27º Domingo Comum
07 de outubro de 2012
Espiritualidade
e o Valor do Ser Humano
Marcos
10.2-16
Existem pessoas que falam uma coisa
e pensam outra. Assim eram os fariseus. O Evangelho de hoje revela o coração
dos fariseus em tentar prejudicar o ministério do Senhor Jesus.
O assunto tratado é a separação e o
repúdio da mulher. Jesus contraria a pratica pecaminosa de inferiorizar a
mulher e demonstra o valor do ser humano dizendo que os homens e mulheres são
iguais perante Deus. Todos nós somos pecadores e necessitamos da graça divina.
Dependemos unicamente da misericórdia do Senhor para avançar na vida cristã.
I.
O coração dos fariseus.
A palavra "fariseu"
significa separado. Os fariseus pertenciam a uma seita judaica que teve início
no século II a.C. Eram devotos a Lei de
Deus e a Lei transmitida oralmente.
Possuídos de inveja, desejavam
atrapalhar o ministério do Senhor Jesus. (Leia Lc 11.53,54; 12.1; 20.20-21). A
pergunta "É lícito ao marido repudiar sua
mulher?" foi elaborada apenas para experimentar Jesus.
O Senhor responde com uma outra
pergunta: (3) "Que vos ordenou Moisés?". Os fariseus rapidamente
disseram: (4) "Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar".
Falavam baseados em Dt 24.1-4.
O
Senhor Jesus encaminha o caso para a essência do problema dos próprios
fariseus. Jesus responde: (5) "Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou
escrito esse mandamento".
O coração dos fariseus era perverso.
Tinham a religião "perfeita", mas não tinham o coração transformado
pelo poder de Deus. A religião estava apenas como uma capa para esconder um
coração ímpio e pecaminoso.
II.
O Valor do Ser Humano
Os fariseus
embora mencionem Moisés nesta conversa com Jesus, eles
na prática, não tinham qualquer
compromisso com a lei de Moisés nesta questão do Casamento, pois se divorciavam por qualquer
motivo.
O Ensino de Hillel dizia que o
marido poderia se divorciar da esposa quando esta queimasse o jantar, colocasse
muito sal na comida, se não gostasse do seu cabelo, se ela falasse com algum
homem na rua, etc.
Entre os judeus do tempo de Jesus,
as mulheres ficavam fora da vida pública. No culto do sábado, elas eram meras
espectadoras. Como os gentios, as mulheres tinham um pátio exterior
especialmente designado a elas no Templo, do qual não podiam sair. Em público,
os homens não falavam com uma mulher, nem mesmo com a esposa. Não era permitido
às mulheres estudar a Lei, nem sequer tocar as Escrituras, a fim de não as
contaminar.
A mulher era considerada um objeto.
Na Lei Romana da época de Jesus a mulher estava classificada como um Bem,
semelhante a uma fazenda ou um escravo.
O Senhor Jesus não aceita está
classificação pecaminosa para a mulher. Este texto valoriza mais a mulher do
que o próprio casamento.
Jesus
disse que Moisés permitiu esta lei por causa da dureza do coração, mas no
princípio, no fundamento da vida, nunca foi assim. Jesus diz: (6) "porém, desde o
princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. (7) Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e
unir-se-á a sua mulher],(8) e, com sua mulher, serão os dois uma só carne.
De modo que já não são dois, mas uma só carne. (9) Portanto, o
que Deus ajuntou não separe o homem".
A esposa não é um objeto que deve
ser jogado fora e trocado por outro. Não é um coador de papel. A mulher é
criação de Deus. "Deus os fez - homem e mulher".
O Senhor Jesus valoriza o ser humano.
Neste mesmo Evangelho Jesus valoriza as crianças que lhe eram trazidas. Assim
como as mulheres, as crianças também eram tratadas como pessoas de segunda
classe, mas Jesus diz: (14) "Deixai vir a mim os pequeninos, não os
embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus".
III.
Homens e Mulheres iguais diante de Deus
O Senhor Jesus termina a conversa
com os fariseus e vai para casa. Nesta oportunidade os discípulos interrogam
Jesus. O Senhor responde com mais clareza: (11) "Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra
aquela. (12) E, se ela repudiar seu marido e casar com
outro, comete adultério".
Jesus não trata apenas do homem
repudiar a mulher, mas da mulher repudiar o homem. Ou seja, para Deus não
existe pecados de homens e pecados de mulheres. Todos nós, homens e mulheres,
somos pecadores e necessitamos da graça de Deus.
No ensinamento de Jesus vemos o
assunto sendo tratado sem sentimentos. Não é tratado também de forma pastoral.
Jesus apenas dá uma resposta a uma prática pecaminosa que estava acontecendo na
sociedade contra as mulheres que eram apenas objetos dos homens.
Qual a aplicação deste texto para os
cristãos, discípulos e discípulas que nasceram de novo em Cristo de desejam se
casar:
·
Não se case sem antes ter uma total direção de Deus;
·
Case com o coração nas palavras de Jesus: "O que Deus uniu não
separe o homem";
·
Não deixe o pecado, a infidelidade, entrar em seu relacionamento;
·
Creia que vocês podem ser felizes para sempre em Cristo.
Conclusão:
Cremos na eterna misericórdia de Deus.
Alguns "pela dureza do coração" terminaram seus casamentos e
casaram-se novamente. Por muitos motivos: traição (Mt 19.9), violência física e
psicológica, falta de suprimento emocional e social, infidelidade e falta de
compromisso, etc. Essas são as durezas do coração. Diante dessas situações
confiamos unicamente na misericórdia divina. Se a vontade perfeita de Deus não
aconteceu, então estamos sobre a vontade permissiva, mas confiando unicamente
na misericórdia de Deus.
Paulo usa o modelo de Cristo e a Igreja - Ef
5.22 a 32. As
atitudes ou a conduta de cada cônjuge vistas neste texto, provam que é
impossível a separação do casal se cada um fizer a sua parte.
Com misericórdia para com os
separados e recasados, a igreja permanece dizendo que o Casamento é uma
instituição divina.
O/a discípulo/a de Cristo precisa
confiar na graça. O jovem que irá se casar deve confiar que seu relacionamento
será para sempre em nome de Jesus. O divorciado e o recasado devem permanecer
unicamente confiando na misericórdia divina e avançar na vida em santidade,
vivendo vida nova e ganhando almas para o Senhor Jesus.
A Igreja não pode desvalorizar o
casamento nem menosprezar os divorciados e recasados pois todos nós somos pecadores
e carecemos da Graça do Senhor.