Epifania — palavra grega, significa entrada poderosa, chegada
solene de um rei ou imperador tomando posse de um território; ou da aparição de
uma divindade ou de sua intervenção prodigiosa.
Para nós, cristãos, é a festa da manifestação de Jesus, que veio
para todos os povos.
A Epifania é para o Natal, o que Pentecostes é para a Páscoa: seu
desenvolvimento e proclamação ao mundo é o desfecho radiante do Natal!
A Epifania é uma festa mais antiga do que o Natal. Celebra-se a
manifestação (epifania) de Jesus Cristo como Deus.
Três passagens epifânicas são lembradas neste domingo: A Vinda dos
Magos do Oriente (não eram três, nem eram Reis), o Batismo do Senhor e as Bodas
de Caná da Galileia.
No Natal Jesus se manifestou aos judeus, na Epifania ele se
manifesta aos gentios.
Jesus vem ao mundo para se humilhar. O próprio nascimento, vida e
morte do Senhor é uma contradição para a mente humana. Refletindo no paradoxo
de Jesus, Santo Agostinho diz: “Vejam! O Criador do ser humano se fez homem
para que, Aquele que governa do mundo sideral, se alimentasse de leite; para
que o Pão tivesse fome; para a Fonte tivesse sede, a Luz adormecesse, o Caminho
se fatigasse na viagem, a Verdade fosse acusada por falsos testemunhos, o Juiz
dos vivos e dos mortos fosse julgado por um juiz mortal, a Justiça fosse
condenada pelos injustos, a Disciplina fosse açoitada com chicotes, o Cacho de
uvas fosse coroado de espinhos, o Alicerce fosse pendurado no madeiro; para que
a Virtude se enfraquecesse, a Saúde fosse ferida e morresse a própria Vida”
(Sermão 191,1).
Agostinha via o presépio como mistério do Deus que deseja ocupar
os nossos corações como Templo: «Jesus jaz no presépio, mas leva as rédeas do
governo do mundo; toma o peito, e alimenta aos anjos; está envolto em panos, e
veste a nós de imortalidade; está mamando, e o adoram; não encontrando lugar na
pousada, fabrica seus templos nos corações dos crentes. Para que se
fortalecesse a debilidade, se debilitasse a fortaleza... Assim, acendemos nossa
caridade para que alcancemos a sua eternidade». (Sermão 190,4).
O Natal e a Páscoa não são epifanias para o mundo. O mundo não
consegue amar e seguir um Deus encarnado e crucificado. Mas para nós a vida de
Cristo é total epifania do seu poder. Santo Agostinho diz: «A humildade é ela
mesma que se lança ao rosto dos pagãos. Por isso nos insultam e dizem: Que Deus
é esse que adorais? Um Deus que nasceu? Que Deus adorais? Um Deus que foi
crucificado? A humildade de Cristo desagrada aos soberbos; mas se a ti,
cristão, agrada, imita-a; se a imitas, não trabalharás, porque Ele disse: Vinde
a mim todos vós que estais sobrecarregados». (Narrações. 93,15).
A Epifania manifesta este mistério de Deus aos magos e ao mundo
pagão. Agostinho diz: «Jazia no presépio, e atraia aos Magos do Oriente; se
ocultava em um estábulo, e era dado a conhecer no céu, para que por meio dele
fosse manifestado no estábulo, e assim este dia se chamasse Epifania, que quer
dizer manifestação; com o que recomenda sua grandeza e sua humildade, para que
quem era indicado com claros sinais no céu aberto, fosse buscado e encontrado
na “angustura” do estábulo, e o impotente de membros infantis, envolto em panos
infantis, fosse adorado pelos Magos, temido pelos maus» (Sermão 220,1).
A Epifania retoma o Natal de Jesus celebrando a sua humanidade
manifestada a todos os povos. Traz consigo a mística de que a salvação
destina-se a todos: “Levanta-te e brilha, Jerusalém, olha o horizonte e vê.
Sobre todas as nações brilha a glória do Senhor” (Is 60,1).
Manifestemos hoje o Redentor de todos os povos e façamos deste dia
a festa de todas as nações. Epifania é a festa da chegada da Salvação de Deus
para todos os povos. A mensagem da Epifania é: Quem crer e for batizado será
Salvo, não importando sua nacionalidade, raça ou cultura. É o deus missionário
transcultural vindo ao nosso encontro.