Cristo,
Rei do Universo
Último Domingo do Calendário
Cristão
Rev. Edson Cortasio Sardinha
Na ábside de várias igrejas europeias
dos séculos 11 e 12, aparece a imagem em mosaico do “Cristo, Senhor de todas as
coisas – Rei do universo”, o Cristo “Pantokrator” segundo a clássica expressão
da linguagem da arte cristã antiga e medieval, e dos ícones. Pantoklator é uma palavra de origem grega que significa
"todo-poderoso" ou "onipotente".
A igreja sempre celebrou Jesus como
o Reio do Universo. Mas o tema "Cristo, o Rei do Universo" é
celebrado em algumas igrejas cristãs neste último domingo do Tempo Comum.
Esta celebração não é antiga. Foi
uma das últimas celebrações instituídas por Eugenio
Maria Giuseppe Giovanni Pacelli, conhecido como Papa Pio XI, na época em que o mundo passava
pelo pós-guerra de 1917, marcado pelo fascismo na Itália, pelo nazismo na
Alemanha, pelo comunismo na Rússia, pelo marxismo-ateu, pela crise econômica,
pelos governos ditatoriais que destruía toda a Europa, pela perseguição
religiosa, pelo liberalismo e outros que levavam o mundo e o povo a afastar-se
de Deus, da religião e da fé, culminando com a 2ª Guerra Mundial. Este papa foi
duramente acusado de ser imparcial diante do holocausto judeu. Contudo, o desejo de Pecelli era afirmar para
o mundo que no final da história Jesus iria triunfar porque Ele é o Senhor dos
Senhores, o Rei dos Reis. Todas as coisas serão consumadas em Cristo.
Penso, como protestante metodista,
que colocar no 34º Domingo do Tempo Comum a celebração de "Cristo, o Rei
do Universo" é didático e culmina a história contada no calendário
cristão, pois caminhamos do Advento ao Pentecostes e celebramos nos domingos do
Tempo Comum o Ministério do Senhor Jesus. Sendo assim fechamos as celebrações afirmando
que Jesus é o Cristo, o Rei do Universo, o Senhor dos Senhores.
I. O Final do calendário Cristão
Chegamos ao final de mais um ano
cristão. Com a 34ª Semana do Tempo Comum é encerrado o Calendário Litúrgico
(Nem todos os anos tem o Tempo Comum com 34º semanas. Alguns anos tem apenas 33
semanas). Termina assim o Ano B, onde as leituras de domingo foram, em sua
maioria, baseadas no Evangelho de Marcos.
As leituras dominicais são
organizadas em Ano A (Mateus), Ano B (Marcos) e Ano C (Lucas). Na próxima
Semana, primeiro Domingo do Advento, tem início um novo ano Cristão: Ano C onde
o Evangelho contemplado será o de Lucas e teremos nas meditações do Boletim
justamente o Evangelho de cada domingo, lido e aplicado a Visão de Discipulado
Metodista.
Hoje é o dia de Cristo, Rei do
Universo. Hoje é a 34ª Semana do Tempo Comum e o fim do calendário Cristão. Começamos
a contar a vida de Cristo no Advento e terminamos com a proclamação do Seu
reinado eterno sobre todas as coisas.
II. Livro de Oração Comum.
No
Livro de Oração Comum da Igreja da Inglaterra temos a belíssima oração para o
34º Domingo do Tempo Comum: "Onipotente e sempiterno Deus, que sempre
estás mais pronto a ouvir do que nós a suplicar, e nos dás mais do que
desejamos ou merecemos; derrama sobre nós a tua misericórdia, perdoando o que
nos pesa na consciência e dando-nos as bênçãos que não somos dignos de pedir,
senão pelos merecimentos de Jesus Cristo teu Filho, nosso Senhor, que vive e
reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
É uma
oração (coleta) invocando o perdão e Deus e reconhecendo sua grande e eterna
misericórdia. Assim devemos terminar este ciclo em nossa vida e em nossa
igreja.
III. As Leituras do 34º Domingo
do Tempo Comum (Cristo, Rei do Universo).
Na
perspectiva do tema "Cristo, Rei do Universo", a primeira leitura do
Lecionário Comum, ano B, é Daniel 7.13 e 14. Daniel tem uma visão a
noite e consegue ver o Filho do Homem vindo nas nuvens
do céu. Ao Senhor foi dado o
domínio, a glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as
línguas o servissem. O seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu
reino jamais será destruído. É uma profecia da volta de Cristo como o Rei do
universo estabelecendo a paz, a justiça e o Reino de Deus.
O
Salmo cantado ou lido é o 93.1-5 onde declara que o Senhor Reina. Ele revestiu-se de majestade e de poder.
Firmou o mundo, que não vacila. Fala do reinado de Cristo não apenas no futuro
mas desde a antiguidade. "Está firme o teu trono; tu és desde a eternidade".
O Senhor é mais poderoso do que o "bramido das grandes águas, do que os
poderosos vagalhões do mar".
A
segunda leitura é o Apocalipse 5.1 onde João vê a glória de Deus e escuta uma
grande voz que diz: "Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?" Não havia ninguém. João chora de angústia.
Mas um dos anciãos lhe diz: "Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá,
a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos". Jesus
venceu. João vê Jesus como o Cordeiro que tinha sido morto. Quando o Senhor
toma o livro o céu se curva diante do seu poder e reinado. O fim da história é
o Reino do Senhor Jesus.
Finalmente o Evangelho
lido é João 18.33-37. Fala do diálogo
de Pilatos com Jesus. Pontius Pilatus (Pôncio Pilatos), governou a Judeia e a
Samaria entre os anos 26 e 36. As informações de Flávio Josefo e de Fílon
apresentam-no como um governante duro e violento, obstinado e áspero, culpado
de ordenar execuções de opositores sem um processo legal. As queixas de
excessiva crueldade apresentadas contra ele pelos samaritanos no ano 35 levaram
Vitélio, o legado romano na Síria, a tomar posição e a enviá-lo a Roma para se
explicar diante do imperador. Pilatos foi deposto do seu cargo de governador da
Judeia logo a seguir.
Diante deste
homem violento e cruel, apesar do evangelista apresentar Pilatos como um homem
indeciso e fraco, Jesus é levado para ser interrogado.
No
diálogo aparece a pergunta: "És tu o rei dos judeus?" Jesus esclarece dizendo que o seu reino
não é deste mundo. Ele diz: "Se o meu reino fosse deste mundo, os meus
ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus;
mas agora o meu reino não é daqui". Quando novamente Pilatos pergunta se
Jesus é rei ele diz: "Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim
de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz".
Quem é da verdade escuta o Evangelho e tem Jesus como Rei dos Reis. Jesus
nasceu como Rei. Sempre foi rei e reinará eternamente. Um dia virá e
estabelecerá o seu reino que não terá fim. Este reino já iniciou na vida das
pessoas que tem um encontro pessoal com o Senhor e é transformado por sua
graça.
Conclusão:
Jesus nasce para ser
rei. Mas um rei diferente. O seguinte texto dos dehonianos (carisma iniciado
por João
Leão Dehon, um cristão francês do século XIX) expressa perfeitamente o caráter
do Reino de Jesus:
"A sua coroa será feita de
espinhos… O seu trono será uma cruz… O seu poder diferente do poder do mundo… O
seu mandamento será o do Amor… O seu exército será composto por homens
desarmados… A sua Lei são as bem-aventuranças… O seu Reino será um mundo de paz…
Decididamente, este rei não é como os outros, porque o seu Reino não é deste
mundo. Contudo, nós somos os seus sujeitos convidados a segui-l’O, e mesmo a
fazer com que se realize este Reino. Fazemo-lo sempre que somos artífices da
paz e nos amamos como Ele nos ama. Nada mais… mas nada menos".
(www.dehonianos.org).
Encerra hoje
o ano cristão. Encerra com a grande mensagem de fé: Jesus reina e reinará
eternamente. Um dia todos os poderes do mundo, todas as opressões e injustiças,
todas as obras do diabo e seus demônios serão destruídas.
Porque Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o
nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 3.9-11).