Dia da Ascensão do Senhor
Rev. Edson Cortasio Sardinha
Em 2013 estive pela primeira vez na
Capela da Ascensão. Esta Capela pertence aos mulçumanos, contudo um dia
pertenceu a igreja dos Cruzados que separaram, segundo uma antiga tradição, este
lugar do Monte das Oliveiras para celebrar a Ascensão do Senhor. Em Jerusalém esta
festa é celebrada na quinta-feira da sexta semana da Páscoa em Jerusalém.
Encontrei um excelente texto sobre a
Ascensão do Senhor baseado em Atos dos Apóstolos no site dos dehonianos de
Portugal e fiz um resumo para a nossa edificação.
A Festa da Ascensão de Jesus sugere
que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida
definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o
testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o
projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
I. Ambiente
O livro dos “Atos dos Apóstolos”
dirige-se a comunidades que vivem num certo contexto de crise. Estamos na
década de 80, cerca de cinqüenta anos após a morte de Jesus. Passou já a fase
da expectativa pela vinda iminente do Cristo glorioso para instaurar o “Reino”
e há uma certa desilusão. As questões doutrinais trazem alguma confusão; a
monotonia favorece uma vida cristã pouco comprometida e as comunidades
instalam-se na mediocridade; falta o entusiasmo e o empenho… O quadro geral é o
de um certo sentimento de frustração, porque o mundo continua igual e a
esperada intervenção vitoriosa de Deus continua adiada. Quando vai
concretizar-se, de forma plena e inequívoca, o projeto salvador de Deus?
É neste ambiente que podemos inserir o texto que hoje nos é proposto como primeira leitura. Nele, o catequista Lucas avisa que o projeto de salvação e de libertação que Jesus veio apresentar passou (após a ida de Jesus para junto do Pai) para as mãos da Igreja, animada pelo Espírito. A construção do “Reino” é uma tarefa que não está terminada, mas que é preciso concretizar na história e exige o empenho contínuo de todos os crentes. Os cristãos são convidados a redescobrir o seu papel, no sentido de testemunhar o projeto de Deus, na fidelidade ao “caminho” que Jesus percorreu.
É neste ambiente que podemos inserir o texto que hoje nos é proposto como primeira leitura. Nele, o catequista Lucas avisa que o projeto de salvação e de libertação que Jesus veio apresentar passou (após a ida de Jesus para junto do Pai) para as mãos da Igreja, animada pelo Espírito. A construção do “Reino” é uma tarefa que não está terminada, mas que é preciso concretizar na história e exige o empenho contínuo de todos os crentes. Os cristãos são convidados a redescobrir o seu papel, no sentido de testemunhar o projeto de Deus, na fidelidade ao “caminho” que Jesus percorreu.
II. Mensagem
O nosso texto começa com um prólogo (vers.
1-2) que relaciona os “Atos” com o 3º Evangelho – quer na referência ao mesmo
Teófilo a quem o Evangelho era dedicado, quer na alusão a Jesus, aos seus
ensinamentos e à sua ação no mundo (tema central do 3º Evangelho). Neste
prólogo são também apresentados os protagonistas do livro – o Espírito Santo e
os apóstolos, ambos vinculados com Jesus.
Depois da apresentação inicial, vem
o tema da despedida de Jesus (vers. 3-8). O autor começa por fazer referência aos
“quarenta dias” que mediaram entre a ressurreição e a ascensão, durante os
quais Jesus falou aos discípulos “a respeito do Reino de Deus”. O número
quarenta é, certamente, um número simbólico: é o número que define o tempo
necessário para que um discípulo possa aprender e repetir as lições do mestre.
Aqui define, portanto, o tempo
simbólico de iniciação ao ensinamento do Ressuscitado. As palavras de despedida
de Jesus (vers. 4-8) sublinham dois aspectos: a vinda do Espírito e o
testemunho que os discípulos vão ser chamados a dar “até aos confins do mundo”.
Temos aqui resumida a experiência missionária da comunidade de Lucas: o
Espírito irá derramar-se sobre a comunidade crente e dará a força para
testemunhar Jesus em todo o mundo, desde Jerusalém a Roma. Na realidade,
trata-se do programa que Lucas vai apresentar ao longo do livro, posto na boca
de Jesus ressuscitado.
O autor quer mostrar com a sua obra
que o testemunho e a pregação da Igreja estão entroncados no próprio Jesus e
são impulsionados pelo Espírito.
O último tema é o da ascensão (vers.
9-11). Evidentemente, esta passagem necessita de ser interpretada para que,
através da roupagem dos símbolos, a mensagem apareça com toda a claridade.
Temos, em primeiro lugar, a elevação de Jesus ao céu (vers. 9a). A ascensão é uma forma de expressar, simbolicamente, que a exaltação de Jesus é total e atinge dimensões supra-terrenas; é a forma literária de descrever o culminar de uma vida vivida para Deus, que agora reentra na glória da comunhão com o Pai.
Temos, depois, a nuvem (vers. 9b) que subtrai Jesus aos olhos dos discípulos. Pairando a meio caminho entre o céu e a terra a nuvem é, no Antigo Testamento, um símbolo privilegiado para exprimir a presença do divino (cf. Ex 13,21.22; 14,19.24; 24,15b-18; 40,34-38). Ao mesmo tempo, simultaneamente, esconde e manifesta: sugere o mistério do Deus escondido e presente, cujo rosto o Povo não pode ver, mas cuja presença adivinha nos acidentes da caminhada. Céu e terra, presença e ausência, luz e sombra, divino e humano, são dimensões aqui sugeridas a propósito de Cristo ressuscitado, elevado à glória do Pai, mas que continua a caminhar com os discípulos.
Temos, ainda, os discípulos a olhar para o céu (vers. 10a). Significa a expectativa dessa comunidade que espera ansiosamente a segunda vinda de Cristo, a fim de levar ao seu termo o projeto de libertação do homem e do mundo. Temos, finalmente, os dois homens vestidos de branco (vers. 10b). O branco sugere o mundo de Deus – o que indica que o seu testemunho vem de Deus. Eles convidam os discípulos a continuar no mundo, animados pelo Espírito, a obra libertadora de Jesus; agora, é a comunidade dos discípulos que tem de continuar na história a obra de Jesus, embora com a esperança posta na segunda e definitiva vinda do Senhor.
Temos, em primeiro lugar, a elevação de Jesus ao céu (vers. 9a). A ascensão é uma forma de expressar, simbolicamente, que a exaltação de Jesus é total e atinge dimensões supra-terrenas; é a forma literária de descrever o culminar de uma vida vivida para Deus, que agora reentra na glória da comunhão com o Pai.
Temos, depois, a nuvem (vers. 9b) que subtrai Jesus aos olhos dos discípulos. Pairando a meio caminho entre o céu e a terra a nuvem é, no Antigo Testamento, um símbolo privilegiado para exprimir a presença do divino (cf. Ex 13,21.22; 14,19.24; 24,15b-18; 40,34-38). Ao mesmo tempo, simultaneamente, esconde e manifesta: sugere o mistério do Deus escondido e presente, cujo rosto o Povo não pode ver, mas cuja presença adivinha nos acidentes da caminhada. Céu e terra, presença e ausência, luz e sombra, divino e humano, são dimensões aqui sugeridas a propósito de Cristo ressuscitado, elevado à glória do Pai, mas que continua a caminhar com os discípulos.
Temos, ainda, os discípulos a olhar para o céu (vers. 10a). Significa a expectativa dessa comunidade que espera ansiosamente a segunda vinda de Cristo, a fim de levar ao seu termo o projeto de libertação do homem e do mundo. Temos, finalmente, os dois homens vestidos de branco (vers. 10b). O branco sugere o mundo de Deus – o que indica que o seu testemunho vem de Deus. Eles convidam os discípulos a continuar no mundo, animados pelo Espírito, a obra libertadora de Jesus; agora, é a comunidade dos discípulos que tem de continuar na história a obra de Jesus, embora com a esperança posta na segunda e definitiva vinda do Senhor.
O sentido fundamental da ascensão
não é que fiquemos a admirar a elevação de Jesus; mas é convidar-nos a seguir o
“caminho” de Jesus, olhando para o futuro e entregando-nos à realização do seu
projeto de salvação no meio do mundo.
Conclusão
A ressurreição/ascensão de Jesus
garante-nos, antes de mais, que uma vida, vivida na fidelidade aos projetos do
Pai, é uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Quem
percorre o mesmo “caminho” de Jesus subirá, como Ele, à vida plena.
A ascensão de Jesus recorda-nos,
sobretudo, que Ele foi elevado para junto do Pai e nos encarregou de continuar
a tornar realidade o seu projeto libertador no meio dos homens e mulheres, nossos
irmãos. É essa a atitude que tem marcado a caminhada histórica da Igreja? Ela
tem sido fiel à missão que Jesus, ao deixar este mundo, lhe confiou?
O nosso testemunho tem transformado
e libertado a realidade que nos rodeia? Qual o real impacto desse testemunho na
nossa família, no local onde desenvolvemos a nossa atividade profissional, na
nossa comunidade cristã ou religiosa?
É relativamente freqüente ouvirmos
dizer que os seguidores de Jesus gostam mais de olhar para o céu do que
comprometerem-se na transformação da terra. Estamos, efetivamente, atentos aos
problemas e às angústias dos homens, ou vivemos de olhos postos no céu, num
espiritualismo alienado? Sentimo-nos questionados pelas inquietações, pelas
misérias, pelos sofrimentos, pelos sonhos, pelas esperanças que enchem o
coração dos que nos rodeiam? Sentimo-nos solidários com todos os homens,
particularmente com aqueles que sofrem?
Referência:
http://www.dehonianos.org