quarta-feira, 3 de outubro de 2012


27º Domingo Comum
07 de outubro de 2012

Espiritualidade e o Valor do Ser Humano
Marcos 10.2-16

 Introdução:
            Existem pessoas que falam uma coisa e pensam outra. Assim eram os fariseus. O Evangelho de hoje revela o coração dos fariseus em tentar prejudicar o ministério do Senhor Jesus.
            O assunto tratado é a separação e o repúdio da mulher. Jesus contraria a pratica pecaminosa de inferiorizar a mulher e demonstra o valor do ser humano dizendo que os homens e mulheres são iguais perante Deus. Todos nós somos pecadores e necessitamos da graça divina. Dependemos unicamente da misericórdia do Senhor para avançar na vida cristã.

I. O coração dos fariseus.
            A palavra "fariseu" significa separado. Os fariseus pertenciam a uma seita judaica que teve início no século II a.C.  Eram devotos a Lei de Deus e a Lei transmitida oralmente.
            Possuídos de inveja, desejavam atrapalhar o ministério do Senhor Jesus. (Leia Lc 11.53,54; 12.1; 20.20-21). A pergunta "É lícito ao marido repudiar sua mulher?" foi elaborada apenas para experimentar Jesus.
            O Senhor responde com uma outra pergunta: (3) "Que vos ordenou Moisés?". Os fariseus rapidamente disseram: (4) "Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar". Falavam baseados em Dt 24.1-4.
            O Senhor Jesus encaminha o caso para a essência do problema dos próprios fariseus. Jesus responde: (5) "Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento".
            O coração dos fariseus era perverso. Tinham a religião "perfeita", mas não tinham o coração transformado pelo poder de Deus. A religião estava apenas como uma capa para esconder um coração ímpio e pecaminoso.
           
II. O Valor do Ser Humano
            Os fariseus embora mencionem Moisés nesta conversa com Jesus, eles na prática, não tinham qualquer compromisso com a lei de Moisés nesta questão do Casamento, pois se divorciavam por qualquer motivo.
            O Ensino de Hillel dizia que o marido poderia se divorciar da esposa quando esta queimasse o jantar, colocasse muito sal na comida, se não gostasse do seu cabelo, se ela falasse com algum homem na rua, etc.
            Entre os judeus do tempo de Jesus, as mulheres ficavam fora da vida pública. No culto do sábado, elas eram meras espectadoras. Como os gentios, as mulheres tinham um pátio exterior especialmente designado a elas no Templo, do qual não podiam sair. Em público, os homens não falavam com uma mulher, nem mesmo com a esposa. Não era permitido às mulheres estudar a Lei, nem sequer tocar as Escrituras, a fim de não as contaminar.
            A mulher era considerada um objeto. Na Lei Romana da época de Jesus a mulher estava classificada como um Bem, semelhante a uma fazenda ou um escravo.
            O Senhor Jesus não aceita está classificação pecaminosa para a mulher. Este texto valoriza mais a mulher do que o próprio casamento.
            Jesus disse que Moisés permitiu esta lei por causa da dureza do coração, mas no princípio, no fundamento da vida, nunca foi assim. Jesus diz: (6) "porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. (7)   Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher],(8)   e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. (9)   Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem".
            A esposa não é um objeto que deve ser jogado fora e trocado por outro. Não é um coador de papel. A mulher é criação de Deus. "Deus os fez - homem e mulher".
            O Senhor Jesus valoriza o ser humano. Neste mesmo Evangelho Jesus valoriza as crianças que lhe eram trazidas. Assim como as mulheres, as crianças também eram tratadas como pessoas de segunda classe, mas Jesus diz: (14) "Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus".
           
III. Homens e Mulheres iguais diante de Deus
            O Senhor Jesus termina a conversa com os fariseus e vai para casa. Nesta oportunidade os discípulos interrogam Jesus. O Senhor responde com mais clareza: (11) "Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. (12)   E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério".
            Jesus não trata apenas do homem repudiar a mulher, mas da mulher repudiar o homem. Ou seja, para Deus não existe pecados de homens e pecados de mulheres. Todos nós, homens e mulheres, somos pecadores e necessitamos da graça de Deus.
            No ensinamento de Jesus vemos o assunto sendo tratado sem sentimentos. Não é tratado também de forma pastoral. Jesus apenas dá uma resposta a uma prática pecaminosa que estava acontecendo na sociedade contra as mulheres que eram apenas objetos dos homens.
            Qual a aplicação deste texto para os cristãos, discípulos e discípulas que nasceram de novo em Cristo de desejam se casar:
·         Não se case sem antes ter uma total direção de Deus;
·         Case com o coração nas palavras de Jesus: "O que Deus uniu não separe o homem";
·         Não deixe o pecado, a infidelidade, entrar em seu relacionamento;
·         Creia que vocês podem ser felizes para sempre em Cristo.

Conclusão:
            Cremos na eterna misericórdia de Deus. Alguns "pela dureza do coração" terminaram seus casamentos e casaram-se novamente. Por muitos motivos: traição (Mt 19.9), violência física e psicológica, falta de suprimento emocional e social, infidelidade e falta de compromisso, etc. Essas são as durezas do coração. Diante dessas situações confiamos unicamente na misericórdia divina. Se a vontade perfeita de Deus não aconteceu, então estamos sobre a vontade permissiva, mas confiando unicamente na misericórdia de Deus.
            Paulo usa o modelo de Cristo e a Igreja - Ef 5.22 a 32. As atitudes ou a conduta de cada cônjuge vistas neste texto, provam que é impossível a separação do casal se cada um fizer a sua parte.
            Com misericórdia para com os separados e recasados, a igreja permanece dizendo que o Casamento é uma instituição divina.
            O/a discípulo/a de Cristo precisa confiar na graça. O jovem que irá se casar deve confiar que seu relacionamento será para sempre em nome de Jesus. O divorciado e o recasado devem permanecer unicamente confiando na misericórdia divina e avançar na vida em santidade, vivendo vida nova e ganhando almas para o Senhor Jesus.
            A Igreja não pode desvalorizar o casamento nem menosprezar os divorciados e recasados pois todos nós somos pecadores e carecemos da Graça do Senhor.