quarta-feira, 31 de outubro de 2012


A Reforma da Igreja: Ontem e Hoje

           


A Igreja é de Deus. Foi fundada por Jesus Cristo em sua morte e ressurreição. Foi inaugurada no dia de Pentecostes e espalhada pelo Espírito Santo para todos os lados.
            No século quarto (313 d.C) parte da igreja abraçou o poder temporal de Roma e começou a gozar de vantagens políticas. O Bispo de Roma ficou forte e trabalhou para conseguir, pela guerra, o poder sobre os demais bispos. Forjou documentos para garantir que era sucessor de Pedro e classificou as demais igrejas que não aceitaram o seu poder de hereges. Se autodenominou Papa de toda a Igreja. Foi estabelecida assim a Santa Inquisição da igreja de Roma contra as igrejas espalhadas pelo mundo.
            Além do poder político, a igreja de Roma começou a construir um novo caderno doutrinário que fugia da simplicidade do Evangelho do Senhor Jesus. Entre as diversas novas doutrinas estava a doutrina das Indulgências. Como acreditavam que a Igreja de Roma tinha o poder da economia  espiritual de Deus, ela era a despenseira do céu, dona da dispensa, poderia dar a quem desejasse a salvação e o perdão dos pecados.
            Com isso a igreja romana criou a doutrina da Indulgência.
            Esta doutrina permanece atual na Igreja Católica. A indulgência atualmente é o cancelamento das penas devidas pelos pecados que nós cometemos e que já foram perdoados na confissão. Há dois tipos de indulgências: a plenária e a parcial. A indulgência parcial é aquela que a pessoa consegue para uma alma do purgatório, e ela fica aliviada de parte de suas penas. Na indulgência plenária, a alma fica aliviada de todas as suas penas, ou seja, dali, ela vai para o céu.
            Para se ganhar uma indulgência a pessoa pode comprar um diploma no Vaticano ou então fazer a confissão, participar da Eucaristia, rezar pelo Papa pelo menos um Pai Nosso e uma Ave-Maria. Depois, fazer uma das quatro práticas seguintes: fazer meia hora de adoração ao Santíssimo Sacramento, meia hora de leitura bíblica meditada, a via-sacra na Igreja, ou rezar um terço em família ou na comunidade diante de um oratório com a imagem de Maria. Cumprindo essas quatro exigências, a pessoa pode ganhar uma indulgência plenária a cada dia, uma vez por dia e para cada alma.
            Além dessa doutrina da Indulgência, que na idade Média estava relacionada ao enriquecimento da Igreja e de vários governantes, a igreja inventou outras doutrinas contra o Evangelho.
            Muitos padres e bispos se levantaram contra as doutrinas da igreja de Roma, mas foram mortos e silenciados. Na época de Lutero já existiam vários grupos de cristãos pregando a Palavra de Deus e vivendo fora da comunhão com Roma. O grupo mais forte era dos Anabatistas.
            A maior figura da Reforma é Lutero. Ele  conseguiu avançar no rompimento definitivo com a doutrina romana e trabalhar para que a Igreja pudesse voltar à Bíblia, à Fé e à Graça.  Por este motivo desejo apresentar alguns aspectos da biografia de Lutero.
            Martinho Lutero nasceu em 10 de Novembro de 1483, na cidade de Eisleben, filho de Hans e Margareth Luther. Na manhã seguinte, festa de São Martim de Tours, foi batizado com o nome do santo do dia, na igreja de São Pedro e São Paulo.
            Lutero frequentou a escola da cidade de Mansfeld de 1488 até 1497. Depois disto ele frequentou a Magdeburger Domschule. Ali ele estudou com os Irmãos da Vida Comum, comunidade religiosa católica que enfatizava uma vida simples de devoção a Jesus. Estes haviam estabelecido na Alemanha e Holanda escolas onde o ensino era oferecido “para o amor de Deus apenas”.
            Depois disto, em 1498, Lutero é enviado para os franciscanos em Eisenach, onde ele recebeu educação em música e poesia, se destacando como cantor.
            De 1501 até 1505, Lutero vai estudar na faculdade de Erfurt, recebendo o título de “Magister Artium” da faculdade de Filosofia. Ali ele recebe educação básica em latim nas matérias de Gramática, Retórica, Dialética, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.
            Seguindo o desejo de seu pai, Lutero então inicia seus estudos de direito, na mesma faculdade, no ano de 1505. No entanto, abandona os estudos não muito tempo depois. Em 2 de julho daquele ano, depois de uma visita aos seus pais em Mansfeld, retornando para Erfurt durante uma tempestade, Lutero teve medo de morrer quando um raio caiu perto dele, e clama a Santa Ana, dizendo “Me ajude, santa Ana, e eu me tornarei um monge!”. Assim, em 17 de julho, contra a vontade de seu pai, ele entra em um monastério agostiniano em Erfurt.
            Ali ele se dedica à vida monástica, se devotando a jejuar, passar horas orando, em peregrinação e em frequente confissão. Por causa desta dedicação foi consagrado diácono em 27 de fevereiro de 1507, e padre em 4 de abril do mesmo ano.
            Johann von Staupitz, confessor de Lutero e vicário geral da congregação,  o enviou para estudar em Wittemberg, em 1508. Em março de 1509 recebeu o grau de bacharelado em Estudos Bíblicos. Poucos meses depois recebeu outro grau de bacharelado nas Sentenças de Pedro Lombardo. Estes estudos lhe proporcionaram maior compreensão bíblica.
            Em 1510 Lutero viaja para Roma e contempla a idolatria, o esforço humano das penitência e a venda de Indulgências. Fica decepcionado com o cristianismo romano.
            Em setembro de 1511, retorna a Wittenberg. Em 19 outubro de 1512 ele recebe o título de Doutorado em Teologia, e em 21 de outubro de 1512 recebeu o convite para ocupar a posição de Doutor de Bíblia na mesma faculdade, título que manteve até o fim de sua vida.
            Em seus estudos Lutero redescobre a Justificação pela Fé e não por obras de penitência. Isso foi suficiente para combater de vez a venda de Indulgências que havia iniciado na Alemanha.
            Um ano antes da elaboração das 95 teses, Lutero já pregava abertamente contra as indulgências. No verão de 1517, ele recebe uma carta do cardeal Albrecht, intitulada Instructio Summarium, permitindo a venda de indulgências no país. Parte das rendas serviria para pagar as dívidas dele com a família Fugger, que financiaram seu príncipe eleitor. Para esta tarefa, ele envia Johann Tetzel.
            No dia 4 de setembro de 1517, Lutero distribui 97 teses entre seus discípulos e colegas sobre uma disputa com a teologia escolástica. Depois disto Lutero elabora suas 95 teses a respeito das indulgências, que, segundo Filipe Melanchthon, teriam sido fixadas na porta principal da Igreja de Todos os Santos, em Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517, evento que ficou mais tarde conhecido como o início da reforma protestante.
            Lutero escreveu uma carta ao arcebispo Albrecht de Mainz e Magdeburg em 31 de outubro de 1517, onde ele denunciava a venda de indulgências e exigia o esclarecimento de mal-entendidos. Com a carta ele enviou as 95 teses, as quais serviram de base para uma discussão sobre o assunto. Mas Albrecht não respondeu esta carta, enviando-a para Roma.
            Resultado da insistência de Lutero nos princípios bíblicos foi sua Excomunhão da Igreja de Roma. O Papa enviou a bula Exsurge domine, em 15 de junho de 1520, onde ordenava que os livros de Lutero fossem queimados, dando ainda sessenta dias para se submeter à autoridade romana, sob pena de excomunhão e anátema.
            As obras de Lutero foram queimadas em muitos lugares onde foi a carta foi recebida. No entanto, quando Lutero a recebeu, a queimou juntamente com outros livros com as doutrinas dos papistas. Este era o rompimento definitivo com a igreja de Roma.
            Lutero passou muito tempo escondido no Castelo Wartburg de Frederico, o sábio.
            Ficou alí até 01 de março de 1522, sob o pseudônimo de Junker Jörg. Dedicou seu tempo a escrever, e entre as obras mais importantes de Lutero, está o início da tradução do Novo Testamento para o alemão, obra que ele terminaria 2 anos depois (o Velho Testamento levaria mais de 10 anos). Esta importante obra deu forma ao idioma alemão, além de permitir o povo a ler as Escrituras.
            Os cristãos contrários a Roma foram chamados  de protestantes na dieta de Spira, em 1529. Nesta época o imperador Carlos V era mais poderoso e vários príncipes que antes tinham sido moderados passaram para o lado católico. Ali se reafirmou o edito de Worms contra a liberdade religiosa. Foi então que os príncipes luteranos protestaram formalmente e, por isso, a partir desse momento, começaram a chamá-los “protestantes”.
            A Reforma não aconteceu de uma só vez. Antes de Lutero, homens e mulheres se levantaram buscando a Reforma da Igreja cristã. Com Lutero esta reforma teve um maior avanço.
            Hoje a igreja carece de se Reformar a cada dia. Sempre irão surgir movimentos, doutrinas, profetas e práticas contrárias as Escrituras Sagradas.
            Enquanto o mundo vai se modernizando, novas doutrinas também vão assumindo novas características e novos riscos para a vida da Igreja.
            Precisamos sempre olhar a igreja a partir da Bíblia e estar disposto a voltar para a simplicidade do Evangelho de Jesus.

Referência Bibliográfica:
GONZALEZ, Justo L., A Era dos Reformadores, Uma história ilustrada do Cristianismo, Editora Mundo Cristão.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012


A Espiritualidade e a Fé de Bartimeu

Marcos 10.46-52
            O Evangelho de hoje fala de um mendigo que consegue a graça de Deus para sair da situação em que vivia.  Bartimeu era um mendigo que vivia nas ruas de Jericó. Era mendigo porque era cego. No contexto social da Bíblia, raramente um pobre deficiente conseguia trabalho. A opção que sobrava era a mendicância. Bartimeu ao ouvir falar de Jesus e saber que Ele estava passando, aproveitou a oportunidade para clamar. Seu clamor teve a oposição. Diante do obstáculo, Bartimeu gritou com mais insistência. Jesus o chama e com atitude de fé, recebe o que necessita. Jesus termina dizendo: "Vai, a tua fé te salvou". Assim Bartimeu passou a ser discípulo de Jesus.
                Foi uma ação de Deus relacionada a ação da fé de Bartimeu. Jesus dá o crédito a fé do mendigo que interagiu com a graça de Deus.

I. A fé que aproveita a oportunidade
                O texto descreve alguns dados sobre o mendigo de Jericó (46): Estava na saída de Jericó, seu nome era Bartimeu, era cego, filho de Timeu e estava assentado à beira do caminho pedindo esmolas. Alguém já havia falado para Bartimeu sobre os poderes do Nazareno chamado Jesus, Filho de Davi. Quando soube que Jesus estava passando (47) "...pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!"  Bartimeu aproveitou a oportunidade para clamar. Foi um mendigo que não desejava mais ser mendigo. A graça de Deus o fez desejar sair da situação em que vivia.   O princípio da restauração está em desejar ser restaurado. Isto também é uma ação da graça de Deus (Ef 2.8).

II. A oposição ao clamor
                Quando o Bartimeu buscava ajuda e começa a clamar, as pessoas (48) "...o repreendiam, para que se calasse".  Muitas pessoas desejam ajuda, mas são impedidos pela sociedade e pelos meios de comunicação, de buscarem auxílio em Deus. Muitas vezes por causa dos próprios escândalos produzidos pelas pessoas da igreja. Bartimeu deseja a restauração, mas é repreendido pelas próprias pessoas que seguiam Jesus. Muitas vezes a religião pode tentar impedir nosso encontro com Deus (Mt 15.3).


III. A insistência da fé
                Mesmo sendo repreendido, Bartimeu tem a fé para insistir. Ao invés de calar, (48) ...ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!" Era um mendigo que não desejava continuar vivendo a margem da sociedade. Sabia que Jesus era o Filho de Davi, ou seja, o messias prometido. Sabia que Jesus podia lhe curar e restaurar. A fé é insistente quando é fé verdadeira (Lc 18.1-8). A fé de Bartimeu havia resistido ao teste da oposição.

IV. A atitude da fé
                O Misericordioso Jesus parou e disse: (49) "Chamai-o". Um convite como resultado da insistência da fé. As pessoas lhe dizem: (49) "Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama".  A atitude da fé pode ser visto neste simples frase: (50)   "Lançando de si a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus". A capa era a identidade do mendigo. Ele joga fora a antiga identidade com um gesto que estava dizendo: "Eu não vou mais precisar disso! Eu serei curado!".   Para confirmar a intenção do mendigo Jesus pergunta (51) "Que queres que eu te faça?" Ele não pede esmola. Não deseja uma ajuda provisória. Se recusa a voltar a viver como mendigo. Por isso ele responde: (51) "Mestre, que eu torne a ver".  A nossa fé é demonstrada em nossas atitudes (Mt 7.7,8). 

V. O resultado da fé
                O resultado da fé do mendigo não foi apenas a cura. Primeiro Jesus diz (52)  "Vai, a tua fé te salvou". Depois o cego "tornou a ver" e por último, já curado, "seguia a Jesus estrada fora".  O resultado foi o discipulado. Ele foi salvo da vida de mendigo, salvo da doença e salvo na dimensão espiritual. Esta salvação o fez entrar no seguimento de Jesus.   A restauração de Jesus na vida da pessoa de fé é a salvação plena que transforma meros homens e mulheres em discípulos e discípulas fiéis e santos pela graça (Lc 5.10-11).

Conclusão:
                A nossa fé precisa ir além das formalidades religiosas. Precisamos exercer a fé para sermos ajudados por Deus e poder ajudar o nosso próximo a se reerguer na graça do Senhor. Observe a espiritualidade de Bartimeu: Ele creu, clamou, insistiu, tomou atitude, recebeu o milagre e passou a ser seguidor de Jesus. Ocorreu uma salvação completa. De mendigo a discípulo.

sábado, 20 de outubro de 2012


A Espiritualidade, o Poder e o Serviço
Marcos 10.35-45
 

Introdução:
            No Evangelho de hoje vemos os discípulos trabalhando pelo poder. Desejavam o poder político, pois acreditavam na glória terrena de Jesus em Jerusalém.
            Esta é uma busca da humanidade. Benjamin Disraeli dizia que  "todos amam o poder, mesmo que não saibam o que fazer com ele." 
            Os apóstolos não sabiam o que iria acontecer, mas independente disso, desejavam o poder. Contudo, o Senhor Jesus ensina a visão do Reino. A visão é servir, pois o próprio Filho do Homem não veio para ter vitórias políticas, mas para dar sua vida em resgate por muitos.
            Você já exerceu cargo de poder?
           
I. A Busca pelo poder
            Em Marcos 10.35-37, Tiago e João desejam o poder. Em Mateus 20.20,21, quem pede poder para Tiago e João é a própria mãe.
            A obcessão pelo poder está no instinto humano. Tiago e João, e também sua mãe acreditavam que Jesus fosse reinar em Jerusalém.
            O Evangelho de Marcos já havia apresentado três momentos onde Jesus fala de seu sofrimento e morte, mas eles permaneciam crendo que Jesus iria tomar o poder romano e estabelecer um poder político.
            É justamente este poder político que desejam.
            Parece que eles tinham certeza que Jesus não iria negar o pedido. Eles dizem: (35) "Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir". Jesus pergunta: (36) "Que quereis que vos faça?" (37) "Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda".
            Estavam equivocados e desejam o poder. Procuram estar acima dos outros. Querem ser os melhores. Sentar a direita e a esquerda significa ser os mais honrados, respeitados e poderosos.
            Esta é a lógica do mundo: trabalhar para ser o mais honrado, respeitado e temido. É o esforço para conseguir o domínio sobre os outros.
            Ser discípulo de Jesus significa andar na contramão da lógica do mundo (Lc 22.27).
            Você é obcecado pelo poder?
                       
II. A Resposta do Senhor Jesus
            O Senhor Jesus é claro: (38) "Não sabeis o que pedis". Este é o pedido que Jesus não responde. É um pedido sem sabedoria e sem entendimento.
            Jesus pergunta: (38) "...Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado?" O Senhor está falando do sofrimento (cálice) e da vergonha da perseguição (batismo).
            Eles não entendem. Acham que é apenas mais um ritual. E respondem: (39) "Podemos". Jesus fala de sofrimento e martírio. Na verdade Tiago e João iriam sofrer muito pelo Evangelho, por isso o Senhor diz: (39) "...Bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado".
            Na glória celestial o assentar-se à direita ou à esquerda de Jesus, não era competência de dele conceder, pois já estavam preparados para os escolhidos de Deus (40).
            A lógica do Reino de Deus é o serviço. Isso é contrário ao poder, a soberba e a ganância. Pedidos assim não são atendidos (Tg 4.2,3).
            Você já teve um pedido recusado por Deus?

III. A Visão do Reino
            Não apenas Tiago e João estavam atrás de poder temporal, mas os outros dez discípulos também. Desejam fazer este pedido, mas Tiago e João fizeram na frente, e eles ficaram indignados e cheios de inveja: (41) "Ouvindo isto, indignaram-se os dez contra Tiago e João".
            Os discípulos ainda não conheciam a visão do Reino de Deus. No mundo é assim, disse Jesus (42) "...os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade".
            Os discípulos vivem debaixo de uma outra lógica. Nossa visão é diferente: (43) "Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; (44)  e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos".
            Todo esforço do discípulo deve ser para servir. Servir a Deus e ao próximo. Nosso modelo de serviço é o próprio Senhor Jesus. Ele disse que (45) "...o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". A palavra resgate significa "pagar o preço" pela nossa salvação e libertação (Fp 2.8).
            Quais os benefícios do serviço a Deus e ao próximo?
Conclusão:
            O/a discípulo/a de Jesus aprende a solidariedade e o Serviço.
            Não importa a minha salvação pessoal apenas, preciso trabalhar para que Jesus venha resgatar outros.
            A lógica do reino não é eu ser servido ou ter poder sobre os outros, mas trabalhar para ser servo.
            Somos avaliados pelo serviço que prestamos em amor.
             "Onde reina o amor, não há vontade de poder, e onde domina o poder, falta o amor. Um é a sombra do outro." (Carl Gustav Jung).
            O que este estudo ministrou sobre sua vida?
            Como sair da busca pelo poder para uma busca pelo serviço?
            É fácil reconhecer uma pessoa obsecada pelo poder?
            Porque discipulado e poder não combinam?
            Precisamos do Poder de Deus (capacitação)  para vencer nossa sede de poder (domínio sobre os outros) e sermos verdadeiros servos de Cristo.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012



A Morte de Francisco de Assis nas primeiras fontes Biográficas
04 de outubro de 1226


Segundo a Legenda dos Três Companheiros:

         Vinte anos após, desde o momento em que se havia conformado perfeitissimamente a Cristo seguindo a vida e as pegadas dos apóstolos, o homem apostólico Francisco, no ano da Encarnação do Senhor 1226, dia 4 de outubro, domingo, voltou a Cristo, tendo conseguido, após muitos trabalhos, o eterno descanso, e apresentou-se dignamente diante do Senhor. (Legenda dos Três Companheiros - Cp. 17)

Segundo a Legenda Perusiana:

         Disse-lhe o médico: “Irmão, tu estarás bem, pela graça do Senhor”. Pois não queria dizer que ele ia morrer logo. O bem-aventurado Francisco disse-lhe outra vez: “Diz-me a verdade: que te parece”. Não tenhas medo, porque pela graça de Deus eu não sou covarde, para ficar com medo da morte, pois, com a ajuda de Deus, pro sua misericórdia e graça, estou tão ligado e unido com o meu Senhor, que estão tão contente com a morte como com a vida, e ao contrário.”. Então o médico disse abertamente: “Pai, de acordo com a nossa física, tua doença é incurável e ou no fim do mês de setembro ou no dia de outubro, vais morrer”. O bem-aventurado Francisco, que estava deitado na cama, doente, com a maior devoção e reverência pelo Senhor, abrindo os braços e as mãos, disse com grande alegria interior e exterior: “Seja bem vinda, minha irmã morte!”. (Legenda Perusiana cp 100)

Segundo Tomás de Celano:

         No ano de 1226 da Encarnação do Senhor, na indicção XIV, domingo, dia 4 de outubro, em Assis, sua terra, e na Porciúncula, onde fundara a Ordem dos Frades Menores, tendo completado vinte anos de perfeita adesão a Cristo e de seguimento da vida apostólica, nosso bem aventurado pai Francisco saiu do cárcere do corpo e voou todo feliz para as habitações dos espíritos celestiais, terminando com perfeição o que tinha empreendido. (Tomás de Celano - Primeira Vida - Livro 2, Cp 1. 88

Segundo Boaventura:

         Partiu deste mundo o seráfico Pai São Francisco no ano da encarnação do Senhor de 1226, ao anoitecer do sábado 3 de outubro, sendo sepultado no domingo seguinte. (Legenda maior de Boaventura L. 6. C. 8 - parágrafo 6.

Segundo o Espelho da Perfeição:
         Ao ouvi-lo, o médico respondeu: "Irmão, ficarás bom, pela graça de Deus". Mas São Francisco replicoulhe: "Dize-me a verdade! Que pensas das minhas enfermidades? Não tenhas medo de me dizer a verdade, pois, pela graça de Deus, não sou tão medroso a ponto de  temer a morte. Com a graça do Espírito Santo, estou tão unido a meu Senhor que igualmente estarei contente de viver ou de morrer". O médico falou-lhe então com toda a franqueza: "Pai, mediante os conhecimentos de medicina, tua moléstia é incurável; penso que morrereis no fim de setembro ou a 4 de outubro". Ouvindo isto, o santo patriarca estendeu as mãos para o Senhor com grande devoção e respeito, excluindo, com grande alegria de corpo e de alma: "Bendita sejas tu, minha irmã Morte". (Espelho da Perfeição Cp 122.)
         Proferidas estas palavras, foi conduzido a Santa Maria, onde, com quarenta anos de idade e vinte de perfeita penitência, emigrou, no dia 4 de outubro do ano do Senhor de 1226, para o Senhor Jesus Cristo, a quem havia amado com todo o coração, com toda sua alma, com todas as suas forças, com ardente desejo e com todo seu afeto; seguindo-o com toda perfeição, correndo atrás de suas pegadas e chegando, por fim, à glória daquele que reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém. (Espelho da perfeição - Cp 124)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012


27º Domingo Comum
07 de outubro de 2012

Espiritualidade e o Valor do Ser Humano
Marcos 10.2-16

 Introdução:
            Existem pessoas que falam uma coisa e pensam outra. Assim eram os fariseus. O Evangelho de hoje revela o coração dos fariseus em tentar prejudicar o ministério do Senhor Jesus.
            O assunto tratado é a separação e o repúdio da mulher. Jesus contraria a pratica pecaminosa de inferiorizar a mulher e demonstra o valor do ser humano dizendo que os homens e mulheres são iguais perante Deus. Todos nós somos pecadores e necessitamos da graça divina. Dependemos unicamente da misericórdia do Senhor para avançar na vida cristã.

I. O coração dos fariseus.
            A palavra "fariseu" significa separado. Os fariseus pertenciam a uma seita judaica que teve início no século II a.C.  Eram devotos a Lei de Deus e a Lei transmitida oralmente.
            Possuídos de inveja, desejavam atrapalhar o ministério do Senhor Jesus. (Leia Lc 11.53,54; 12.1; 20.20-21). A pergunta "É lícito ao marido repudiar sua mulher?" foi elaborada apenas para experimentar Jesus.
            O Senhor responde com uma outra pergunta: (3) "Que vos ordenou Moisés?". Os fariseus rapidamente disseram: (4) "Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar". Falavam baseados em Dt 24.1-4.
            O Senhor Jesus encaminha o caso para a essência do problema dos próprios fariseus. Jesus responde: (5) "Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento".
            O coração dos fariseus era perverso. Tinham a religião "perfeita", mas não tinham o coração transformado pelo poder de Deus. A religião estava apenas como uma capa para esconder um coração ímpio e pecaminoso.
           
II. O Valor do Ser Humano
            Os fariseus embora mencionem Moisés nesta conversa com Jesus, eles na prática, não tinham qualquer compromisso com a lei de Moisés nesta questão do Casamento, pois se divorciavam por qualquer motivo.
            O Ensino de Hillel dizia que o marido poderia se divorciar da esposa quando esta queimasse o jantar, colocasse muito sal na comida, se não gostasse do seu cabelo, se ela falasse com algum homem na rua, etc.
            Entre os judeus do tempo de Jesus, as mulheres ficavam fora da vida pública. No culto do sábado, elas eram meras espectadoras. Como os gentios, as mulheres tinham um pátio exterior especialmente designado a elas no Templo, do qual não podiam sair. Em público, os homens não falavam com uma mulher, nem mesmo com a esposa. Não era permitido às mulheres estudar a Lei, nem sequer tocar as Escrituras, a fim de não as contaminar.
            A mulher era considerada um objeto. Na Lei Romana da época de Jesus a mulher estava classificada como um Bem, semelhante a uma fazenda ou um escravo.
            O Senhor Jesus não aceita está classificação pecaminosa para a mulher. Este texto valoriza mais a mulher do que o próprio casamento.
            Jesus disse que Moisés permitiu esta lei por causa da dureza do coração, mas no princípio, no fundamento da vida, nunca foi assim. Jesus diz: (6) "porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. (7)   Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher],(8)   e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. (9)   Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem".
            A esposa não é um objeto que deve ser jogado fora e trocado por outro. Não é um coador de papel. A mulher é criação de Deus. "Deus os fez - homem e mulher".
            O Senhor Jesus valoriza o ser humano. Neste mesmo Evangelho Jesus valoriza as crianças que lhe eram trazidas. Assim como as mulheres, as crianças também eram tratadas como pessoas de segunda classe, mas Jesus diz: (14) "Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus".
           
III. Homens e Mulheres iguais diante de Deus
            O Senhor Jesus termina a conversa com os fariseus e vai para casa. Nesta oportunidade os discípulos interrogam Jesus. O Senhor responde com mais clareza: (11) "Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. (12)   E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério".
            Jesus não trata apenas do homem repudiar a mulher, mas da mulher repudiar o homem. Ou seja, para Deus não existe pecados de homens e pecados de mulheres. Todos nós, homens e mulheres, somos pecadores e necessitamos da graça de Deus.
            No ensinamento de Jesus vemos o assunto sendo tratado sem sentimentos. Não é tratado também de forma pastoral. Jesus apenas dá uma resposta a uma prática pecaminosa que estava acontecendo na sociedade contra as mulheres que eram apenas objetos dos homens.
            Qual a aplicação deste texto para os cristãos, discípulos e discípulas que nasceram de novo em Cristo de desejam se casar:
·         Não se case sem antes ter uma total direção de Deus;
·         Case com o coração nas palavras de Jesus: "O que Deus uniu não separe o homem";
·         Não deixe o pecado, a infidelidade, entrar em seu relacionamento;
·         Creia que vocês podem ser felizes para sempre em Cristo.

Conclusão:
            Cremos na eterna misericórdia de Deus. Alguns "pela dureza do coração" terminaram seus casamentos e casaram-se novamente. Por muitos motivos: traição (Mt 19.9), violência física e psicológica, falta de suprimento emocional e social, infidelidade e falta de compromisso, etc. Essas são as durezas do coração. Diante dessas situações confiamos unicamente na misericórdia divina. Se a vontade perfeita de Deus não aconteceu, então estamos sobre a vontade permissiva, mas confiando unicamente na misericórdia de Deus.
            Paulo usa o modelo de Cristo e a Igreja - Ef 5.22 a 32. As atitudes ou a conduta de cada cônjuge vistas neste texto, provam que é impossível a separação do casal se cada um fizer a sua parte.
            Com misericórdia para com os separados e recasados, a igreja permanece dizendo que o Casamento é uma instituição divina.
            O/a discípulo/a de Cristo precisa confiar na graça. O jovem que irá se casar deve confiar que seu relacionamento será para sempre em nome de Jesus. O divorciado e o recasado devem permanecer unicamente confiando na misericórdia divina e avançar na vida em santidade, vivendo vida nova e ganhando almas para o Senhor Jesus.
            A Igreja não pode desvalorizar o casamento nem menosprezar os divorciados e recasados pois todos nós somos pecadores e carecemos da Graça do Senhor.