quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


3º Domingo da Quaresma
A Espiritualidade do Arrependimento
Rev. Edson Cortasio Sardinha


A Quaresma é uma caminhada espiritual. Uma oportunidade para toda a Igreja fazer um Retiro de Silêncio, oração, santidade e Jejum. No 3º Domingo da Quaresma do ano C, o tema é o Arrependimento.
A conversão só é possível mediante o sincero arrependimento.
A espiritualidade deste domingo nos revela que a Quaresma é uma caminhada possível pelo caminho do arrependimento e contrição.
O Livro de Oração Comum nos ensina a orar dizendo:
“Ó Deus, que sabes quão frágeis somos, guarda-nos a nós, teus servos, defendendo exteriormente nossos corpos de toda a adversidade e purificando interiormente nossas almas de todo mau pensamento; por Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém”.

Leituras do III Domingo da Quaresma:

A primeira leitura é Ex 3.1-8, 13-15.
Este texto fala do encontro de Moisés com Deus no Monte Horebe. Deus aparece num fogo e para falar com Moisés exige santidade: (5) “Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa”. Deus lembra Moisés da Aliança e diz ter visto a aflição do povo Hebreu no Egito. Deus convoca-o para ser o libertador. Moisés inicia seu trabalho de renuncia ao chamado de Deus. Mas o Senhor diz: “Eu serei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei: depois de haveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus neste monte”. Deus se apresenta como o grande EU SOU. O Deus eterno.
Deus nos chama para uma grande missão. Esta grande missão tem início com o arrependimento e o reconhecimento da santidade de Deus.

O Cântico Responsorial é o Sl 103.
O Salmista inicia bendizendo ao Senhor. O Senhor é apresentado como aquele que “perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades”.(3). A ação de Deus é fazer justiça ao oprimido. Ele (7) “Manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel”. O tema é a misericórdia do Senhor (8). “Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça, sobre os filhos dos filhos” (17). O Salmo termina convidado a congregação a louvar o Senhor.
O Deus rico em misericórdia espera o nosso arrependimento para restaurar nossas feridas e perdoar nossas iniquidades.

A segunda leitura é I Co 10.1-12.
Paulo relata a experiência do povo de Deus no deserto na época de Moisés. O povo teve grande experiência com Deus, (5) “Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto”. Paulo diz que “(6)   ...estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”. Paulo fala do pecado da idolatria, imoralidade, tentar a Deus e a murmuração. Paulo diz que (11) “ Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado”. Por isso “(12) Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia”.
O único caminho para permanecer em pé é o caminho do arrependimento.

O Evangelho proclamado é Lc 13.1-9.
Alguns homens chegam para Jesus e falam a respeito dos galileus que foram mortos por Pilatos quando ofereciam sacrifícios a Deus. Jesus interrompe dizendo: (2) “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas?” Jesus afirma que todos necessitam de arrependimento. O Senhor fala sobre os dezoito homens que morreram no desabamento de uma Torre em Siloé e afirma: eles não eram mais pecadores. Todos necessitam de arrependimento para não sofrer de igual maneira.
No final o Senhor pronuncia uma parábola sobre a situação de uma figueira que não produzia frutos. O cuidador pede mais tempo para trata-la e se não corresponder ao tratamento, permitirá que a mesma seja arrancada. O Deus misericordioso, em Cristo, trabalha para restaurar nossas vidas. A ação de Deus aguarda nossa resposta através dos frutos do arrependimento.

Conclusão:
Quaresma é um convite a renovação espiritual e ao arrependimento: Esta é a reflexão do religioso Roberto Nentwig: “Estamos no tempo da Quaresma, tempo de cultivar o dom da conversão. Trata-se de um processo que percorre toda a nossa vida. Seguimos a existência procurando nos configurar cada vez mais a Cristo, para sermos como Ele, tendo os seus sentimentos e atitudes, até que tenhamos a estatura do homem perfeito, como nos diz São Paulo em sua carta aos Efésios. Deus na sua bondade é paciente em aguardar a nossa conversão. Poderia nos arrancar e queimar, mas não é o deus da punição, e sim o Deus amor. Mesmo que mereçamos tal sorte, Ele nos diz; “Vou dar mais uma oportunidade; virei em outra ocasião para colher os frutos”. Temos neste tempo mais uma oportunidade. Que frutos o Senhor encontrará?”       (catequeseebiblia.blogspot.com.br).




Segundo Domingo da Quaresma: A Oração que Transfigura
Rev. Edson Cortasio Sardinha


            No dia 14 de julho de 2012 estava com a família na Terra Santa, na Galiléia, na cidade de Tiberíades. Era um Sábado, dia santo dos Judeus. A cidade estava totalmente parada. Marisa, minha esposa, estava completando seus 43 anos de vida. Pela manhã tivemos a alegria de visitar o Monte Tabor. Pela tradição este monte foi o local da transfiguração. Ali foi construída uma bela igreja e várias capelas para adoração ao Senhor Jesus. É uma montanha linda a 660 km acima do nível do mar. Este local aponta para o mistério do segundo Domingo da Quaresma: A Transfiguração do Senhor.
            No primeiro domingo meditamos sobre a tentação que o Senhor sofreu no deserto. Agora estaremos meditando sobre a  experiência no Monte.
            "Depois da experiência no deserto, temos a experiência na Montanha" (Alberto Beckhãuser).

I. A Oração do II Domingo da Quaresma
            Para este dia o Livro de Oração Comum  nos ensina a clamar a Deus dizendo: "Ó Deus, cuja glória é sempre ser misericordioso, sê benigno para com todos os que se afastaram dos teus caminhos, conduze-os de novo a ti, com corações arrependidos e viva fé, para que se firmem na verdade imutável da tua Palavra, Jesus Cristo, teu Filho, que, contigo e com o Espírito Santo, vive e reina, um só Deus, agora e sempre. Amém".

II. As Leituras do II Domingo da Quaresma
            As leituras do Lecionário Comum nos convida a vida de oração que Transfigura: Gn 15.5-12,17-18 / Sl 27 / Fl 3.17-4.1 / Lc 9.28-36.
            Na primeira Leitura (Gn 15.5-12,17-18 ) Deus promete a Abraão descendência numerosa como as estrela.  Abraão creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça.
            Para certificar Abraão do cumprimento da promessa, Deus exige sacrifício. Abraão prepara o sacrifício, Deus aceita com fogo e faz a aliança dizendo: "À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates".
            É na oração que Abraão tem sua grande experiência com Deus. No Monte da oração Deus faz Aliança com Abraão e promete prosperidade para sua descendência.
            O Cântico responsorial é o Salmo 27. O salmista inicia afirmando a confiança em Deus que afasta o medo (1-5). Fala de seu amor pela casa de Deus. Dos Tabernáculos de Deus vem a alegria e proteção (4-6). O Salmista pede socorro a Deus e livramento (7-12).Termina afirmando sua fé e esperança no Senhor (13-14).
            É na oração que o Salmista tem força para afirmar sua fé e confiança. A casa de Deus é lugar de Oração que trás força e coragem para enfrentar a vida.
            A segunda leitura é Filipenses 3.17 - 4.1. Paulo fala dos inimigos da Cruz de Cristo. São os falsos cristãos que se preocupam apenas com as coisas terrenas. O verdadeiro cristão tem seu tesouro no céu. Paulo orienta a Igreja fixar no Senhor e aguardar sua volta em glória. A igreja agora precisa permanecer "deste modo, firme no Senhor".
            É na Oração que encontramos forças para permanecer firmes no Senhor.
            O Evangelho aclamado é Lucas 9.28-36.  O Evangelho fala da experiência do Senhor no Monte. O Senhor sobe ao monte com o propósito de orar. Para a oração ele leva Pedro, João e Tiago. Na experiência da oração seu rosto "se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura". Apareceram Moisés e Elias que "falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém".   Pedro, diante da glória do Monte diz: "Mestre, bom é estarmos aqui; então, façamos três tendas: uma será tua, outra, de Moisés, e outra, de Elias". A grande experiência termina com a voz do Pai que diz: "Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi".
            Com a Oração o Senhor é transfigurado. Subiu ao monte para orar e teve a experiência para preparar seus discípulos para a Semana Santa e a Páscoa (Morte e ressurreição).

Conclusão:
            Na Oração somos Transfigurados. Como escreveu o Frei Alberto Beckhãuser: "Somos convidados a sempre de novo mergulhar em Deus. Sentar-nos no alto do Tabor e ouvi a voz do Pai: Tu és meu Filho muito amado, tu és minha filha muito amada. Assim fortalecidos por momentos de Tabor, podemos descer à planície e acompanhar Jesus até o Monte do Calvário, onde a própria morte será transfigurada".








segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Retiro da Quaresma 2013


Retiro da Quaresma 2013
ASSEB


QUARTA-FEIRA DE CINZAS - 13 de fevereiro.
Oração
Onipotente e Eterno Deus, que amas tudo quanto criaste, e que perdoas a todos os penitentes; cria em nós corações novos e contritos, para que, lamentando deveras os nossos pecados e confessando a nossa miséria, alcancemos de ti, Deus de suma piedade, perfeita remissão e perdão; por nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Hino de contrição
Leituras e Reflexão:
Salmo Is 58:1-12
Antífona: Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. (Sl 51.1)
 Leituras:
Anos A,B,C: Jl 2:1-2, 12-17, Is 58:1-12; 2 Co 5:20b-6.10; Mt 6:1-6, 16-21.
Oração:
Meditação sobre a Quaresma de Jesus.
Hinos: 28 e 31.
Pai Nosso:
Oração Final
Bênção Apostólica.
PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA - 15 de fevereiro
Tema:  Conversão

Oração:
Hino que fale de conversão:
Leituras e Reflexão:
Isaías  55.7   Conversão ao Deus que é rico em perdoar.
Jeremias 26, 3; 36.7   Deus aguarda a nossa conversão.
Ezequiel  33.11   Deus insiste na nossa conversão:
Mateus 13.15   Coração duro contra a ação de Deus.
Tiago 4.9   O arrependimento e a dor da Conversão .

Oração:
Meditação sobre a Quaresma de Jesus.
Hinos: 28 e 31.
Pai Nosso:
Oração Final
Bênção Apostólica.

SEGUNDA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA - 22 de fevereiro
Tema:  Perdão

Oração:
Hino que fale de Perdão:
Leituras e Reflexão:
Salmos: 130.4   - O perdão está com Deus.
Daniel: 9.9   - A misericórdia e o perdão pertencem a Deus.
I João 1.9 - O perdão exige confissão.
Mateus 6.14, 15 - Para alcançar o perdão precisamos perdoar.
Colossenses 3.13 - Precisamos viver na dimensão do perdão.

Oração:
Meditação sobre a Quaresma de Jesus.
Hinos: 28 e 31.
Pai Nosso:
Oração Final
Bênção Apostólica.


TERCEIRA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA - 1 de março
Tema:  Jejum

Oração:
Hino que fale de Consagração e Jejum:
Leituras e Reflexão:
Jonas 3.5-10 - A conversão dos Ninivitas foi acompanhada pelo Jejum.
Mateus 6.16-18 - Nosso Jejum precisa ser no sigilo do coração.
Mateus 17.21 - O Jejum acompanha a Oração diante das dificuldades da vida.
II Coríntios 6.5 - Paulo viveu uma vida de Jejum
Esdras 8.21 - O Jejum é um aliado para a caminhada e os desafios da vida.

Oração:
Meditação sobre a Quaresma de Jesus.
Hinos: 28 e 31.
Pai Nosso:
Oração Final
Bênção Apostólica.

QUARTA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA - 8 de março
Tema: Oração

Oração:
Hino que fale de Oração:
Leituras e Reflexão:
Salmo 66.18 - O pecado prejudica a vida de oração.
Mateus 21.22 - A oração precisa vir acompanhada da fé.
Lucas 18.1-8 - A Oração precisa ser acompanhada pela perseverança.
Efésios 6.18 - Precisamos ter uma vida de oração.
Mateus 6.9-13 - O Modelo de Oração.  

Oração:
Meditação sobre a Quaresma de Jesus.
Hinos: 28 e 31.
Pai Nosso:
Oração Final
Bênção Apostólica.


QUINTA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA - 15 de março
Tema: Caridade

Oração:
Hino que fale sobre o Amor ao Próximo:
Leituras e Reflexão:
Isaías 58.4-8 - caridade: O Jejum que agrada a Deus;
Salmo 82.3,4 - A vontade de Deus é que cuidemos do desamparado.
Mateus 5. 14-16 - As Boas Obras precisam ser uma marca do cristão.
Gálatas 6.10 - Precisamos aproveitar o tempo para fazer o bem;
Mateus 6.2-4 - Como dar esmolas?

Oração:
Meditação sobre a Quaresma de Jesus.
Hinos: 28 e 31.
Pai Nosso:
Oração Final
Bênção Apostólica.


SEXTA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA - 22 de março
Tema: O Sofrimento e Morte do Senhor Jesus

Oração:
Hino que fale sobre o sofrimento do Senhor:
Leituras e Reflexão:
Isaías 53 - O sofrimento pelos nossos pecados.
Lucas 2.34-35 - O sofrimento profetizado a Maria.
I Pedro 3.18 - Jesus sofreu e morreu para nos conduzir a Deus;.
II Coríntios 5.15 - Jesus morreu para que vivamos para Ele.
Romanos 14.9 - Jesus morreu para ser o nosso Senhor.

Oração:
Meditação sobre a Quaresma de Jesus.
Hinos: 28 e 31.
Pai Nosso:
Oração Final
Bênção Apostólica.

Livros recomendados para Quaresma:



É Tempo de Quaresma – Editora Sinodal. Este livro-presente reflete o significado da Quaresma na vida das pessoas cristãs e apresenta propostas de exercícios quaresmais. 

Celebrar Páscoa em Família e Comunidade. Organização: Alfredo Jorge Hagsma, Vera Regina Waskow. Editora Sinodal.

Ele escolheu Você. Max Lucado. CPAD.

Ciclo da Páscoa (O) . Celebrando a redenção do Senhor Bruno Carneiro Lira (Org.) Editora Paulinas.

Convertei-vos e crede no evangelho. Meditações para o tempo da Quaresma e Tríduo Pascal - Valter Maurício Goedert  Editora Paulinas.

Páscoa (A) - Uma passagem para aquilo que não passa. Raniero Cantalamessa  Editora Paulinas.

Preparando a Páscoa - Quaresma, Tríduo Pascal, Tempo Pascal. Ione Buyst  Editora Paulinas.

Caminho Pascal da Quaresma (O) .  José Humberto Motta  Editora Paulinas


Quaresma: O Caminho espiritual para a Páscoa
Rev. Edson Cortasio Sardinha
 

Introdução:
Na Quarta-feira de Cinzas iniciamos o período da Quaresma. Estamos entrando no Ciclo Pascal. Para entendermos a quaresma precisamos olhar para a conversão dos Ninivitas.
Jonas foi forçado por Deus a ir a Nínive pregar a palavra profética. Deus disse: “Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que eu te digo”. Jonas percorreria a cidade em três dias. Jonas começou a percorre-la e dizia: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”. Sua mensagem foi clara: Deus destruirá Nínive em quarenta dias. Resta apenas uma Quaresma para o povo de Nínive.
Os Ninivitas teriam apenas uma quaresma de vida. Eles creram em Deus, e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor. O Rei de Ninive ficou sabendo da mensagem de Jonas. Foi tão impactado que se levantou do seu trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco, assentou-se sobre cinza e proclamou um jejum para todos os habitantes e animais de Nínive.
Mandou que todos fossem cobertos de pano de saco, clamassem fortemente a Deus e se convertessem de seus pecados. O rei esperava a misericórdia de Deus. Disse o rei: “Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?”
Deus se agradou do arrependimento e dos sinais da conversão. “Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez”. (Jn 3.1-10).
Jejum, pano de saco, cinzas, orações, clamor e conversão marcaram o arrependimento dos Ninivitas. Foi uma quaresma perfeita que os livrou da destruição eminente.



I. O simbolismo do número quarenta na Bíblia.
O número 40 (quarenta) indica um tempo necessário de preparação para algo novo que vai chegar. Observe a presença do número quarenta na Bíblia:
40 dias e quarenta noites do dilúvio (Gn 7.4-12).
40 dias e 40 noites passa Moisés no Monte (Ex 24.18; 34.26; Dt 9.9-11; 10.10);
40 anos foi o tempo da peregrinação pelo deserto (Nm 14.33; 32.13; Dt 8.2; 29.4, etc.).
40 dias de caminhada de Elias até o monte do Senhor (I Rs 19.8).
O Senhor Jesus jejuou 40 dias antes de começar o seu ministério (Mt 4,2; Mc 1,12; Lc 4,2);
A Ascensão de Jesus acontece 40 dias depois da Ressurreição (At 1,3).

II. A Quaresma como caminho para a Páscoa.
A quaresma é mencionada pela primeira vez no Concílio de Nicéia (325 d.C.).  Foi criada a partir de duas práticas da Igreja Primitiva: O longo jejum anterior à Páscoa (pratica judaica) e o período de preparação para o batismo.
Desde o II século o candidato ao batismo esperava três anos para ser batizado. O batismo ocorria uma vez ao ano, no dia da Páscoa. Na Sexta feira ele ia à igreja e colocava as roupas de neófitos. Ali ficava em jejum até o Domingo da ressurreição onde era batizado nu, em geral por derramamento.
O número quarenta foi determinado pela duração do jejum do Senhor Jesus no deserto. Para alguns líderes da igreja do passado, a quaresma terminava na Quinta-feira Santa e a contagem de 40 dias não contemplava os sábados e domingos.
A quaresma passou ser um caminho de oração, jejum e arrependimento como preparação para a devida celebração da Paixão e Ressurreição do Senhor.


III. A Quarta-feira de Cinzas
No século VII d.C. foram acrescentados quatro dias antes do primeiro domingo da Quaresma estabelecendo os quarenta dias de jejum, para imitar o jejum de Cristo no deserto. Assim a quaresma começava na quarta-feira de cinzas.
Era prática comum em Roma que os penitentes (arrependidos de seus pecados) começassem sua penitência pública no primeiro dia de Quaresma. Eles eram salpicados de cinzas, vestidos com sacos e obrigados a manter-se longe até que se reconciliassem com a Igreja na Quinta-feira Santa ou a Quinta-feira antes da Páscoa.
Quando estas práticas caíram em desuso (do século VIII ao X) o início do Tempo da Quaresma foi simbolizada colocando cinzas nas cabeças de toda a congregação.
Hoje em dia na Igreja católica, na Quarta-feira de Cinzas, o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas usadas no Domingo de Ramos do ano anterior.
Esta tradição católica ficou como um simples serviço em algumas Igrejas protestantes como a anglicana e a luterana. A Igreja Ortodoxa começa a quaresma desde a segunda-feira anterior e não celebra a Quarta-feira de Cinzas.
Para nós a quarta-feira de cinzas é o início da preparação para a Semana Santa e para a Páscoa.
As leituras da Quarta-feira de cinzas para os anos A,B e C são as mesmas: Jl 2:1-2, 12-17 ou Is 58:1-12; Sl 51:1-17; 2 Co 5:20b-6.10; Mt 6:1-6, 16-21.


IV. O Livro de Oração Comum, a Quarta-feira de Cinzas e o Primeiro Domingo da Quaresma
            Na coleta de Quarta-feira de cinzas a oração do Livro de Oração comum diz:
“Onipotente e Eterno Deus, que amas tudo quanto criaste, e que perdoas a todos os penitentes; cria em nós corações novos e contritos, para que, lamentando deveras os nossos pecados e confessando a nossa miséria, alcancemos de ti, Deus de suma piedade, perfeita remissão e perdão; por nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

            A oração do Primeiro Domingo da Quaresma nos leva a refletir sobre a tentação do Senhor:
"Onipotente Deus, cujo bendito Filho foi conduzido pelo Espírito para ser tentado pelo demônio, apressa-te em socorrer a nós, que somos assaltados por muitas tentações, nós te rogamos. E, assim como conheces as fraquezas de cada um de nós, permite que cada qual encontre em ti o poder de salvação. Por Jesus Cristo teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
V. A Quaresma na Igreja Metodista.
O Colégio Episcopal na Carta Pastoral sobre o Culto na Igreja Metodista dá a seguinte orientação sobre a Quaresma:
“A Quaresma: Da Quarta-feira de cinzas ao Domingo de Ramos, este período enfatiza a importância da contrição, do preparo e da conversão. Inicia-se no 40° dia antes da Páscoa, sem contar os domingos. O início, na Quarta-feira de cinzas, retorna à tradição bíblica do arrependimento com cinzas e vestes de saco (Jn 3.5-6). É um momento oportuno para refletir sobre a confissão e o valor do perdão de Deus. Sua espiritualidade enfatiza momentos de preparo na história bíblica geral e da vida de Jesus: • Quarenta dias de Jesus no deserto (Mt 4.2; Lc 4.1ss) • Quarenta anos do povo no deserto (Ex 16.35) • Elias em direção ao Horeb (1Rs 19.8).
Cores da Quaresma: roxo ou lilás. Essas cores enfatizam a preparação, a expectativa, a saudade, a contrição e o arrependimento. (...)
Símbolos da Quaresma: • Cinzas, referindo-se ao arrependimento; • Ramos, lembrando a entrada triunfal; • Coroa de espinhos e os cravos, rememorando o sofrimento de Cristo”. (Carta Pastoral sobre o Culto na Igreja Metodista).

VI. A Quaresma no calendário Cristão.
Com a Quaresma tem início o Tempo Pascal. Estramos na celebração dos quatro períodos litúrgicos: Quaresma, Semana Santa, Páscoa e Pentecostes.
A Quaresma abre as portas para este período de vivencia do sacrifício, morte e ressurreição do Senhor. O Centro do calendário Cristão é a Páscoa e a quaresma é a preparação para este momento de oração e contrição.

VII. As Leituras do Primeiro Domingo da Quaresma
            A primeira leitura é Dt 26.4-10. Este texto fala do ritual de lembrança da Libertação do Senhor antes da oferta das primícias.  O povo lembrará que vivia em sofrimento e escravidão e que Deus o libertou com poderosa mão do Egito. Depois desta lembrança o povo adorará o Senhor com as primícias. Deus deve ser lembrado como o libertador. 
            O Salmo cantado é o 91.1-15. É o Salmo que apresenta o Senhor como o Libertador. Ele é o  esconderijo, o refúgio e o baluarte de confiança. O Salmo fala do livramento que vem do Senhor e aponta para o Messias que seria sustentado pelos anjos. Nesta relação de confiança o homem de Deus “invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei (15).
            A Epístola é Rm 10.8-13. A grande libertação está na Salvação que vem pelo nome do Senhor. A salvação está no nome do Senhor mediante seu sofrimento e ressurreição. Quem invocar o seu nome será salvo. Por isso que (9)   Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
            O Evangelho é Lc 4.1-13. Lucas apresenta Jesus, cheio do Espírito Santo, voltando do Jordão e sendo guiado pelo Espírito ao deserto. Diante da tentação, Jesus é livre de toda cilada mediante a instrumentalidade da Palavra de Deus. A libertação está na Palavra. Este Evangelho fala da Quaresma de Jesus. Quarenta dias sem comer e sendo tentado pelo diabo. O diabo tenta hostilizar Jesus no alimento, na vã glória e na vã adoração. Em todo tempo Jesus caminha por sua quaresma dizendo “Está Escrito”. O Senhor vence a tentação, baseado unicamente na Palavra de Deus. A Palavra nos liberta.
            O tema do primeiro Domingo da Quaresma é a libertação que vem de Jesus. Passamos por aflições, sofrimentos e tentações, mas em Cristo alcançamos a libertação. Se Jesus nos libertar verdadeiramente seremos livres.  
 VIII. Como viver o período Quaresmal?
Os domingos: Os domingos da Quaresma são ricos. Os Evangelhos e os textos Bíblicos convidam para o arrependimento e nos preparam para o sacrifício do Senhor.
Lecionário: Leia as leituras Bíblicas de cada domingo que são apresentadas no final do Boletim, segundo o Lecionário Comum.
Jejum: Faça jejum uma vez por semana, de preferência na sexta-feira lembrando-se da morte do Senhor. Caso tenha dúvidas, por motivo de saúde, pergunte ao seu médico sobre a duração do jejum e o que não poderá se abster nestas horas.
Abstinência: Faça abstinência em oração e consagração de alguma coisa importante para você. (televisão, carne, refrigerante, etc.).
Oração: Coloque diante de Deus diariamente sua vida e família e clame por conversão e unção de Deus para que possamos viver verdadeiramente a justiça e a paz de Cristo no mundo.
Leituras de Espiritualidade: Procure leituras próprias para este período. Livros que falem sobre oração, jejum, conversão, perdão, etc.
Caridade: Não apenas na Quaresma, mas em todo o tempo, viva o jejum praticando a Caridade e o amor ao próximo.
Conversão: Todo tempo pensamos na necessidade de conversão. A Quaresma nos ajuda a aprofundar este exame pessoal e nos convida ao arrependimento e a volta para o Senhor.
Retiros Quaresmais: Participe de Retiros Quaresmais. Estaremos em Retiro todas as Sextas-feiras da Quaresma, das 7 horas da manhã às 7:40h.  

Conclusão:
A Quaresma foi a primeira campanha de oração da Igreja. Uma campanha de Oração de preparação para o Santo Batismo que ocorria sempre na vigília da Páscoa.
Que esta quaresma seja uma grande campanha de santidade e discipulado em nossa vida. Vamos nos preparar para o Domingo de Ramos, a Semana Santa e a ressurreição do Senhor.

Livros recomendados para Quaresma:
·         É Tempo de Quaresma – Editora Sinodal. Este livro-presente reflete o significado da Quaresma na vida das pessoas cristãs e apresenta propostas de exercícios quaresmais. 
·         Celebrar Páscoa em Família e Comunidade. Organização: Alfredo Jorge Hagsma, Vera Regina Waskow. Editora Sinodal.
·         Ele escolheu Você. Max Lucado. CPAD.
·         Ciclo da Páscoa (O) . Celebrando a redenção do Senhor Bruno Carneiro Lira (Org.) Editora Paulinas.
·         Convertei-vos e crede no evangelho.
Meditações para o tempo da Quaresma e Tríduo Pascal - Valter Maurício Goedert 
Editora Paulinas.
·         Páscoa (A) - Uma passagem para aquilo que não passa. Raniero Cantalamessa  Editora Paulinas.
·         Preparando a Páscoa - Quaresma, Tríduo Pascal, Tempo Pascal. Ione Buyst  Editora Paulinas.
·         Caminho pascal da Quaresma (O) .  José Humberto Motta  Editora Paulinas