O Domingo de Ramos é também chamado
de Domingo da Paixão do Senhor. Inicia o caminho para o sofrimento e a morte de
Senhor. Nossa igreja começa a se preparar para acompanhar o caminho do Senhor
até o Calvário. A Semana Santa é o
coração da Liturgia. É a celebração completa da Morte e Ressurreição do Senhor.
Algumas igrejas protestantes tem uma
programação especial para nos auxiliar a caminhar pelos passos de Jesus. Outras
preferem se voltar a festividades judaicas ou aproveitar o feriado para fazer
retiros de recreações e congraçamentos.
Eu, particularmente, prefiro
fazer da Semana Santa um retiro espiritual acompanhando a dor e o sofrimento do
Senhor através da liturgia da Igreja. Esta liturgia me levará até ao Domingo da
Ressurreição, a Páscoa do Senhor.
Ela tem início com o Domingo de
Ramos. Pela manhã lembramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e a tarde
a Paixão do Senhor.
Cada dia da semana tem um
significado próprio:
Segunda-feira santa: Jesus protesta contra
o comércio no templo em Jerusalém (Mateus 21.12-13 /Marcos 11.15-18). e depois ensina no templo em
Jerusalém (Mateus 21.28-23.29 / Marcos 12.1-44 / Lucas 20.9-21.4).
Na
Terça-feira santa: Jesus prediz a data de sua execução e debate com líderes
religiosos. Jesus é ungido em Betânia (Mateus 26.6-13 / Marcos 14.3-9 / João
12.2-11).
Na
Quarta-feira Santa: Judas é contratado para trair Jesus. Jesus chora, no Monte
das Oliveiras, a rejeição de Jerusalém e lamenta a destruição da cidade (Lucas
19.41-44).
Na quinta-feira santa tem início o
Tríduo Pascal: Quinta: Jesus celebra a Santa Ceia e vai ao Jardim do Getsêmani
para ser preso. Sexta-feira Santa: Jesus morre na cruz do calvário. No Sábado a
Noite (já é domingo pela liturgia): A Igreja Celebra a ressurreição do Senhor.
O Domingo é a Páscoa do Senhor. A
Igreja canta e conta a História da ressurreição e da aparição as mulheres e aos
apóstolos.
I. A História das
solenidades da Semana Santa.
As Solenidades da Semana Santa teve
início em Jerusalém. De lá vem o Domingo de Ramos e o Tríduo Pascal.
a) Domingo de Ramos
A feição característica do Domingo
de Ramos na Jerusalém do quarto século era a procissão de palmas iniciada no
Monte das Oliveiras na direção da cidade, de tarde. Essa cerimônia foi imitada
pelos fiéis da Espanha no quinto século, e da Gália, no sétimo. Desde os tempos primitivos começava em algum lugar
fora da igreja principal. No início da idade média, o centro da atenção era o
Livro do Evangelho, infelizmente depois foi substituído por relíquias e pela
adoração da hóstia.
Na Alemanha empregava-se um burrico
de madeira, sobre rodas, com a figura de Jesus montado em seu dorso, chamado Palmesel.
b) Quinta-Feira
Santa: Início do Tríduo Pascal.
A Quinta-feira Santa é o dia mais
complexo do calendário Cristão. Na Igreja Antiga, neste dia combinavam três
elementos importantes: a comemoração da última Ceia, a reconciliação dos
penitentes e os vários ritos preparatórios para o batismo do Sábado Santo,
especialmente a consagração dos óleos. Na época de Ambrósio (340-397 d.C.) praticava-se
o Lava-pés em Milão no Sábado Santo, contudo, esta celebração foi originalmente
realizada na Quinta-feira. A Igreja do II século celebrava a primeira Santa
Ceia da Semana Santa neste dia.
c) Sexta-feira da Paixão
As duas características mais
marcantes da liturgia da Sexta-feira Feira da Paixão no Ocidente era a
veneração da Cruz e a comunhão do sacramento reservado, também chamada de Missa
dos Pré-Santificados. Era costume, nos dias de semana, quando não havia
celebração da Missa, ter a comunhão nas casas a partir do sacramento reservado.
Não se sabe exatamente quando o costume passou das casas para as igrejas, mas a
mais antiga evidência documentada situa-se no começo do século sétimo em
Constantinopla.
d) Sábado Santo e
Vigília da Páscoa
A característica mais antiga do
Sábado Santo era o jejum total. Era um dia considerado a-liturgico por
excelência: nele não se celebrava a Santa Ceia nem nas Igrejas do oriente nem
nas Igrejas do Ocidente.
Neste dia dava-se início a uma
grande vigília que durava a noite inteira com cânticos, leituras e orações. Em
algumas igrejas eram celebradas reuniões de oração que começavam na parte da
tarde e ia até o outro dia.
Agostinho dizia que esta era a mãe
de todas as vigílias. 23 sermões de Agostinho que sobreviveram até aos nossos
dias, foram pregadas nas vigílias pascais.
Ao longo do tempo, a vigília do
Sábado Santo ganhou três propósitos: O batismo dos Catecúmenos, a iluminação e
bênção do Círio Pascal (a maior vela da Igreja) e a bênção do fogo novo.
A véspera da Páscoa já era
considerada tempo por excelência para o batismo nos dias de Tertuliano (160-220
d.C.), mas foi apenas no quarto século que o número de batizados de adultos
aumentou. Neste dia também se celebravam a bênção da Pia Batismal, onde as pias
eram consagradas.
II. As Orações da
Semana Santa.
O Livro protestante do século XVI
conservou importantes orações para a Semana Santa:
RAMOS
– Domingo pela manhã - "Onipotente
e Eterno Deus, de tal modo amaste o mundo, que enviaste teu Filho, nosso
Salvador Jesus Cristo, para tomar sobre si a nossa carne e sofrer morte na
cruz, dando ao gênero humano exemplo de sua profunda humildade; concede, em tua
misericórdia, que imitemos a sua paciência no sofrimento e possamos participar
também de sua ressurreição; mediante o mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que
vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém."
DOMINGO
DA PAIXÃO - Domingo a Noite - "Deus Todo-poderoso, o teu Filho querido não ascendeu
à alegria sem que primeiro sofresse a dor, nem entrou na glória sem ser
crucificado; concede-nos misericordioso que, andando nós no Caminho da Cruz,
nele encontremos a vida e a paz. Mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém".
SEGUNDA-FEIRA
SANTA - "Onipotente
Deus, cujo Filho muito amado não gozou perfeita alegria, senão após o
sofrimento, e só subiu à glória depois de crucificado; concede-nos
misericordioso que, seguindo o caminho da cruz, seja este para nós vereda de
vida e paz; por Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo
e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
TERÇA-FEIRA SANTA - "Ó Deus, que pela paixão de teu bendito Filho,
fizeste com que o instrumento da morte vergonhosa se tornasse para nós símbolo
de vida; concede que nos glorifiquemos na cruz de Cristo, a fim de que
alegremente suportemos infâmias e privações, por amor de teu Filho, nosso
Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só
Deus, agora e sempre. Amém".
QUARTA-FEIRA SANTA - " Ó
Senhor Deus, cujo bendito Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, teve o seu corpo
torturado e seu rosto cuspido; concede-nos a graça de enfrentar com esperança
os sofrimentos deste tempo e de confiar na glória que há de ser revelada; por
Jesus Cristo teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito
Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
QUINTA-FEIRA
SANTA - " Ó Pai Onipotente, cujo amado Filho,
na noite anterior à sua paixão, instituiu o Sacramento do seu Corpo e Sangue;
concede-nos, misericordioso, que dele participemos agradecidos, em memória
daquele que nestes santos mistérios nos dá o penhor da vida eterna, teu Filho
Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um
só Deus, agora e sempre. Amém".
SEXTA-FEIRA
SANTA- "Deus
Onipotente, nós te suplicamos olhes com misericórdia para esta família que é
tua, e pela qual nosso Senhor Jesus Cristo não hesitou em entregar-se, traído,
às mãos de homens iníquos, e sofrer morte de cruz; o qual vive e reina contigo
e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
"Onipotente e Eterno Deus, que
por teu Espírito governas e santificas todo o corpo da Igreja; recebe as
súplicas e orações que por todos os seus membros te oferecemos, para que estes,
na sua vocação e ministério, te sirvam com verdadeira piedade e devoção;
mediante nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o
Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém".
SÁBADO SANTO PELA MANHÃ -
"Ó Deus, Criador do céu e da terra; concede que, assim como o
corpo crucificado de teu amado Filho foi colocado no túmulo e descansou neste
sábado santo, também sepultados com Ele aguardemos o terceiro dia e com Ele
ressuscitemos para uma vida nova; o qual vive e reina contigo e com o Espírito
Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
VIGÍLIA
PASCAL - “Senhor
Deus, Tu fizeste resplandecer esta noite com a glória da ressurreição de
Cristo; faz com que a sua luz brilhe na tua Igreja para que sejamos renovados
no corpo e na alma e nos entreguemos plenamente ao teu serviço. Amém.
III. Leituras do Domingo de Ramos e da Paixão do
Senhor
Is 50.4-7. Isaías profetiza a dor e o sofrimento do Senhor. O sofrimento de Jesus
só foi possível ser suportado por causa da ajuda de Deus. O Pai ajuda o filho a
sofrer em nosso lugar.
Sl
22. O Salmo 22 profetiza a dor da cruz. É o Salmo que Jesus citou na Cruz:
"Meu pai porque me desamparaste". Profetiza detalhadamente a dor do
Senhor para nos trazer a salvação.
Fl
2.6-11. Paulo aos filipenses lembra a humildade do Senhor que sendo Deus não
usurpou em ser igual a Deus, mas foi obediente até a morte e morte de cruz. Por
isso o Senhor lhe deu um nome que está acima de todos os nomes. A morte do
Senhor é fruto de sua obediência e amor.
Lc
19.29-44. Este texto de Lucas é ligo no início do processional de Ramos. Relata
a entrada triunfal do Senhor Jesus de Betfagé até Jerusalém. Jesus entra e é
saudado como Rei dos Judeus. A ele as pessoas pedem "Hosana" que
significa "Salva-nos".
Lc
22.14-23, 53. O Evangelho lido é a instituição
da Santa Ceia.
Jesus agora fará a nova aliança no seu sangue. Inaugura com sua morte a nova
dispensação. Vivemos hoje na dispensação da graça que nos acolhe e nos salva.
Conclusão:
Esta
semana é grande. É o coração da liturgia da Igreja. Preparamo-nos
durante a Quaresma para chegar a esta semana com o coração aberto e refletir
sobre a misericórdia e o amor do Senhor.
Para
estes dias serem completos necessitam de
tempo, oração e silêncio.
Faça
diariamente seu Retiro espiritual e aproveite a Semana Santa para viver a
espiritualidade da nossa salvação em Cristo.