IV Domingo do Advento
Bem-aventurados os que creem
Rev. Edson Cortasio Sardinha
A Espiritualidade do Quarto Domingo
do Advento trabalha chegada do Natal do
Senhor e a alegria daquele que crê. Os textos falam da preparação final para a
chegada do Cristo em Belém. O Culto é uma plataforma para o estabelecimento do
Príncipe da Paz entre nós.
No primeiro domingo do Advento fomos
orientados sobre a Volta do Senhor. Para o encontro com Cristo precisamos
passar pelo instrumento do arrependimento como nos ensinou o segundo Domingo do
Advento. Com o perdão e a certeza da Salvação nos alegramos no Senhor. O tema
do terceiro Domingo foi a alegria (Gaudete em Latim).
Hoje, no quarto domingo do Advento
iremos contemplar a esperança dos profetas, a encarnação do Verbo e a Alegria
de Maria em seu encontro com Isabel. "Bem-aventurada a
que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do
Senhor". Lc 1.45.
I.
A Oração do IV Domingo do Advento
Como o Evangelho fala da visitação
de Maria a Isabel, a oração do "Livro de Oração Comum" clama a
visitação diária de Deus em nossas vidas nos purificando, para que Cristo,
quando voltar, possa encontrar morada em nosso meio.
"Ó Deus Onipotente, purifica a nossa
consciência com tua visitação diária, para que o teu Filho Jesus Cristo, na sua
vinda em glória, encontre em nós a morada preparada para Si; o qual vive e
reina contigo, na unidade do Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
II.
As Leituras do IV Domingo do Advento
Estamos no Ano C do Lecionário
Comum. No Ano C as leituras do Evangelho aos domingos irá privilegiar o Evangelista
Lucas. Os textos lidos são: Miquéias 5.1-4, Salmo 80, Hebreus 10.5-10 e Lucas 1.39-45.
Esta é a mensagem do IV Domingo do
Tempo do Advento: Miquéias - "nascerá em Belém um rei eterno". Salmo
- "este rei vem para nos restaurar e salvar". Hebreus - "é um
rei que se encarnou para nos salvar mediante o sacrifício do seu corpo".
Lucas - "e nós cremos nesta salvação e nas palavras do Senhor, por isso
somos bem-aventurados". Tema do IV Domingo do Advento:
"Bem-Aventurados os que creem".
Primeira
Leitura: Miquéias 5.1-4. Em um contexto de crise, Miquéias profetiza a
vinda do príncipe da Paz. Ele profetiza que apesar da pequenez da cidade de Belém, de lá sairá "o que há de reinar em Israel, e cujas
origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade". Em
Belém nasceria o que sempre existiu. Jesus é a segunda pessoa da santíssima trindade.
É o Deus Filho. É Eterno.
O Senhor nascerá e reunirá os salvos
num reino de unidade (5.3) "Portanto,
o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz;
então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel".
Assim será o reino do Messias que
nascerá em Belém: (5.4) "Ele
se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome
do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele
engrandecido até aos confins da terra".
Miquéias deixa claro que Jesus
nasceria em Belém e reinaria eternamente trazendo paz e segurança aos que
creem.
O Cântico
Responsorial: Salmo 80. O Salmista clama a salvação de
Deus (2): "...desperta o teu poder e vem
salvar-nos". O nome Jesus significa "Salvação de Deus". Este Salmo
aponta para o ação de Jesus Cristo em salvar o seu povo. O Salmista afirma a fé
de que só o Senhor pode trazer a restauração (3): "Restaura-nos, ó Deus;
faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos". A restauração trará
conversão, vida e santidade (18): "E assim não nos apartaremos de ti;
vivifica-nos, e invocaremos o teu nome".
Jesus nasceu para ser o nosso Restaurador
e Salvador. O Salmo profetiza que somente Deus pode nos salvar e o Natal é a
certeza de que Deus enviou seu filho com este único propósito.
Segunda Leitura: Hebreus
10.5-10. A Carta aos Hebreus expõe a
encarnação de Cristo como oferta de Deus pelos nossos pecados. Como os Sacrifícios
e Ofertas não eram suficientes para resolver o pecado humano, mas apenas
sombras do Sacrifício maior de Deus, Jesus se coloca como o Deus encarnado para
realizar a vontade do Pai (5,6): "Sacrifício e oferta não quiseste; antes,
um corpo me formaste; não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado". Em Cristo foi removido o antigo pacto da lei
e estabelecido um novo pacto no Sangue de Jesus (9). "Eis aqui estou para
fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo".
O Natal é a encarnação de Cristo
como oferenda de Deus, no corpo do seu Filho, para nos salvar (10). "Nessa
vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus
Cristo, uma vez por todas".
Em Belém nasceu o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo.
Terceira Leitura:
Proclamação do Evangelho de Lucas 1.39-45. O Evangelho de Lucas narra o encontro de
Maria com Isabel. Segundo a tradição este encontro se deu em Ein Karem na
Região montanhosa da Judéia. Hoje neste local existe uma belíssima Igreja
construída pelo Arquiteto Antônio Barluzzi que recorda o mistério envolvido
neste encontro. A Igreja da Visitação tem, em seu pátio de entrada o Cântico de
Maria, "O magnificat" em vários idiomas.
O Evangelho diz que Maria foi "apressadamente
à região montanhosa, a uma cidade de Judá". O Anjo Gabriel fala a Maria que Isabel na
velhice recebeu a bênção de ser mãe. Maria vai a casa de Isabel não apenas para
verificar o milagre, mas para receber o consolo de Deus. Maria é uma
adolescente virgem e grávida. Estava debaixo de várias pressões. Por isso que
Deus usa as palavras de Isabel para trazer confirmação a obra divina iniciada
em Maria. A confirmação vem logo que Maria saúda Isabel e esta fica "possuída
do Espírito Santo". Cheia do Espírito Isabel exclama em alta voz: "Bendita
és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre! E de onde me provém
que me venha visitar a mãe do meu Senhor? (42-43).
Com a saudação de Maria, João
estremece de alegria no ventre de Isabel. Maria é confortada em sua fé. Isabel
diz: (45) "Bem-aventurada a
que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do
Senhor".
O Natal é tempo de muita alegria
para os que creem. Cremos na encarnação de Deus e somos bem-aventurados. Como
Maria, veremos cumpridas as palavras do Senhor em nossa vida.
Conclusão:
O Advento nos preparou para a
chegada do Natal. Mas também capacitou-nos um pouco mais para o encontro com o
Senhor que virá.
Termino este texto sobre o IV
domingo do Tempo do Advento com as palavras do cristão Guerric de Igny
(1080-1157 dC), abade cisterciense em seu 2º Sermão para o Advento:
"A
verdade, meus irmãos, é de espírito exultante que temos de ir ao encontro de
Cristo que vem. Com que condescendência saúdas os Teus servos e, mais ainda, os
salvas! Tu deste-nos a salvação, não apenas por palavras de paz, mas pelo beijo
da paz, isto é, unindo-Te à nossa carne; e salvaste-nos pela Tua morte na
cruz.» Que o nosso espírito exulte, pois, num transporte de alegria, que corra
a receber o seu Salvador que vem de longe, aclamando-O com estas palavras:
«Senhor, salva-nos! Senhor, dá-nos a vitória! Bendito o que vem em nome do
Senhor!» (Sl 117,25-26).