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Reforma da Igreja: Ontem e Hoje
A Igreja é de Deus. Foi fundada por Jesus Cristo em sua
morte e ressurreição. Foi inaugurada no dia de Pentecostes e espalhada pelo
Espírito Santo para todos os lados.
No
século quarto (313 d.C) parte da igreja abraçou o poder temporal de Roma e
começou a gozar de vantagens políticas. O Bispo de Roma ficou forte e trabalhou
para conseguir, pela guerra, o poder sobre os demais bispos. Forjou documentos
para garantir que era sucessor de Pedro e classificou as demais igrejas que não
aceitaram o seu poder de hereges. Se autodenominou Papa de toda a Igreja. Foi
estabelecida assim a Santa Inquisição da igreja de Roma contra as igrejas
espalhadas pelo mundo.
Além do
poder político, a igreja de Roma começou a construir um novo caderno
doutrinário que fugia da simplicidade do Evangelho do Senhor Jesus. Entre as
diversas novas doutrinas estava a doutrina das Indulgências. Como acreditavam
que a Igreja de Roma tinha o poder da economia
espiritual de Deus, ela era a despenseira do céu, dona da dispensa,
poderia dar a quem desejasse a salvação e o perdão dos pecados.
Com isso
a igreja romana criou a doutrina da Indulgência.
Esta
doutrina permanece atual na Igreja Católica. A
indulgência atualmente é o cancelamento das penas devidas pelos pecados que nós
cometemos e que já foram perdoados na confissão. Há dois tipos de indulgências:
a plenária e a parcial. A indulgência parcial é aquela que a pessoa consegue para
uma alma do purgatório, e ela fica aliviada de parte de suas penas. Na
indulgência plenária, a alma fica aliviada de todas as suas penas, ou seja,
dali, ela vai para o céu.
Para
se ganhar uma indulgência a pessoa pode comprar um diploma no Vaticano ou então
fazer a confissão, participar da Eucaristia, rezar pelo Papa pelo menos um Pai
Nosso e uma Ave-Maria. Depois, fazer uma das quatro práticas seguintes: fazer
meia hora de adoração ao Santíssimo Sacramento, meia hora de leitura bíblica
meditada, a via-sacra na Igreja, ou rezar um terço em família ou na comunidade
diante de um oratório com a imagem de Maria. Cumprindo essas quatro exigências,
a pessoa pode ganhar uma indulgência plenária a cada dia, uma vez por dia e
para cada alma.
Além
dessa doutrina da Indulgência, que na idade Média estava relacionada ao
enriquecimento da Igreja e de vários governantes, a igreja inventou outras doutrinas
contra o Evangelho.
Muitos
padres e bispos se levantaram contra as doutrinas da igreja de Roma, mas foram
mortos e silenciados. Na época de Lutero já existiam vários grupos de cristãos
pregando a Palavra de Deus e vivendo fora da comunhão com Roma. O grupo mais
forte era dos Anabatistas.
A
maior figura da Reforma é Lutero. Ele conseguiu avançar no rompimento definitivo com
a doutrina romana e trabalhar para que a Igreja pudesse voltar à Bíblia, à Fé e
à Graça. Por este motivo desejo
apresentar alguns aspectos da biografia de Lutero.
Martinho Lutero nasceu em 10 de Novembro de 1483,
na cidade de Eisleben, filho de Hans e Margareth Luther. Na manhã seguinte,
festa de São Martim de Tours, foi batizado com o nome do santo do dia, na
igreja de São Pedro e São Paulo.
Lutero
frequentou a escola da cidade de Mansfeld de 1488 até 1497. Depois disto ele
frequentou a Magdeburger Domschule. Ali ele estudou com os Irmãos da Vida
Comum, comunidade religiosa católica que enfatizava uma vida simples de devoção
a Jesus. Estes haviam estabelecido na Alemanha e Holanda escolas onde o ensino
era oferecido “para o amor de Deus apenas”.
Depois
disto, em 1498, Lutero é enviado para os franciscanos em Eisenach, onde ele
recebeu educação em música e poesia, se destacando como cantor.
De
1501 até 1505, Lutero vai estudar na faculdade de Erfurt, recebendo o título de
“Magister Artium” da faculdade de Filosofia. Ali ele recebe educação
básica em latim nas matérias de Gramática, Retórica, Dialética, Aritmética,
Geometria, Música e Astronomia.
Seguindo
o desejo de seu pai, Lutero então inicia seus estudos de direito, na mesma faculdade,
no ano de 1505. No entanto, abandona os estudos não muito tempo depois. Em 2 de
julho daquele ano, depois de uma visita aos seus pais em Mansfeld, retornando
para Erfurt durante uma tempestade, Lutero teve medo de morrer quando um raio
caiu perto dele, e clama a Santa Ana, dizendo “Me ajude, santa Ana, e eu me
tornarei um monge!”. Assim, em 17 de julho, contra a vontade de seu pai, ele
entra em um monastério agostiniano em Erfurt.
Ali
ele se dedica à vida monástica, se devotando a jejuar, passar horas orando, em
peregrinação e em frequente confissão. Por causa desta dedicação foi consagrado
diácono em 27 de fevereiro de 1507, e padre em 4 de abril do mesmo ano.
Johann
von Staupitz, confessor de Lutero e vicário geral da congregação, o enviou para estudar em Wittemberg, em 1508. Em
março de 1509 recebeu o grau de bacharelado em Estudos Bíblicos. Poucos meses
depois recebeu outro grau de bacharelado nas Sentenças de Pedro Lombardo. Estes
estudos lhe proporcionaram maior compreensão bíblica.
Em
1510 Lutero viaja para Roma e contempla a idolatria, o esforço humano das
penitência e a venda de Indulgências. Fica decepcionado com o cristianismo
romano.
Em
setembro de 1511, retorna a Wittenberg. Em 19 outubro de 1512 ele recebe o
título de Doutorado em Teologia, e em 21 de outubro de 1512 recebeu o convite para
ocupar a posição de Doutor de Bíblia na mesma faculdade, título que manteve até
o fim de sua vida.
Em
seus estudos Lutero redescobre a Justificação pela Fé e não por obras de
penitência. Isso foi suficiente para combater de vez a venda de Indulgências
que havia iniciado na Alemanha.
Um
ano antes da elaboração das 95 teses, Lutero já pregava abertamente contra
as indulgências. No verão de 1517, ele recebe uma carta do cardeal Albrecht, intitulada Instructio Summarium, permitindo a venda de
indulgências no país. Parte das rendas serviria para pagar as dívidas dele com
a família Fugger, que financiaram seu príncipe eleitor. Para esta tarefa, ele
envia Johann Tetzel.
No
dia 4 de setembro de 1517, Lutero distribui 97 teses entre seus discípulos e
colegas sobre uma disputa com a teologia escolástica. Depois disto Lutero
elabora suas 95 teses a respeito das indulgências, que, segundo Filipe
Melanchthon, teriam sido fixadas na porta principal da Igreja de Todos os
Santos, em Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517, evento que ficou mais
tarde conhecido como o início da reforma protestante.
Lutero
escreveu uma carta ao arcebispo Albrecht de Mainz e Magdeburg em 31 de outubro
de 1517, onde ele denunciava a venda de indulgências e exigia o esclarecimento
de mal-entendidos. Com a carta ele enviou as 95 teses, as quais serviram de
base para uma discussão sobre o assunto. Mas Albrecht não respondeu esta carta,
enviando-a para Roma.
Resultado
da insistência de Lutero nos princípios bíblicos foi sua Excomunhão da Igreja
de Roma. O Papa enviou a bula Exsurge domine, em 15 de
junho de 1520, onde ordenava que os livros de Lutero fossem queimados, dando
ainda sessenta dias para se submeter à autoridade romana, sob pena de
excomunhão e anátema.
As
obras de Lutero foram queimadas em muitos lugares onde foi a carta foi recebida.
No entanto, quando Lutero a recebeu, a queimou juntamente com outros livros com
as doutrinas dos papistas. Este era o rompimento definitivo com a igreja de
Roma.
Lutero
passou muito tempo escondido no Castelo Wartburg de Frederico, o sábio.
Ficou
alí até 01
de março de 1522, sob o pseudônimo de Junker Jörg. Dedicou seu tempo a
escrever, e entre as obras mais importantes de Lutero, está o início da
tradução do Novo Testamento para o alemão, obra que ele terminaria 2 anos
depois (o Velho Testamento levaria mais de 10 anos). Esta importante obra deu
forma ao idioma alemão, além de permitir o povo a ler as Escrituras.
Os
cristãos contrários a Roma foram chamados
de protestantes na dieta de Spira, em 1529. Nesta época o imperador
Carlos V era mais poderoso e vários príncipes que antes tinham sido moderados
passaram para o lado católico. Ali se reafirmou o edito de Worms contra a
liberdade religiosa. Foi então que os príncipes luteranos protestaram
formalmente e, por isso, a partir desse momento, começaram a chamá-los
“protestantes”.
A
Reforma não aconteceu de uma só vez. Antes de Lutero, homens e mulheres se
levantaram buscando a Reforma da Igreja cristã. Com Lutero esta reforma teve um
maior avanço.
Hoje
a igreja carece de se Reformar a cada dia. Sempre irão surgir movimentos,
doutrinas, profetas e práticas contrárias as Escrituras Sagradas.
Enquanto
o mundo vai se modernizando, novas doutrinas também vão assumindo novas
características e novos riscos para a vida da Igreja.
Precisamos
sempre olhar a igreja a partir da Bíblia e estar disposto a voltar para a
simplicidade do Evangelho de Jesus.
Referência Bibliográfica:
GONZALEZ, Justo L., A
Era dos Reformadores, Uma história ilustrada do Cristianismo, Editora Mundo
Cristão.