Hoje estudamos a Vida de Santo Antão (Parte III - 1).
Estiveram presentes pelo Google Meet nossos amados irmãos Demetrius, Fábio, Wender, Marcos , Erika, Luiz, Neuza, Marisa e eu (Edson).
Estes encontros de Formação tem sido maravilhosos e edificantes.
Louvado seja o Senhor.
Mas a diferença
entre eles é considerável. Levaria muito tempo para dar uma explicação de sua
natureza e distinções, e tal investigação é para outros mais competentes do que
eu; o único urgente e necessário para nós agora é só conhecer suas vilanias
contra nós (parte da Introdução da Parte
III estudada na semana passada).
I
- Artifícios dos demônios
1.
Em
primeiro lugar, demo-nos conta disto: os demônios não foram criados como demônios,
tal como entendemos este termo, porque Deus não fez o mal.
2.
Também
eles foram criados puros, mas desviaram-se da sabedoria celestial. Desde então
andam vagando sobre a terra. Por um lado, enganaram aos gregos com vãs
fantasias, e, invejosos de nós, cristãos, nada omitiram para nos impedir de
entrar no céu; não querem
que subamos ao lugar de onde caíram.
3.
Por
isso é necessário muita oração e disciplina ascética para que alguém possa receber do Espírito
Santo o dom do discernimento dos espíritos e ser capaz de conhecê-los; qual
deles é menos mau, qual o pior; que interesse especial tem cada um e como hão
de ser repelidos e lançados fora; pois são numerosas suas astúcias e
maquinações.
4.
Bem
sabiam isto o santo Apóstolo e seus discípulos quando diziam: 'Conhecemos muito
bem suas manhas' (2 Cor 2,11). E nós, ensinados por nossas experiências, deveríamos
guiar outros a apartarem-se deles.
5.
Por
isso eu, tendo feito em parte essa experiência, falo a vocês como a filhos
meus.
6.
Quando
eles veem que os cristãos em geral, mas em particular os monges, trabalham com
cuidado e fazem progressos, primeiro os assaltam e tentam colocando-lhes
continuamente obstáculos em seus caminhos.
7.
Estes obstáculos são os maus
pensamentos.
Mas não devemos assustar-nos com suas armadilhas que são logo desbaratadas com
a oração, o jejum e a
confiança no Senhor.
8.
No
entanto, ainda que desbaratados, não cessam, mas antes voltam ao ataque com
toda maldade e astúcia. Quando não podem enganar o coração com prazeres
abertamente impuros, mudam de tática e vão ao ataque.
9.
Então
urdem e fingem aparições para aturdir o coração, transformando-se e imitando
mulheres, bestas, répteis, corpos de grande estatura e hordas de guerreiros.
10. Mas nem assim
devem esmagar-nos o modo de semelhantes fantasmas, já que não passam de pura
vaidade - especialmente se
você fortalece com o sinal da cruz.
11. Em verdade, são
atrevidos e extraordinariamente desavergonhados. Se neste ponto também os
derrotamos, avançam uma vez mais com nova estratégia.
12. Pretendem profetizar e predizer acontecimentos futuros. Aparecem mais altos
que o teto, gordos e corpulentos. Seu propósito é, se possível, arrebatar com
mais aparições, os que não puderam enganar com pensamentos.
13. E se acham que
ainda assim a alma permanece forte em sua fé e sustentada pela esperança, fazem
seu chefe intervir.
14. Este aparece
frequentemente desta maneira como, por exemplo, o Senhor revelou a Jó: 'Seus
olhos são como pálpebras da aurora. De sua boca saem tochas acesas, chispas de
fogo saltam fora. De suas narinas sai fumaça como de panela ou caldeirão a
ferver. Seu sopro acende carvões e de sua boca saem chamas' (Jó 41.18-21).
15. Quando o chefe
dos demônios aparece desta maneira, o velhaco trata de atemorizar-nos, como
disse antes, com seu falar valentão, tal como foi desmascarado pelo Senhor
quando disse a Jó: 'Tem toda arma por folha seca e zomba de brandir da azagaia;
faz ferver como uma panela o mar profundo e o revolve como uma panela de
unguento (Jó 41.29,31); também diz o profeta: 'Disse o inimigo: Persegui-los-ei
e os alcançarei (Ex 15.9); e em outra parte: 'Minha mão achou como ninho as riquezas
dos povos, e como se recolhem ovos abandonados, assim me apoderei de toda a
terra' (Is 10.14).
16. Esta é, em
resumo, a jactância do que alardeiam, estas são as arengas que fazem para
enganar o que teme a Deus.
17. Com toda confiança não precisamos temer suas aparições
nem dar atenção a suas palavras.
18. É apenas um embusteiro
e não há verdade em nada do que diz. Quando fala semelhantes estultícias, e o
faz com tanta jactância, não se apercebe de de como é arrastado com um garfo de
ferro, como dragão, pelo Salvador (cf Jó 41. l-2), com um cabresto como animal
de carga, com anel no nariz como escravo fugitivo, e com seus lábios
atravessados por uma argola de ferro. Foi, pois, apanhado como animal pra nossa
diversão. Tanto ele como seus companheiros foram tratados assim para serem
pisados como escorpiões e cobras (cf Lc 10.19) por nós, cristãos; e prova disso é o fato de que continuamos
a existir, apesar dele.
19. Em verdade,
notem que ele, que proclamou secar o mar e apoderar-se do mundo todo, não pode impedir nossas práticas
ascéticas nem que eu fale contra ele.
20. Por isso, não
demos atenção ao que possa dizer, porque é um mentiroso astuto, nem temamos suas
aparições, por que são mentiras também.
21. Certamente não é
verdadeira luz a que aparece neles, mas antes é mero começo e semelhante ao
fogo preparado para eles próprios; e com o mesmo que os queimará tratam de aterrorizar
os homens.
22. Aparecem, é
verdade, mas desaparecem de novo no mesmo momento, sem danificar nenhum crente, enquanto levam
consigo essa aparência de fogo que os espera.
23. Por isso, não há
razão alguma para ter medo deles, pois, pela graça de Cristo todas as suas táticas dão em nada.
24. São, porém,
traiçoeiros e estão preparados para suportar qualquer mudança ou transformação.
25. Muitas vezes,
por exemplo, pretendem até cantar salmos, sem aparecer, e citam textos das
Escrituras. Também algumas vezes, quando estamos lendo, repetem de repente,
como eco, o que lemos.
26. Quando vamos
dormir, despertam-nos para orar, e fazem isto continuamente, mal nos deixando dormir.
27. Outras vezes se
disfarçam em monges e simulam piedosas conversas, tendo como meta enganar com
sua aparência e arrastar então suas vítimas para onde querem. Mas não lhes devemos
prestar atenção, ainda que nos despertem para orar, ou nos aconselhem a não
comer de todo, ou pretendem nos acusar de coisas que antes aprovavam.
28. Fazem isto não por amor à piedade ou à verdade, mas para levar
o inocente ao desespero, para apresentar a vida ascética como sem valor e fazer
com que os homens se enfastiem da vida solitária como algo muito rude e
demasiadamente pesado, e assim fracassem os que levam tal vida.
29. Por isso o
profeta enviado pelo Senhor chamou a tais infelizes com estes termos: 'Ai
daquele que dá a beber a seu próximo um mau trago!' (Hc 2,15).
30. Tais táticas e
argumentos são desastrosos para o caminho que conduz à virtude. Nosso Senhor
mesmo, ainda que os demônios falassem também a verdade - pois diziam
verdadeiramente: 'Tu és o Filho de Deus' (Lc 4,41) -, não obstante os fez calar
e proibiu-lhes falar.
31. Não quis que
esparramassem sua própria maldade junto com a verdade, e tampouco desejava que fizéssemos
caso deles ainda quando aparentemente falassem verdade. Por isso é inconveniente
que nós, possuindo as Escrituras e a liberdade do Salvador, sejamos ensinados
pelo demônio que não ficou em seu posto (cf Judas 6), mas constantemente mudou
de parecer.
32. Por isso também
proíbe-lhe citar as Escrituras, ao dizer: 'Deus disse ao pecador: Por que
recitas meus preceitos e tens sempre em tua boca minha aliança?' (Sl 48.16).
33. Certamente eles
fazem de tudo: falam, gritam, enganam, confundem, e tudo para enganar o
simples. Armam também tremendos estrépitos, soltam risadas tontas e sibilos. Se
ninguém faz caso deles, choram e lamentam-se como derrotados.
34. O Senhor, por isso, porque é Deus, fez os demônios
calarem-se. Quanto a nós, aprendemos nossas lições dos santos, fazemos como
eles fizeram e imitamos-lhe o valor. Pois quando eles viam tais coisas,
costumavam dizer: 'Quando o pecador se levantou contra mim, guardei silêncio
resignado, não falei com leviandade (Sl 39.2); e em outra parte: 'Mas eu como
um surdo não ouço, como um mudo não abro a boca; sou como alguém que não ouve' (Sl
38.14).
35. Assim também nós
não os escutemos, olhando-os como a estranhos, não lhes prestando atenção,
ainda que nos despertem
para a oração ou nos falem de jejuns. Antes, sigamos atentos a prática
da vida ascética como é nosso propósito, e não nos deixemos enganar pelos que praticam
a traição em tudo o que fazem.
36. Não lhes devemos
ter medo ainda que apareçam para atacar-nos e ameaçar-nos de morte. Na realidade são frágeis e nada
podem fazer mais do que ameaçar.
O que você destaca no
texto? Como ele serve para sua espiritualidade?