5º Domingo da Quaresma – ANO C
O Acolhimento e Perdão do Senhor
Rev. Edson
Cortasio Sardinha
Estamos entrando na última Semana da Quaresma. Na próxima
semana estaremos iniciando a Semana Santa com o Domingo de Ramos.
O Quinto Domingo da Quaresma do Ano C sempre irá falar do
Deus que ama e cujo amor nos desafia a ultrapassar as nossas escravidões para
chegar à vida nova, à ressurreição.
O Evangelho diz-nos que, na perspectiva de Deus, não são o
castigo e a intolerância que resolvem o problema do mal e do pecado; só o amor
e a misericórdia geram ativamente vida e fazem nascer o homem novo. É esta
lógica – a lógica de Deus – que somos convidados a assumir na nossa relação com
os irmãos e irmãs.
Leituras do 5º Domingo da Quaresma –
Ano C
A primeira
leitura é Isaías 43.16-21. Apresenta-nos
o Deus libertador, que acompanha com solicitude e amor a caminhada do seu Povo
para a liberdade. Esse “caminho” é o paradigma dessa outra libertação que Deus
nos convida a fazer neste tempo de Quaresma e que nos levará à Terra Prometida
onde corre a vida nova.
Deus faz coisas novas. Ele diz: 18 - Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Somos
convidados a perceber a novidade de Deus. Deus colocará águas no deserto e trará
alegria ao povo. Esta alegria é a salvação em Cristo efetuada em sua morte e
ressurreição.
O Cântico
responsorial é o Salmo 126. Este
salmo fala de restauração. Celebra a restauração realizada no passado e
solicita nova restauração para o presente. É uma afirmação de fé de que aquele
que semeia com choro, colherá com
alegria.
Jesus semeou vida na cruz do calvário e colheu vitória em
sua ressurreição. A quaresma é o tempo que nos prepara para este caminho de
transformação espiritual e restauração.
A Segunda
leitura é Filipenses 3.8-14.
É um desafio a libertar-nos do “lixo” que impede a descoberta do fundamental: a
comunhão com Cristo, a identificação com Cristo, princípio da nossa
ressurreição. Paulo considerava tudo como perda por causa de sua intimidade com
Cristo. O desejo de Paulo é (10) “conhecer o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos
seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; (11)
para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos”. Paulo avança
para Cristo e nos convida nesta quaresma a avançar para a vida em santidade.
O
Evangelho é João 8.1-11. Jesus
perdoa uma mulher pega em adultério e diz: Vá e não peques mais. O Senhor
ministra a restauração da santidade em sua vida.
O Site dos Dehoinianos da Província portuguesa tem uma
excelente reflexão sobre o Evangelho deste 5º Domingo da Quaresma:
“...os esquemas de Deus são diferentes dos esquemas da Lei,
Jesus fica em silêncio durante uns momentos e escreve no chão, como se
pretendesse dar tempo aos participantes da cena para perceber aquilo que estava
em causa. Finalmente, convida os acusadores a tomar consciência de que o pecado
é uma consequência dos nossos limites e fragilidades e que Deus entende isso:
“quem de vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra”. E continua a escrever
no chão, à espera que os acusadores da mulher interiorizem a lógica de Deus – a
lógica da tolerância e da compreensão. Quando os escribas e fariseus se
retiram, Jesus nem sequer pergunta à mulher se ela está ou não arrependida:
convida-a, apenas, a seguir um caminho novo, de liberdade e de paz (“vai e não
tornes a pecar”). A lógica de Deus não é uma lógica de morte, mas uma lógica de
vida; a proposta que Deus faz aos homens através de Jesus não passa pela
eliminação dos que erram, mas por um convite à vida nova, à conversão, à
transformação, à libertação de tudo o que oprime e escraviza; e destruir ou
matar em nome de Deus ou em nome de uma qualquer moral é uma ofensa
inqualificável a esse Deus da vida e do amor, que apenas quer a realização
plena do homem. O episódio põe em relevo, por outro lado, a intransigência e a
hipocrisia do homem, sempre disposto a julgar e a condenar… os outros. Jesus
denuncia, aqui, a lógica daqueles que se sentem perfeitos e autossuficientes,
sem reconhecerem que estamos todos a caminho e que, enquanto caminhamos, somos
imperfeitos e limitados. É preciso reconhecer, com humildade e simplicidade,
que necessitamos todos da ajuda do amor e da misericórdia de Deus para chegar à
vida plena do Homem Novo. A única atitude que faz sentido, neste esquema, é
assumir para com os nossos irmãos a tolerância e a misericórdia que Deus tem
para com todos os homens. Na atitude de Jesus, torna-se particularmente
evidente a misericórdia de Deus para com todos aqueles que a teologia oficial
considerava marginais. Os Pecadores públicos, os proscritos, os transgressores
notórios da Lei e da moral encontram em Jesus um sinal do Deus que os ama e que
lhes diz: “Eu não te condeno”. Sem excluir ninguém, Jesus promoveu os
desclassificados, deu-lhes dignidade, tornou-os pessoas, libertou-os apontou-lhes
o caminho da vida nova, da vida plena. A dinâmica de Deus é uma dinâmica de
misericórdia, pois só o amor transforma e permite a superação dos limites
humanos. É essa a realidade do Reino de Deus”.
Conclusão:
Quaresma é
um tempo de renovo e restauração. É uma campanha de oração e preparação para a
Santa Páscoa do Senhor. Que esta última Semana da Quaresma possa nos ajudar a
viver plenamente a realidade da Paixão e ressurreição do Senhor.