Domingo de Ramos e a Semana da
nossa Salvação
Rev. Edson
Cortasio Sardinha
Mateus 21.1-11
O Domingo de Ramos tem início em
Betfagé. Betfagé (que significa "Casa de Figos") estava localizada no
Monte das Oliveiras, na estrada de Jerusalém a Jericó e muito perto de Betânia.
Era o limite da jornada de um dia de sábado de Jerusalém, isto é, 2.000 côvados
(1 Km).
No
local existe uma linda igreja Franciscana. O santuário de Betfagé está situado
no lado leste do Monte das Oliveiras. Aqui se comemora o encontro de Jesus com
Marta e Maria antes de ressuscitar Lázaro, e a entrada de Jesus em Jerusalém em
meio à alegria dos discípulos e da multidão que bradava hosanas.
A
peregrina Egeria (da Galécia, Espanha), foi a autora de um diário de viagem a
Terra Santa no século IV. Ele relata com detalhes as liturgias realizadas na
Terra Santa. Ela é a primeira a mencionar a tradição da procissão que tem
início no santuário de Betfagé. Egéria escreveu:
“ O domingo que inicia a semana pascal [...]
todo o povo sobe ao monte das oliveiras [...] e quando chega a undécima hora
(isto é, as cinco da tarde), se lê o trecho do Evangelho onde as crianças vão
ao encontro do senhor com ramos ou palmas [...] Em seguida o bispo se levanta e
com ele todo o povo. Então desde o monte das oliveiras se faz todo o percurso a
pé, enquanto o povo precede o bispo, ao canto de hinos e antífonas, conforme o
texto bíblico e a tradição cristã: Bendito aquele que vem em nome do Senhor. E
todas as crianças do lugar, até mesmo os que não podem ainda caminhar pela
idade e são carregados pelos pais, trazem nas mãos os ramos de palma ou de
oliveira; no mesmo modo como foi conduzido o Senhor até a cidade, assim também
é conduzido o bispo. Do alto do monte se vai até a cidade, e depois,
atravessando a cidade, chega-se a Anástasis (Igreja do Santo Sepulcro)”.
Epifanio
Monaco Testemunhou que desde o século IX a procissão se inicia de um lugar
ainda mais distante: “Cerca de uma milha (da Assenção), há o lugar onde Cristo
se sentou sobre o jumentinho. Lá se encontra uma oliveira da qual todos os anos
se corta um ramo, depois de terem pagado o preço, e em procissão adentram a
Jerusalém, o dia das Palmas”.
Mateus
21. 1-3 diz que “Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao
monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: 2 Ide à aldeia que aí está diante de vós e
logo achareis presa uma jumenta e, com ela, um jumentinho. Desprendei-a e
trazei-mos. 3 E, se alguém vos disser
alguma coisa, respondei-lhe que o Senhor precisa deles. E logo os enviará”. Betfagé
fala da oferta feita ao Senhor Jesus: uma jumenta e um jumentinho. Caso alguém
perguntasse por que estavam levando a jumenta e o jumentinho os discípulos
deveriam apenas dizer: “O Senhor precisa deles”. Isso bastaria. Hoje devemos perguntar: “O que o Senhor
precisa de nós?” O que precisamos deixar para que o Senhor leve? O que da nossa
vida será importante para o avanço da obra do Senhor?
Voltar
a Betfagé é voltar a ouvir os discípulos nos desafiarem dizendo: “O Senhor
precisa deles”.
A
jumenta e o jumentinho foram essenciais para que a profecia fosse cumprida: “
Ora, isto aconteceu para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta:
Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento,
num jumentinho, cria de animal de carga” (Mt 21.4,5).
Os
donos dos animais contribuíram para que a profecia fosse realizada. Hoje Deus
também conta com cada um de nós para que a profecia seja realizada na vida das
pessoas. Precisamos declarar: “Senhor, eis-me aqui!”
É
um domingo de doações. Há doações de jumentos, vestes e ramos de árvores (Mt
21.6-8). As multidões clamavam (Mt 21.9): “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o
que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!” Mateus diz que “toda a
cidade se alvoroçou, e perguntavam: Quem é este?” O povo respondia gritando
(11): “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia!”(21.10).
Com
isso tem início a semana santa. A grande semana da nossa salvação.
Jesus
chora ao ver a cidade, purifica o templo, ensina sobre o fim dos tempos, é
traído por Judas, inaugura a santa Ceia no cenáculo, vai ao jardim do
Getsêmani, é preso e levado para o Sinédrio na casa de Caifás, é entregue a
Pilatos, levado a Herodes e novamente com Pilatos é condenado pelo povo. É
levado ao pelourinho para apanhar e depois carrega sua cruz para fora da
cidade. No calvário é crucificado. Morre e ressuscita ao terceiro dia para a
nossa salvação. Aqui está a salvação da Igreja: Jesus
morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nos dar a nova vida.
Que
esta Semana Santa seja vivida com oração e serenidade para que possamos ouvir
novamente a história da nossa salvação.