Dia da Celebração do
Batismo do Senhor
13 de janeiro
Rev.
Edson Cortasio Sardinha
No domingo após a Epifania, o rio
Jordão recebe um número maior de peregrinos católicos e protestantes. É o dia da
celebração do Batismo do Senhor.
Originalmente, o batismo de Cristo
foi comemorado no dia da Epifania juntamente com a visita dos Magos e o
primeiro milagre nas Bodas de Caná da Galiléia.
Ao longo do tempo, no Ocidente, no entanto, a celebração do Batismo do
Senhor veio a ser comemorado como uma festa separada da Epifania.
I.
A Celebração na Igreja Metodista
A Pastoral do Colégio Episcopal
sobre o Culto na Igreja Metodista, diz que "o Batismo do Senhor é
celebrado no primeiro domingo após a Epifania e representa o início da missão
de Jesus no mundo. Esse tempo é parte da manifestação de Jesus aos seres
humanos, por isso, trata-se de uma continuidade da Epifania. Diferenciando-se
pelo fato de que, na Epifania, é o ser humano (representado pelos magos) que
vai a Cristo, ao passo que, com o Batismo do Senhor, é Deus (por meio de Jesus
Cristo) que vem até o ser humano, a fim de cumprir Sua missão. Por isso, a
espiritualidade desse dia é marcada pela missão iniciada por Jesus em prol dos
menos favorecidos e injustiçados. Com o Batismo do Senhor termina o Ciclo do
Natal, dando-se início ao Tempo Comum ou Tempo após Epifania".
II.
A Celebração na Igreja Ortodoxa e Católica
A Igreja Ortodoxa comemora a
Teofania de Jesus principalmente no seu Batismo com a presença da Santa
Trindade.
Como no ocidente a Epifania ficou
enfocando apenas a visita dos magos, ofuscando o Batismo do Senhor e o primeiro
Milagre em Caná, Pio XII instituiu, em 1955, uma comemoração litúrgica separada
para o Batismo do Senhor. João XXIII, cinco anos, depois manteve a festa no dia
13 de janeiro. A apenas 14 anos após a instituição da festa, Paulo VI definiu a
data como o primeiro domingo após 06 de janeiro, ou, se em um determinado país
da Epifania é celebrada no dia 7 ou 8 de Janeiro, na segunda-feira seguinte.
João Paulo II iniciou o costume de batizar crianças neste dia na Capela Sistina
do Vaticano. O antigo Calendário Tridentino não tem a festa do Batismo do
Senhor. Foi quase quatro séculos depois que a festa foi instituída, sob a
denominação "Comemoração do Batismo do Senhor". A festa marca o fim
do Ciclo do Natal do Natal. No dia seguinte, começa o Tempo Comum.
III.
A Celebração na Igreja Anglicana
Na Igreja protestante da Inglaterra
a Epifania pode ser observada em 6 de janeiro ou no domingo entre 2 e 8 de
janeiro. Se Epifania é observada em 6 de janeiro, ou antes, o Batismo de Cristo
é observado no domingo seguinte. Se a Epifania é observado em 7 ou 8 de
Janeiro, o Batismo de Cristo é observado na segunda-feira seguinte. Na Igreja
da Inglaterra, O Tempo Comum não começa até o dia após a Apresentação de Cristo
no Templo no dia 02 de fevereiro.
O Livro de Oração Comum tem a
seguinte Coleta:
"Ó Pai Celestial, que, no
Batismo de Jesus, no Jordão, o proclamaste teu amado Filho e o ungiste com o
Espírito Santo; concede que todos os batizados em seu nome guardem constantes a
aliança que estabeleceste e, com ousadia, o confessem Senhor e Salvador, o qual
vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
IV. O Batismo do Senhor nos Pais da Igreja e em Tomás de
Aquino
Por que Jesus teve que ser batizado?
Ambrósio de Milão (c. AD 333-397) respondeu a esta pergunta dizendo: O Senhor
foi batizado, não para ser purificado si mesmo, mas para purificar as águas, de
modo que essas águas, purificado pela carne de Cristo, que não conheceu pecado,
pode ter o poder do Batismo. Quem vem, portanto, para a lavagem de Cristo deixa
de lado seus pecados. (Comentário ao Evangelho de Lucas 2:83)
O Batismo do Senhor juntamente com o
nosso batismo é um mistério da fé, mais do que mero testemunho publico de nossa
fé.
Gregório de Nazianzo pregou sobre este
mistério de fé dizendo: "Vamos ser sepultados com Cristo pelo Batismo a
subir com ele, desçamos com ele a ser levantada com ele, e vamos subir com ele
para ser glorificado com ele."
Hilário de Poitiers falava da nossa
adoção como verdadeiros filhos e filhas de Deus no batismo: "Tudo o que
aconteceu com Cristo nos permite saber que, depois do banho de água, o Espírito
Santo desce rapidamente sobre nós do céu alto e que, adotado pela voz do Pai,
nos tornamos filhos de Deus".
Tomás de Aquino trouxe a seguinte reflexão
sobre o Batismo do Senhor: "Quando ele atingiu a idade perfeita, quando
chegou o momento para ele para ensinar, fazer milagres e para atrair os homens
a si mesmo, em seguida, foi a montagem de sua divindade para ser atestado do
alto pelo testemunho do Pai, para que o seu ensino pode ser a mais
credível."O Pai, que me enviou, tem-se dado testemunho de mim"
V.
O Mistério do nosso Batismo segundo John Wesley.
O Batismo é um sinal exterior de
toda graça interior e espiritual: "Há um batismo" de que nosso Senhor
se agradou em apontar como sinal exterior de toda graça interior e espiritual
que Ele está continuamente concedendo à sua Igreja. Notas: "Atos
5:11".
O batismo nos integra a Cristo: "Somos
integrados em Cristo, no batismo, através da fé, e recebemos nova vida
espiritual desta nova raiz pelo seu Espírito, que nos torna semelhantes a Ele,
especialmente com referência à sua morte e ressurreição". Notas:
"Romanos 6:3".
O Batismo nos faz entrar na Aliança
com Deus e é obrigatório para todos os cristãos: "O que é batismo?
É o sacramento iniciatório que nos faz entrar na aliança de Deus. Foi
instituído por Cristo o único que tem poder para instituir um sacramento
adequado, um sinal, um selo, garantia e meio de graça, perpetuamente
obrigatório para todos os cristãos".
O Batismo é um selo de aliança como
o circuncisão: "Foi instituído na sala da circuncisão, pois, como aquela
era um sinal e um selo da aliança de Deus, assim é este".
O Batismo é uma lavagem que nos
entrega a santíssima trindade: "O elemento deste sacramento é a
água que é o mais próprio para este uso simbólico, dado o seu poder
natural de limpar. O batismo é realizado pela lavagem, pela imersão ou pela
aspersão da pessoa em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e, por
este meio, a pessoa é entregue à Bendita Trindade".
Não existe uma forma única na Bíblia
para o Batismo (imersão, lavagem ou aspersão): "Digo pela lavagem, imersão
ou aspersão porque a Escritura não determina qual destes meios deve ser usado
quer por preceito expresso, quer por um exemplo claro o que prove, quer ainda
pela força ou pelo significado da palavra batizar..."
O Batismo pelas aplicações dos
méritos de Cristo, nos lava da culpa do pecado original; "O ponto seguinte
a ser considerado são os benefícios que recebemos por meio do batismo. O
primeiro é que somos lavados da nossa culpa do pecado original pela
aplicação dos méritos da morte de Cristo".
Os méritos da vida e da morte de
Cristo, nos são aplicados no batismo: "Pois, "como pela ofensa de um
veio o julgamento sobre todos os homens para condenação, assim pela justiça de
um veio o dom gratuito sobre todos para justificação da vida". E a virtude
deste dom gratuito, os méritos da vida e da morte de Cristo, nos são aplicados
no batismo... "
Pelo Batismo somos admitidos na
Igreja: "Somos admitidos na Igreja pelo batismo e, consequentemente,
feitos membros de Cristo, a sua cabeça. Os judeus eram admitidos à Igreja pela
circuncisão; assim são os cristãos pelo batismo. Pois "todos os que são
batizados em Cristo", em seu nome, por esse meio "revestiram-se de
Cristo"- Gl.3:27, isto é, são misticamente unidos a Cristo e feitos um com
Ele".
Pela fé em Cristo, através do batismo,
somos feitos filhos de Deus: "Nós, que éramos "por natureza filhos da
ira", somos feitos filhos de Deus pelo batismo. E esta regeneração que a
nossa Igreja em muitos lugares atribui ao batismo é mais do que o ser
simplesmente admitidos na Igreja, embora comumente ligados a ela. "Sendo
enxertados no corpo da Igreja de Cristo, somos feitos filhos de Deus pela
adoção e pela graça". Isto se baseia nas palavras simples de nosso Senhor:
"Se um homem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de
Deus" - Jo. 3:5. Assim, pela água como um meio, a água do batismo, somos
regenerados ou nascidos de novo, de onde o ser ele chamado também pelo Apóstolo
"a lavagem da regeneração".
O Batismo precisa ser acompanhado
por uma vida em santidade: "O batismo nos salva se a nossa vida
correspondê-lo, se nos arrependermos, crermos e obedecermos ao evangelho;
supondo-se isso, como ele nos admite à Igreja daqui, assim também o somos na
glória futura".
É dever batizar nossas crianças: "Em
resumo, portanto, é nosso dever não somente legal e inocente, mas justo
e estrito, de conformidade com a prática ininterrupta de toda a Igreja de
Cristo desde os primeiros tempos, consagrarmos nossos filhos a Deus pelo
batismo como era ordem para que a Igreja dos judeus o fizesse pela circuncisão".
Obras: "Um trabalho sobre o batismo", 1, daqui e dali (X, 188,190-92,
201).
O Batismo não é o novo nascimento: "O
batismo não é o novo nascimento; este e aquela não são a mesma coisa. Muitos,
na verdade, parecem imaginar que o sejam; pelo menos falam como se pensassem
assim, mas não sei se essa opinião é apoiada publicamente por qualquer
denominação cristã... Não se pode ser mais simples, pois, um é obra
externa, o outro é interna; um é visível, o outro invisível e, portanto,
totalmente diferente um do outro. Um é ato do homem purificando o corpo, o
outro é uma mudança operada por Deus na alma; de maneira que são tão distintos
um do outro como a alma o é do corpo e a água o é do Espírito Santo".
O Batismo não muda a vida se a
pessoa não desejar mudar: "Conhece-se a árvore pelos seus frutos".
Por este fato, parece muito simples para ser negado, que diversos daqueles
muitos filhos do diabo antes de serem batizados, continuam a ser, mesmo depois
do batismo, "pois fazem as obras do seu pai"; continuam como servos
do pecado, sem nenhuma pretensão à santidade interna ou externa. Sermões:
"O novo nascimento", IV, 1-2 (S,II,237-39).
VI.
As Leituras da Celebração do Batismo do Senhor
A primeira Leitura é Is 40,1-11. Este
texto fala do ministério de João Batista em preparar a vinda do Senhor. Está
implícito o encontro com Cristo no Jordão e o ministério de consolo e
restauração do Senhor.
Cântico: Salmo 104. O Salmo fala da Glória do Senhor e do
Espírito Santo que vem restaurar a vida sobre a face da Terra. É uma alusão ao
Espírito Santo que veio no Batismo do Senhor.
Segunda Leitura: Tt 2.11-14; 3.4-7;
Paulo fala da salvação de Cristo e da sua lavagem mediante a água do batismo.
O Evangelho é Lucas 3.15-22. O Evangelho
narra o Batismo do Senhor centralizando a presença da Santíssima Trindade no
início do ministério da nossa salvação em Cristo. É o Senhor que deseja o
Batismo para dar início a uma caminhada rumo ao calvário.
Conclusão:
A Celebração do Batismo do Senhor é
pouco divulgada na Igreja evangélica brasileira. Mas é uma importante
celebração que encerra o ciclo do Natal e dá início ao Tempo Comum.
Que na celebração do Batismo do
Senhor possamos celebrar nossa fé e esperança no Batismo recebido. Esta celebração
marca a presença da santíssima trindade sobre nossa vida e missão como igreja
que, autorizada pelo Batismo, sai pelo mundo espalhando a justiça e o amor,
fazendo discípulos e discípulas, pelo Batismo, para o Senhor Jesus.
Devocional
Batismo do Senhor
Batismo: O
Início do Discipulado
Lucas 3.15-22
I. João Batista e Cristo
João Batista, com unção de Deus,
pregava o arrependimento dos pecados e o batismo para remissão. Jesus o
considerou o maior profeta da Bíblia (Mt 11.11). A autoridade de João era tão
grande que as pessoas pensaram que ele fosse o próprio Cristo (15). Quando João
soube que estava sendo confundido com o Cristo, não quis alimentar o engano e
disse: (16) "Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é
mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das
sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo". João afirma que era inferior a Jesus
e que o seu Batismo de Jesus era com o Espírito Santo e com fogo. Apontou
também para Jesus como juiz dos vivos e dos mortos ao dizer: (17) "A sua pá, ele a tem na mão,
para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém
queimará a palha em fogo inextinguível". A
mensagem de João Batista sobre o Cristo que viria era um evangelho ao povo (18). João tinha ousadia e autoridade, só foi
parado pela maldade de Herodes que lhe prendeu no cárcere (19,20). João tinha seguidores, ousadia e autoridade,
mas sabia que Jesus era superior a ele. Não teve arrogância, prepotência nem
soberba. Sabia perfeitamente de seus limites e apontava em suas pregações para
o Cristo. Assim também, como discípulos, devemos viver de tal forma que
venhamos apontar para Cristo. Cristo é o nosso alvo.
II. A Obediência do Senhor Jesus
João não era digno de desatar as
correias das sandálias de Jesus. Jesus é o Deus encarnado e João era apenas
servo. Jesus iria batizar com o Espírito Santo e com fogo. Seria o juiz dos
vivos e dos mortos. João batista se
sentiu constrangido (Mt 3.14). Mas o
Senhor sabia que precisava iniciar seu ministério pelo batismo de João Batista.
(21) "E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o
foi Jesus". O batismo do
Senhor representou sua total obediência ao Pai e sua postura de servo. Foi uma
preparação para a cruz (Fp 2.5-7). Como
os judeus viram e interpretaram o Batismo do Senhor Jesus? Talvez falaram:
"Lá está mais um pecador arrependido; mais um fanático atrás de
João!". Jesus não se importa. Toda
a justiça de Deus precisava ser cumprida (Mt 3.15). Justiça de Deus significa
vontade perfeita de Deus. A
obediência do Senhor Jesus nos constrange. Ele foi obediente até ao ritual do
Batismo. Devemos ter a obediência ao Senhor como marca do nosso discipulado.
III. A Trindade no Batismo
Lucas
diz que (21) "...e, estando ele a orar, o céu se abriu, (22) e o
Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma
voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo". Toda a Santíssima
Trindade estava envolvida no Santo Batismo. O Pai estava no céu e fala ao
Filho. O Filho está no rio Jordão e o Espírito Santo vem em forma corpórea como
pomba. O Batismo do Senhor deu início a ação do Filho na Salvação da
humanidade. É a ação do Deus Trino que nos salvou mediante Jesus Cristo. Por
isso que o nosso batismo reproduz o evento do Jordão. Somos batizados em Nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Quando aceitamos o Batismo ou batizamos
nossos filhos estamos nos submetendo a ação direta do Sacramento da Santíssima
Trindade. Com o batismo tem início o nosso discipulado a serviço do Reino de
Deus.
Conclusão:
O Senhor Jesus
foi obediente ao Pai e se submeteu ao Batismo de João. A Santíssima Trindade se
manifesta no Batismo de Jesus e passa ser a marca de nosso Batismo. Desejamos seguir as pisadas do Senhor Jesus.
Precisamos do Batismo. Precisamos da Trindade Divina em nossa vida. Precisamos
dar início ao projeto de Deus em nós. O discipulado tem início no nosso
encontro com Cristo que nos leva ao Batismo. Jesus não encontrou dificuldade.
Foi humilde e desceu as águas do Batismo. Nós também precisamos passar por este
caminho que é sacramento de iniciação e vida.