangido (Mt 3.14).  Mas o Senhor sabia que precisava iniciar seu ministério pelo batismo de João Batista. (21) "E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus".         O batismo do Senhor representou sua total obediência ao Pai e sua postura de servo. Foi uma preparação para a cruz (Fp 2.5-7).  Como os judeus viram e interpretaram o Batismo do Senhor Jesus? Talvez falaram: "Lá está mais um pecador arrependido; mais um fanático atrás de João!".  Jesus não se importa. Toda a justiça de Deus precisava ser cumprida (Mt 3.15). Justiça de Deus significa vontade perfeita de Deus.      A obediência do Senhor Jesus nos constrange. Ele foi obediente até ao ritual do Batismo. Devemos ter a obediência ao Senhor como marca do nosso discipulado.
                 
III. A Trindade no Batismo
                Lucas diz que (21) "...e, estando ele a orar, o céu se abriu, (22)   e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo". Toda a Santíssima Trindade estava envolvida no Santo Batismo. O Pai estava no céu e fala ao Filho. O Filho está no rio Jordão e o Espírito Santo vem em forma corpórea como pomba. O Batismo do Senhor deu início a ação do Filho na Salvação da humanidade. É a ação do Deus Trino que nos salvou mediante Jesus Cristo. Por isso que o nosso batismo reproduz o evento do Jordão. Somos batizados em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19).  Quando aceitamos o Batismo ou batizamos nossos filhos estamos nos submetendo a ação direta do Sacramento da Santíssima Trindade. Com o batismo tem início o nosso discipulado a serviço do Reino de Deus.
               
Conclusão:
                O Senhor Jesus foi obediente ao Pai e se submeteu ao Batismo de João. A Santíssima Trindade se manifesta no Batismo de Jesus e passa ser a marca de nosso Batismo.  Desejamos seguir as pisadas do Senhor Jesus. Precisamos do Batismo. Precisamos da Trindade Divina em nossa vida. Precisamos dar início ao projeto de Deus em nós. O discipulado tem início no nosso encontro com Cristo que nos leva ao Batismo. Jesus não encontrou dificuldade. Foi humilde e desceu as águas do Batismo. Nós também precisamos passar por este caminho que é sacramento de iniciação e vida.









sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Epifania do Senhor

Epifania do Senhor


Rev. Edson Cortasio Sardinha



A palavra Epifania significa "Manifestação". É a festa da manifestação de Jesus como Deus ao mundo.
Frequentemente se refere a esta festa como a "Teofanía", tal como se diz nos livros litúrgicos da Igreja Ortodoxa, palavra que significa Manifestação de Deus.
Neste dia lembramos três atos epifânicos de Jesus Cristo como Deus: A Estrela que guia os Magos a Belém; o Espírito Santo e a Voz do Pai que aparecem em seu batismo e o primeiro Milagre em Caná da Galiléia.
A celebração da Epifania é o terceiro período litúrgico do Ciclo do Natal.

I. A origem da celebração da Epifania
Antes de ser celebrado o dia 25 do dezembro como o dia do Natal, os cristãos do fim do segundo século, já celebravam a Epifania, festa realizada no dia 6 de janeiro.
A estratégia era a cristianização do paganismo. Retirar do Império Romano o paganismo e introduzir celebrações que exaltassem a Cristo como Deus. Era uma estratégia missionária.
No Oriente, o dia 6 de janeiro estava ligado ao nascimento virginal de Aion/Dionísio e com diversas outras lendas de epifania nas quais os deuses se manifestavam aos seres humanos.  Plínio discorre a respeito dos modos como Dionísio revelava a sua presença naquele dia, transformando água em fontes vinho (Natural History).
Os cristãos, nessa época, perseguidos pelos romanos, tiveram a estratégia de celebrar, na mesma data, a Epifania de Jesus (Manifestação de Jesus). Para confrontar os poderes das trevas, elegeram essa data como especial no calendário da Igreja.
Nessa festa pregavam o nascimento virginal de Cristo, a visita dos magos a Jesus, seu batismo e seu milagre de transformar a água em vinho em Caná da Galiléia.
Nessa celebração, segundo Jerônimo que morou 24 anos em Belém, o Batismo de Jesus era o conteúdo principal.
Muitos estudiosos veem na Epifania uma cristianização da festa judaica dos Tabernáculos.
As duas celebrações (epifania e tabernáculos) incluíam a vigília durante a noite toda, a iluminação de círios e a procissão das luzes, as águas da vida, os ramos de palmeiras e alusões ao matrimônio.

II. A Oração do Dia da Epifania
            O Livro de Oração Comum, utilizado pelos protestante anglicanos e algumas igrejas evangélicas, tem a seguinte oração para este dia:
            "Ó Deus, que pela Estrela manifestaste teu unigênito Filho a todos os povos da terra; guia-nos à tua presença, os que hoje te conhecemos pela fé; a fim de que desfrutemos de tua glória face a face; mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
           
            É uma oração que pede a direção de Deus para que vivamos debaixo da graça, pela fé.

III. As Celebrações da Epifania nas tradições cristãs
            Algumas igrejas protestantes celebram a Epifania do Senhor. As católicas tem uma missa própria com uma pequena alusão ao tema.
            Na religiosidade popular brasileira existe a Folia de Reis. É uma festa religiosa de origem portuguesa, que chegou ao Brasil no século XVIII. Em Portugal, em meados do século XVII, tinha a principal finalidade de divertir o povo, enquanto aqui no Brasil, passou a ter um caráter mais religioso do que de diversão.
            No período de 24 de dezembro, véspera de Natal, a 6 de janeiro, Dia de Reis, um grupo de cantadores e instrumentistas percorre a cidade entoando versos relativos à visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. Passam de porta em porta em busca de oferendas.
            Contudo, é importante ressaltar que Epifania não é o Dia de Reis. O Evangelho de Mateus não chama os Magos de reis, nem diz que eram três. Apenas são chamados de "os magos". Por isso, pela Bíblia, não existem "os Três Reis Magos".
            A tradição que afirma que eram três Reis magos, deu também a eles os nomes de Melquior, Baltasar e Gaspar.
            Esses nomes aparecem no Evangelho Apócrifo Armeno da Infância do fim do século VI, (ampliação do Evangelho do Pseudo-Tomé do II século). A palavra Apócrifo significa livros ocultos, secretos. Geralmente são livros escritos pelas seitas cristãs do II ao VI séculos depois de Cristo.
            No capítulo 5,10, do Evangelho Apócrifo Armeno da Infância está escrito:
Um anjo do Senhor foi de pressa ao país dos persas para avisar aos reis magos e ordenar a eles de ir e adorar o menino que acabara de nascer. Estes, depois de ter caminhado durante nove meses, tendo por guia a estrela, chegaram à meta exatamente quando Maria tinha dado à luz. Precisa-se saber que, naquele tempo, o reino persiano dominava todos os reis do Oriente, por causa do seu poder e das suas vitórias. Os reis magos eram três irmãos: Melquior, que reinava sobre os persianos; Baltasar, que era rei dos indianos, e Gaspar, que dominava no país dos árabes.

IV. A Liturgia Ortodoxa da Epifania
            A Liturgia Ortodoxa da Epifania é rica em muitas tradições. É um rito longo e cheio de significados.
            É uma celebração da adoração a Trindade. No "Tropário (poema) da Festa" está escrito:
"Em teu batismo no Jordão, Senhor, manifestou-se a adoração da Trindade; pois a voz do Pai deu testemunha, chamando-te Filho bem-amado; e o Espírito, sob forma de pomba, confirmou a verdade desta palavra. Ó Cristo Deus que te manifestaste e iluminaste o mundo, Senhor, glória a Ti!"

            A Liturgia Ortodoxa celebra a Manifestação de Jesus ao Universo. No Kondakion - Hino litúrgico da Igreja Ortodoxa, está escrito: "Hoje, Senhor, te manifestaste ao Universo e a tua voz brilhou sobre nós, que, conhecendo-te, cantamos: Vieste, apareceste, ó Luz Inacessível!
            Os ofícios litúrgicos reproduzem os do Natal, apesar da celebração da Epifania ser mais antiga do que as celebrações do Natal.
            A característica principal da festa da Epifania na Igreja ortodoxa é a Grande Bênção das Águas, uma vez que a Epifania nasceu da liturgia da festa dos tabernáculos.
            No Hino da Grande Bênção das águas traz a seguinte estrofe:
  "A voz do Senhor faz-se ouvir sobre as águas, dizendo: Vinde, todos, receber o espírito de sabedoria, o espírito de inteligência, o espírito de temor de Deus, do Cristo que se manifestou! Hoje a natureza das águas se santifica o Jordão se divide e suas águas deixam de correr; porque nele se vê o Senhor sendo batizado. Ó Cristo Rei, como homem vieste ao rio para batizar-te. Tomaste a iniciativa para receber o batismo da mão do Precursor como escravo, por nossos pecados, ó amante da humanidade".

V. A Epifania na Igreja Metodista
            Na Pastoral      do Colégio Episcopal  sobre o Culto na Igreja Metodista, há um estudo sobre os períodos litúrgicos.
            Sobre a Epifania a Pastoral diz que "esse tempo celebra a manifestação de Cristo aos seres humanos. No momento em que os magos do Oriente seguiram a estrela em busca daquele que viria a ser o Salvador por excelência. A Epifania é para o Natal o que o Pentecostes é para a Páscoa, isto é, desenvolvimento e permanência do ato de Cristo em favor da humanidade. A espiritualidade desse período é caracterizada pela manifestação e aparição de Cristo ao mundo. É o Cristo prometido que se torna uma realidade na vida de mulheres e homens que procuram a paz, a justiça e o amor". 

VI. As Leituras da Epifania
            A primeira leitura é Is 60.1-6.
            Fala da Glória do Senhor que nasce sobre os homens. Os pais da Igreja entenderam este salmo como uma alusão profética sobre a Estrela de Belém e as visitas dos Magos a Jesus.     As nações e os reis vão ao encontro do Senhor por causa da luz de sua glória:  (3)   As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu.
            Muitos virão de longe ao encontro do rei que nasceu (4)   Levanta em redor os olhos e vê; todos estes se ajuntam e vêm ter contigo; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são trazidas nos braços.
            Trarão ouro e incenso: (5) ...e as riquezas das nações virão a ter contigo. (6) Trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do SENHOR.
            O Salmo cantado é o 72:
            Este Salmo fala da eternidade do Messias: (5)   Ele permanecerá enquanto existir o sol e enquanto durar a lua, através das gerações. Fala do seu domínio: (8) Domine ele de mar a mar e desde o rio até aos confins da terra.
            Reis virão lhe oferecer presentes: (10)   Paguem-lhe tributos os reis de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes. (11)   E todos os reis se prostrem perante ele; todas as nações o sirvam. (15)    Viverá, e se lhe dará do ouro de Sabá; e continuamente se fará por ele oração, e o bendirão todos os dias.
            O Messias é o Senhor de misericórdia e retidão.
            A segunda leitura é Ef 3.2-6.
            Paulo fala da dispensação da Graça que foi inaugurada em Cristo. (2)
                        Jesus é o mistério de Deus que foi revelado a Paulo e a Igreja (3,4). No passado os homens não conseguiram entender este mistério de Deus, mas na dispensação da graça conhecemos a manifestação de Jesus aos gentios que hoje são (6) "co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho".

            O Evangelho da Epifania é Mt 2.1-12.
            Este Evangelho relata a vinda dos magos a Jesus. Saem do Oriente, vão a Jerusalém, caminham para Belém orientados pela estrela e adoram o menino que estava numa casa com sua mãe. Oferecem Ouro, Incenso e Mirra.
            É a adoração baseada no sacrifício de louvor. Os magos sacrificam suas vidas para oferecer a Jesus um louvor e adoração.

VII. A Estrela de Belém
            O cristão Tomás de Aquino (viveu de 1224 à 1274) escreveu um texto sobre esta estrela que guiou os Magos ("Suma Teológica III, q. 36, a.7):
  1. Esta estrela seguiu um caminho de norte ao sul, o que não é comum ao geral das estrelas.
  2. Ela aparecia não só de noite, mas também durante o dia.
  3. Algumas vezes, ela aparecia e outras vezes se ocultava.
  4. Não tinha um movimento contínuo: andava quando era preciso que os magos caminhassem, e se detinha quando eles deviam se deter, como a coluna de nuvens no deserto.
  5. A estrela mostrou o parto da Virgem não só permanecendo no alto, mas também descendo, pois não podia indicar claramente a casa se não estivesse próxima da terra.            
O que era a estrela então? Tomás de Aquino responde: A estrela poderia ser
  1. O Espírito Santo, assim como Ele apareceu em forma de pomba sobre Nosso Senhor em Seu batismo, também apareceu aos magos em forma de estrela.
  2. Um anjo, o mesmo que apareceu aos pastores, apareceu aos magos em forma de estrela.
  3. Uma espécie de estrela criada à parte das outras, não no céu, mas na atmosfera próxima à terra, e que se movia segundo a vontade de Deus.


Conclusão:
            A Estrela, os milagres de Jesus, seu Batismo e seu ministério revelam sua epifania.
            É a manifestação do Deus que amou o mundo de tal maneira que enviou seu unigênito filho para nos Salvar.
            Epifania é o esforço de Deus para salvar o homem e a mulher mediante Jesus Cristo. É a manifestação do Cristo Salvador.
            Ouçamos Leão Magno (falecido em 461 d.C) em sua pregação sobre o Dia da Epifania:

            "Portanto, amados filhos, instruídos nos mistérios da graça divina, celebremos com alegria espiritual o dia das nossas primícias e do primeiro chamado dos povos pagãos à fé, dando graças a Deus misericordioso que, conforme diz o Apóstolo, nos tornou capazes de participar da luz que é a herança dos santos; ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu amado Filho. Pois, como anunciou Isaías, o povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. E ainda referindo-se a eles, o mesmo profeta diz ao Senhor: Nações que não vos conheciam vos invocarão e povos que vos ignoravam acorrerão a vós". (Dos Sermões de São Leão Magno - Sermão III in Epiphania Domini).


Devocional

Epifania do Senhor
A Visita dos Magos
Mateus 2.1-12
            No dia 06 de janeiro ou no domingo seguinte (sempre no terceiro ou segundo domingo depois do natal) o cristianismo comemora o Dia da Epifania. A Epifania significa "manifestação" e era uma grande festa da Igreja do século IV que comemorava a manifestação de Jesus como Deus através da estrela de Belém, do seu Batismo e da transformação da água em vinho.
                Jesus se manifestou como Deus para nos salvar e transformar a vida das pessoas que creem. Hoje veremos a manifestação de Deus no nascimento de Jesus desejando que Ele venha se manifestar em nossa vida para que sejamos testemunhas da fidelidade, do amor e da justiça. Nossa missão é fazer discípulos e discípulas segundo o modelo do Evangelho.


I. A Obediência dos Magos
                Os magos precisaram acreditar. Tiveram a experiência com a Estrela. Entenderam que a Estrela lavaria ao Rei dos Judeus. Conheceram na Bíblia e na experiência religiosa que a Estrela era uma guia fiel. Mas tiveram que obedecer. Sacrificaram suas vidas por Jesus.     Quantos anos caminharam? Alguns acreditam que caminharam mais de dois anos. Qual o valor da viagem? Quais os riscos da viagem? Qual o sacrifício que fizeram deixando a família e o trabalho? Qual o valor que sacrificaram para Jesus com o Ouro, incenso e Mirra? Qual foi o risco que passaram ao enfrentar o rei Herodes em Jerusalém?  Os magos fizeram grandes sacrifícios por Jesus. Assim como os magos se sacrificaram por Jesus, eu também preciso ter no coração um espírito de louvor e sacrifício. Preciso crer e obedecer a Deus em tudo: no Testemunho, no amor, na entrega dos dízimos e ofertas.       É fácil crer, mas a crença real é determinada pela obediência. Quem obedece a Deus crer em Deus. A obediência à verdade muda nossa vida (I Pe 1.22).

II. Os presentes dos Magos
                Os magos reconheceram quem era o menino. Muitos cristãos, como Agostinho de Hipona, afirmaram que os presentes dos Magos significavam a missão do menino. Ouro: Jesus é o Rei dos Judeus. Incenso: Jesus é o Sumo-sacerdote. Mirra: Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.                O Rei: Jesus será o rei de nossas vidas hoje se permitirmos que Ele reine em toda as dimensões de nossa existência.  O sumo-sacerdote: Ele é nosso intercessor e único mediador. Por isso minhas orações a Deus sempre são em nome de Jesus.  O Cordeiro de Deus: Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Somente Ele pode nos salvar com o seu sangue. Pela fé em Jesus somos salvos. Jesus é tudo. Ele é o alfa e o ômega, o princípio e o fim (Ap 21.6).
               
Conclusão:
                Epifania é manifestação de Deus. É a festa que celebra a grande ação de Deus encarnando em nosso meio.          Precisamos que Jesus se manifeste em nossa vida para que possamos ser mais santos, justos e evangelistas. Quanto mais o Evangelho de Jesus penetrar em nossas vidas e transformar nossas relações, seremos mais evangelistas que fazem discípulos e discípulas para o Senhor Jesus.  Deus deseja nos transformar para que através de nós, possa semear esta transformação no mundo inteiro.