segunda-feira, 18 de março de 2013

A Grande Semana Santa
Do Domingo de Ramos ao Tríduo Pascal
Rev. Edson Cortasio Sardinha

            O Domingo de Ramos é também chamado de Domingo da Paixão do Senhor. Inicia o caminho para o sofrimento e a morte de Senhor. Nossa igreja começa a se preparar para acompanhar o caminho do Senhor até o Calvário.  A Semana Santa é o coração da Liturgia. É a celebração completa da Morte e Ressurreição do Senhor.
            Algumas igrejas protestantes tem uma programação especial para nos auxiliar a caminhar pelos passos de Jesus. Outras preferem se voltar a festividades judaicas ou aproveitar o feriado para fazer retiros de recreações e congraçamentos.
Eu, particularmente, prefiro fazer da Semana Santa um retiro espiritual acompanhando a dor e o sofrimento do Senhor através da liturgia da Igreja. Esta liturgia me levará até ao Domingo da Ressurreição, a Páscoa do Senhor.
            Ela tem início com o Domingo de Ramos. Pela manhã lembramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e a tarde a Paixão do Senhor.

            Cada dia da semana tem um significado próprio:
            Segunda-feira santa: Jesus protesta contra o comércio no templo em Jerusalém (Mateus 21.12-13 /Marcos 11.15-18). e depois ensina no templo em Jerusalém (Mateus 21.28-23.29 / Marcos 12.1-44 / Lucas 20.9-21.4).
            Na Terça-feira santa: Jesus prediz a data de sua execução e debate com líderes religiosos. Jesus é ungido em Betânia (Mateus 26.6-13 / Marcos 14.3-9 / João 12.2-11).
            Na Quarta-feira Santa: Judas é contratado para trair Jesus. Jesus chora, no Monte das Oliveiras, a rejeição de Jerusalém e lamenta a destruição da cidade (Lucas 19.41-44).  
            Na quinta-feira santa tem início o Tríduo Pascal: Quinta: Jesus celebra a Santa Ceia e vai ao Jardim do Getsêmani para ser preso. Sexta-feira Santa: Jesus morre na cruz do calvário. No Sábado a Noite (já é domingo pela liturgia): A Igreja Celebra a ressurreição do Senhor.
            O Domingo é a Páscoa do Senhor. A Igreja canta e conta a História da ressurreição e da aparição as mulheres e aos apóstolos.

I. A História das solenidades da Semana Santa.
            As Solenidades da Semana Santa teve início em Jerusalém. De lá vem o Domingo de Ramos e o Tríduo Pascal.
a) Domingo de Ramos
            A feição característica do Domingo de Ramos na Jerusalém do quarto século era a procissão de palmas iniciada no Monte das Oliveiras na direção da cidade, de tarde. Essa cerimônia foi imitada pelos fiéis da Espanha no quinto século, e da Gália, no sétimo.  Desde os tempos primitivos começava em algum lugar fora da igreja principal. No início da idade média, o centro da atenção era o Livro do Evangelho, infelizmente depois foi substituído por relíquias e pela adoração da hóstia.
            Na Alemanha empregava-se um burrico de madeira, sobre rodas, com a figura de Jesus montado em seu dorso, chamado Palmesel.
b) Quinta-Feira Santa: Início do Tríduo Pascal.
            A Quinta-feira Santa é o dia mais complexo do calendário Cristão. Na Igreja Antiga, neste dia combinavam três elementos importantes: a comemoração da última Ceia, a reconciliação dos penitentes e os vários ritos preparatórios para o batismo do Sábado Santo, especialmente a consagração dos óleos. Na época de Ambrósio (340-397 d.C.) praticava-se o Lava-pés em Milão no Sábado Santo, contudo, esta celebração foi originalmente realizada na Quinta-feira. A Igreja do II século celebrava a primeira Santa Ceia da Semana Santa neste dia.

c) Sexta-feira da Paixão
            As duas características mais marcantes da liturgia da Sexta-feira Feira da Paixão no Ocidente era a veneração da Cruz e a comunhão do sacramento reservado, também chamada de Missa dos Pré-Santificados. Era costume, nos dias de semana, quando não havia celebração da Missa, ter a comunhão nas casas a partir do sacramento reservado. Não se sabe exatamente quando o costume passou das casas para as igrejas, mas a mais antiga evidência documentada situa-se no começo do século sétimo em Constantinopla.

d) Sábado Santo e Vigília da Páscoa
            A característica mais antiga do Sábado Santo era o jejum total. Era um dia considerado a-liturgico por excelência: nele não se celebrava a Santa Ceia nem nas Igrejas do oriente nem nas Igrejas do Ocidente.
            Neste dia dava-se início a uma grande vigília que durava a noite inteira com cânticos, leituras e orações. Em algumas igrejas eram celebradas reuniões de oração que começavam na parte da tarde e ia até o outro dia.
            Agostinho dizia que esta era a mãe de todas as vigílias. 23 sermões de Agostinho que sobreviveram até aos nossos dias, foram pregadas nas vigílias pascais.
            Ao longo do tempo, a vigília do Sábado Santo ganhou três propósitos: O batismo dos Catecúmenos, a iluminação e bênção do Círio Pascal (a maior vela da Igreja) e a bênção do fogo novo.
            A véspera da Páscoa já era considerada tempo por excelência para o batismo nos dias de Tertuliano (160-220 d.C.), mas foi apenas no quarto século que o número de batizados de adultos aumentou. Neste dia também se celebravam a bênção da Pia Batismal, onde as pias eram consagradas.


II. As Orações da Semana Santa.
            O Livro protestante do século XVI conservou importantes orações para a Semana Santa:
            RAMOS – Domingo pela manhã - "Onipotente e Eterno Deus, de tal modo amaste o mundo, que enviaste teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, para tomar sobre si a nossa carne e sofrer morte na cruz, dando ao gênero humano exemplo de sua profunda humildade; concede, em tua misericórdia, que imitemos a sua paciência no sofrimento e possamos participar também de sua ressurreição; mediante o mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém."
            DOMINGO DA PAIXÃO - Domingo a Noite - "Deus Todo-poderoso, o teu Filho querido não ascendeu à alegria sem que primeiro sofresse a dor, nem entrou na glória sem ser crucificado; concede-nos misericordioso que, andando nós no Caminho da Cruz, nele encontremos a vida e a paz. Mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém".
            SEGUNDA-FEIRA SANTA - "Onipotente Deus, cujo Filho muito amado não gozou perfeita alegria, senão após o sofrimento, e só subiu à glória depois de crucificado; concede-nos misericordioso que, seguindo o caminho da cruz, seja este para nós vereda de vida e paz; por Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
            TERÇA-FEIRA SANTA - "Ó Deus, que pela paixão de teu bendito Filho, fizeste com que o instrumento da morte vergonhosa se tornasse para nós símbolo de vida; concede que nos glorifiquemos na cruz de Cristo, a fim de que alegremente suportemos infâmias e privações, por amor de teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
            QUARTA-FEIRA SANTA - "           Ó Senhor Deus, cujo bendito Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, teve o seu corpo torturado e seu rosto cuspido; concede-nos a graça de enfrentar com esperança os sofrimentos deste tempo e de confiar na glória que há de ser revelada; por Jesus Cristo teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
            QUINTA-FEIRA SANTA - "            Ó Pai Onipotente, cujo amado Filho, na noite anterior à sua paixão, instituiu o Sacramento do seu Corpo e Sangue; concede-nos, misericordioso, que dele participemos agradecidos, em memória daquele que nestes santos mistérios nos dá o penhor da vida eterna, teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
            SEXTA-FEIRA SANTA- "Deus Onipotente, nós te suplicamos olhes com misericórdia para esta família que é tua, e pela qual nosso Senhor Jesus Cristo não hesitou em entregar-se, traído, às mãos de homens iníquos, e sofrer morte de cruz; o qual vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
            "Onipotente e Eterno Deus, que por teu Espírito governas e santificas todo o corpo da Igreja; recebe as súplicas e orações que por todos os seus membros te oferecemos, para que estes, na sua vocação e ministério, te sirvam com verdadeira piedade e devoção; mediante nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
            SÁBADO SANTO PELA MANHÃ - "Ó Deus, Criador do céu e da terra; concede que, assim como o corpo crucificado de teu amado Filho foi colocado no túmulo e descansou neste sábado santo, também sepultados com Ele aguardemos o terceiro dia e com Ele ressuscitemos para uma vida nova; o qual vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
            VIGÍLIA PASCAL - “Senhor Deus, Tu fizeste resplandecer esta noite com a glória da ressurreição de Cristo; faz com que a sua luz brilhe na tua Igreja para que sejamos renovados no corpo e na alma e nos entreguemos plenamente ao teu serviço. Amém.

III. Leituras do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
            Is 50.4-7. Isaías profetiza a dor e o sofrimento do Senhor. O sofrimento de Jesus só foi possível ser suportado por causa da ajuda de Deus. O Pai ajuda o filho a sofrer em nosso lugar.
            Sl 22. O Salmo 22 profetiza a dor da cruz. É o Salmo que Jesus citou na Cruz: "Meu pai porque me desamparaste". Profetiza detalhadamente a dor do Senhor para nos trazer a salvação.
            Fl 2.6-11. Paulo aos filipenses lembra a humildade do Senhor que sendo Deus não usurpou em ser igual a Deus, mas foi obediente até a morte e morte de cruz. Por isso o Senhor lhe deu um nome que está acima de todos os nomes. A morte do Senhor é fruto de sua obediência e amor.
            Lc 19.29-44. Este texto de Lucas é ligo no início do processional de Ramos. Relata a entrada triunfal do Senhor Jesus de Betfagé até Jerusalém. Jesus entra e é saudado como Rei dos Judeus. A ele as pessoas pedem "Hosana" que significa "Salva-nos".
            Lc 22.14-23, 53. O Evangelho lido é a instituição da Santa Ceia. Jesus agora fará a nova aliança no seu sangue. Inaugura com sua morte a nova dispensação. Vivemos hoje na dispensação da graça que nos acolhe e nos salva.

Conclusão:
            Esta semana é grande. É o coração da liturgia da Igreja. Preparamo-nos durante a Quaresma para chegar a esta semana com o coração aberto e refletir sobre a misericórdia e o amor do Senhor.
            Para estes dias serem completos necessitam de tempo, oração e silêncio.
            Faça diariamente seu Retiro espiritual e aproveite a Semana Santa para viver a espiritualidade da nossa salvação em Cristo.