quarta-feira, 13 de março de 2013


5º Domingo da Quaresma – ANO C
O Acolhimento e Perdão do Senhor
Rev. Edson Cortasio Sardinha

 

Estamos entrando na última Semana da Quaresma. Na próxima semana estaremos iniciando a Semana Santa com o Domingo de Ramos.
O Quinto Domingo da Quaresma do Ano C sempre irá falar do Deus que ama e cujo amor nos desafia a ultrapassar as nossas escravidões para chegar à vida nova, à ressurreição.
O Evangelho diz-nos que, na perspectiva de Deus, não são o castigo e a intolerância que resolvem o problema do mal e do pecado; só o amor e a misericórdia geram ativamente vida e fazem nascer o homem novo. É esta lógica – a lógica de Deus – que somos convidados a assumir na nossa relação com os irmãos e irmãs.

Leituras do 5º Domingo da Quaresma – Ano C

A primeira leitura é Isaías 43.16-21. Apresenta-nos o Deus libertador, que acompanha com solicitude e amor a caminhada do seu Povo para a liberdade. Esse “caminho” é o paradigma dessa outra libertação que Deus nos convida a fazer neste tempo de Quaresma e que nos levará à Terra Prometida onde corre a vida nova.
Deus faz coisas novas. Ele diz: 18 - Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Somos convidados a perceber a novidade de Deus. Deus colocará águas no deserto e trará alegria ao povo. Esta alegria é a salvação em Cristo efetuada em sua morte e ressurreição.

O Cântico responsorial é o Salmo 126. Este salmo fala de restauração. Celebra a restauração realizada no passado e solicita nova restauração para o presente. É uma afirmação de fé de que aquele que semeia com  choro, colherá com alegria.
Jesus semeou vida na cruz do calvário e colheu vitória em sua ressurreição. A quaresma é o tempo que nos prepara para este caminho de transformação espiritual e restauração.

A Segunda leitura é Filipenses 3.8-14. É um desafio a libertar-nos do “lixo” que impede a descoberta do fundamental: a comunhão com Cristo, a identificação com Cristo, princípio da nossa ressurreição. Paulo considerava tudo como perda por causa de sua intimidade com Cristo. O desejo de Paulo é (10) “conhecer o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; (11)   para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos”. Paulo avança para Cristo e nos convida nesta quaresma a avançar para a vida em santidade.

O Evangelho é João 8.1-11. Jesus perdoa uma mulher pega em adultério e diz: Vá e não peques mais. O Senhor ministra a restauração da santidade em sua vida.
O Site dos Dehoinianos da Província portuguesa tem uma excelente reflexão sobre o Evangelho deste 5º Domingo da Quaresma:
“...os esquemas de Deus são diferentes dos esquemas da Lei, Jesus fica em silêncio durante uns momentos e escreve no chão, como se pretendesse dar tempo aos participantes da cena para perceber aquilo que estava em causa. Finalmente, convida os acusadores a tomar consciência de que o pecado é uma consequência dos nossos limites e fragilidades e que Deus entende isso: “quem de vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra”. E continua a escrever no chão, à espera que os acusadores da mulher interiorizem a lógica de Deus – a lógica da tolerância e da compreensão. Quando os escribas e fariseus se retiram, Jesus nem sequer pergunta à mulher se ela está ou não arrependida: convida-a, apenas, a seguir um caminho novo, de liberdade e de paz (“vai e não tornes a pecar”). A lógica de Deus não é uma lógica de morte, mas uma lógica de vida; a proposta que Deus faz aos homens através de Jesus não passa pela eliminação dos que erram, mas por um convite à vida nova, à conversão, à transformação, à libertação de tudo o que oprime e escraviza; e destruir ou matar em nome de Deus ou em nome de uma qualquer moral é uma ofensa inqualificável a esse Deus da vida e do amor, que apenas quer a realização plena do homem. O episódio põe em relevo, por outro lado, a intransigência e a hipocrisia do homem, sempre disposto a julgar e a condenar… os outros. Jesus denuncia, aqui, a lógica daqueles que se sentem perfeitos e autossuficientes, sem reconhecerem que estamos todos a caminho e que, enquanto caminhamos, somos imperfeitos e limitados. É preciso reconhecer, com humildade e simplicidade, que necessitamos todos da ajuda do amor e da misericórdia de Deus para chegar à vida plena do Homem Novo. A única atitude que faz sentido, neste esquema, é assumir para com os nossos irmãos a tolerância e a misericórdia que Deus tem para com todos os homens. Na atitude de Jesus, torna-se particularmente evidente a misericórdia de Deus para com todos aqueles que a teologia oficial considerava marginais. Os Pecadores públicos, os proscritos, os transgressores notórios da Lei e da moral encontram em Jesus um sinal do Deus que os ama e que lhes diz: “Eu não te condeno”. Sem excluir ninguém, Jesus promoveu os desclassificados, deu-lhes dignidade, tornou-os pessoas, libertou-os apontou-lhes o caminho da vida nova, da vida plena. A dinâmica de Deus é uma dinâmica de misericórdia, pois só o amor transforma e permite a superação dos limites humanos. É essa a realidade do Reino de Deus”.

Conclusão:
            Quaresma é um tempo de renovo e restauração. É uma campanha de oração e preparação para a Santa Páscoa do Senhor. Que esta última Semana da Quaresma possa nos ajudar a viver plenamente a realidade da Paixão e ressurreição do Senhor.