domingo, 28 de abril de 2013

Páscoa:Morte e Ressurreição de Cristo segundo Calvino


PÁSCOA DE CRISTO: O significado da Morte e a Ressurreição
V Domingo da Páscoa
 

Para o Reformador João Calvino (1509 – 1564) é impossível entender a Morte do Senhor Jesus sem aceitar sua ressurreição. É a ressurreição de Cristo que dá sentido ao seu sacrifício e morte.
Leia o texto de Calvino na íntegra e perceba sua profunda explicação para a morte e ressurreição do Senhor.
Ora, uma vez que na cruz, morte e sepultamento de Cristo nada revelam senão fraqueza, todas essas coisas têm de ser ultrapassadas pela fé para que ela se revista de pleno vigor. E assim, embora tenhamos em sua morte a firme consumação de nossa salvação, visto que, por meio dela, não só fomos reconciliados com Deus, mas também ele fez satisfação ao justo juízo, e removida foi a maldição e totalmente paga a pena, somos, no entanto, declarados regenerados para uma viva esperança, não mediante sua morte, mas por meio de sua ressurreição [1 Pe 1:3]; porque, como ele, ao ressurgir, se enalteceu como vencedor da morte, assim a vitória de nossa fé afinal se assenta em sua própria ressurreição.
De que natureza seja isto, melhor se exprime nas palavras de Paulo, pois diz que ele morreu por causa de nossos pecados e ressuscitou por causa de nossa justificação [Rm 4.25], como se estivesse a dizer que o pecado foi removido por sua morte, a justiça restaurada e restabelecida por sua ressurreição.
Ora, como, ao morrer, ele nos podia livrar da morte, se ele próprio fosse sucumbido à morte? Como nos haveria adquirido a vitória, se houvesse fracassado na luta? Pelo que, assim dividimos a matéria de nossa salvação entre a morte e a ressurreição de Cristo: mediante a morte de Cristo, o pecado foi aniquilado e a morte, extinta; por meio da ressurreição, a justiça foi restaurada e a vida, restabelecida; por isso, a morte de Cristo exibe sua força e eficácia para conosco em virtude da ressurreição.
Assim sendo, Paulo assevera que ele "foi declarado o Filho de Deus na própria ressurreição" [Rm 1.4], porque então, finalmente, externou seu poder celeste, que é não só o claro espelho de sua divindade, mas também o firme sustentáculo de nossa fé, assim como ensina ainda em outro lugar "ter ele sofrido em razão da fraqueza da carne, mas ressuscitado pelo poder do Espírito" [2 Co 13.4].
No mesmo sentido, em outro lugar, discorrendo acerca da perfeição: "Para que conheça a ele e ao poder de sua ressurreição" [Fp 3.10]. Contudo, acrescenta imediatamente em seguida "a comunhão com sua morte". Com que está de perfeito acordo esta afirmação de Pedro: "Deus o ressuscitou dos mortos e lhes deu glória, para que nossa fé e esperança estivessem em Deus" [1 Pe 1.21]; Não que nos vacile a fé, visto que persiste apoiada na morte de Cristo; ao contrário, que o poder de Deus, em virtude do qual nos guarda sob a fé, se patenteia sobretudo na própria ressurreição.
Lembremo-nos, portanto, de que quantas vezes se faz menção apenas de sua morte, compreende-se, ao mesmo tempo, o que é próprio da ressurreição. Também, igual sinédoque há no termo ressurreição, sempre que se emprega separadamente de sua morte, de sorte que em si inclua o que diz respeito particularmente á sua morte. Mas, uma vez que, ressurgindo, Cristo conquistou a palma da vitória, de modo que se fizesse nossa ressurreição e nossa vida, com razão Paulo contende que "abolida é a fé e ineficaz e falaz o evangelho, a não ser que no coração nos seja gravada a ressurreição de Cristo" [1 Co 15.17].
Além disso, como antes expusemos, que a mortificação de nossa carne depende da comunhão da cruz de Cristo, assim importa-nos também entender que nós obtemos um outro fruto correspondente de sua ressurreição. Pois, por isso o Apóstolo diz: "Fomos enxertados na semelhança de sua morte, para que, compartilhando de sua ressurreição, andemos em novidade de vida" [Rm 6.4,5]. Dessa forma, como em outro lugar diz que morremos juntamente com Cristo, ele deduz o argumento de que devemos mortificar os membros sobre a terra; assim também, porque ressuscitamos com Cristo, disto infere que devemos buscar as coisas que estão acima, não as que estão sobre a terra [Cl 3.1-5]. Com estas palavras somos não apenas convidados pelo exemplo do Cristo ressurreto a buscar diligentemente novidade de vida, mas somos também ensinados que, por seu poder, ocorre que somos regenerados para a justiça.

(CALVINO, João. As InstitutasEdição Clássica. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 2. ed. vol. 2, pp. 271-273)

domingo, 21 de abril de 2013

V Retiro de Contemplação e Espiritualidade da OESI

Nosso V Retiro de Contemplação e Espiritualidade da OESI será nos dias 13 e 14 de setembro, no Rio de Janeiro, na Casa de Retiro Padre Anchieta. O tema deste ano será: Dos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola à Cristologia de João Wesley.

Desejando maiores informações nos escreva: ordemevangelica@hotmail.com


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Quem são os membros da OESI?


OESI – Ordem Evangélica dos Servos Intercessores
Nossas características:

  • Pessoas comprometidas com o Reino de Deus e com a Igreja Local (não importa a denominação Cristã);
  • Pessoas apaixonadas pelo Senhor Jesus;
  • Pessoas que amam ganhar vidas de forma integral para o Senhor Jesus (Evangelical / Evangelho social);
  • Pessoas que buscam uma renovação diária do carisma do Espírito Santo (Carismático);
  • Pessoas que zelam pelos sacramentos, liturgia, lugar sagrado e aspectos visuais e arquitetônicos do santo culto a Deus (lutúrgico/sacramental);
  •  Pessoas apaixonadas pela história Cristã e pela tradição (tradição);
  •  Pessoas que estudam e vivem o novo monasticismo e amam a espiritualidade cristã.
Ainda não temos um lugar fixo.
Começamos construir a Casa de retiro Terra Santa em Ji-Paraná – RO, para retiros de contemplação e espiritualidade.
Anualmente realizamos um Retiro de Contemplação e mantemos o BLOG Ordem Evangélica com estudos e notícias sobre espiritualidade.
Apesar de não termos um lugar fixo, somos um grupo unido pelas características citadas acima.
Deseja nos conhecer? Escreva para: ordemevangelica@hotmail.com

terça-feira, 9 de abril de 2013



A Festa da Páscoa para Francisco de Assis

Rev. Edson Cortasio Sardinha

            A Páscoa foi marcante na vida de Francisco de Assis. Como crente do século XIII, amou a morte e a ressurreição do Senhor do profundidade e sensibilidade.
            Boaventura diz que em sua morte Francisco "pediu que fosse lido o texto de São João que começa assim: "Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, havendo amado os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou..." (Jo 13,1).  Queria ouvir nessa passagem do Evangelho o chamado do Bem-Amado que bate à porta, esse Bem-Amado de quem estava separado apenas pela simples parede da carne. Por fim, tendo-se realizado nele todos os planos de Deus, o bem-aventurado adormeceu no Senhor, orando e cantando um salmo".[i]
            Francisco tentava enxergar a tristeza e a pobreza do Senhor que ficou sozinho na noite de Páscoa, preso pelos guardas do Templo. Tentava ver na festa da Páscoa a páscoa solitária que o Senhor passou tanto na prisão e morte como no túmulo.
            Tomás de Celano conta que "num dia de Páscoa, os frades prepararam no eremitério de Gréccio uma mesa mais bonita, com toalhas brancas e copos de vidro. Quando Francisco desceu de seu quarto de oração (cela) e foi para a mesa, viu a arrumada em lugar elevado e ostentosamente enfeitada: toda ela ria, mas ele não sorriu. Às escondidas e devagarzinho, saiu, pôs na cabeça o chapéu de um pobre que lá estava, tomou um bordão e foi para fora. Esperou à porta até que os frades começaram a comer, porque estavam costumados a não esperá-lo quando não vinha ao sinal. Quando iniciaram o almoço, clamou à porta como um pobre de verdade: "Uma esmola, por amor de Deus, para um peregrino pobre e doente". Os frades responderam: "Entra, homem, pelo amor daquele que invocaste". Entrou logo e se apresentou aos comensais. Que espanto provocou esse peregrino! Deram-lhe uma escudela, e ele se sentou à parte, pondo o prato na cinza. E disse: "Agora estou sentado como um frade menor". Dirigindo-se aos irmãos, disse: "Mais do que os outros religiosos, devemos deixar-nos levar pela pobreza do Filho de Deus. Vi a mesa preparada e enfeitada, e vi que não era de pobres que pedem esmola de porta em porta". O fato demonstra que ele era semelhante àquele outro peregrino que ficou sozinho em Jerusalém nesse mesmo dia de Páscoa. Mas, quando falou, deixou abrasado o coração de seus discípulos[ii].
            Para Francisco as festividades da Páscoa não deveriam ser repletas de comidas e bebidas. deveria ser semelhante ao ressuscitado que apareceu no caminho de Emaús.
Para Francisco devemos celebrar a Páscoa como peregrinos. Pedia que celebrassem a Páscoa em pobreza de espírito, sempre lembrando que estamos nesta vida em trânsito para a vida eterna.
            Boaventura diz que "certo dia de Páscoa, encontrando-se em um santuário ou eremitério, tão distanciado do contato dos homens que não podia facilmente mendigar seu alimento, lembrou-se daquele que no mesmo dia apareceu em traje de peregrino aos discípulos no caminho de Emaús. Pediu esmola a seus irmãos, considerando-se a si mesmo como um pobre peregrino. E tendo-a recebido com humildade, instruiu-os nas divinas letras, exortando-os a que no deserto deste mundo se julgassem peregrinos e estrangeiros, isto é, como verdadeiros israelitas, e a que celebrassem continuamente em pobreza de espírito a Páscoa do Senhor, ou seja, o trânsito desta vida à vida eterna"[iii].
            O Tempo da Páscoa deve ser celebrado sempre pensando na ressurreição do Senhor e na nossa ressurreição. Somos peregrinos a caminho do Céu mediante a graça do Senhor através de sua Morte e ressurreição. Jesus ressuscitou! Ele ressuscitou realmente!


[i] S. Boaventura, LEGENDA MENOR : c.5
[ii] Tomás de Celano,  SEGUNDA VIDA DE SÃO FRANCISCO - Cp 31
[iii] S. Boaventura, LEGENDA MAIOR C. 9


Domingo da Páscoa

A Ressurreição de Cristo e a nossa Ressurreição segundo Wesley

Rev. Edson Cortasio Sardinha

Leitura do terceiro Domingo da Páscoa: At 5.27-41 / Sl 30.2-13 / Ap 5.11-14 / Jo 21.1-19.

            A Páscoa de Cristo é celebrada em todos os domingos do ano. Cada domingo é Páscoa. Durante o Ciclo Pascal, comemoramos a Páscoa do primeiro domingo da ressurreição até o sétimo. No sétimo a comemoração se volta para a sua ascensão.
            A Páscoa de Cristo está ligada a nossa Páscoa. Sua ressurreição é referência para a nossa ressurreição.
            A Igreja prega a vida eterna e a ressurreição dos mortos. Não apenas estaremos com Cristo no céu, mas teremos um novo corpo.
            Wesley ensinava que "o erro, a dor e toda as doenças do corpo cessam; tudo isto é destruído pela morte. E a própria morte, "o último inimigo" do homem, será destruída pela ressurreição. [i]
            Não apenas seremos participantes do céu, mas teremos um corpo glorificado. "Através da obediência e morte de Cristo 1) Os corpos de todos os homens se tornam imortais depois da ressurreição; 2) As suas almas recebem a capacidade de vida espiritual e 3) uma partícula atual ou semente da mesma; 4) Todos os crentes tornasse filhos da graça, reconciliados com Deus, e 5) feitos participantes da natureza divina"[ii].
            A Páscoa do Senhor nos dá esperança para a nossa própria ressurreição. Um dia teremos um novo corpo. Um dia desfrutaremos da graça da imortalidade: "Há uma esperança" em todos aqueles que receberam este Espírito, uma esperança cheia de imortalidade. Sabem que morrer não é perder-se; os seus objetivos vão além da sepultura. Podem dizer alegremente: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, de acordo com a sua misericórdia abundante, nos gerou de novo para uma esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo dos mortos, para uma herança incorruptível e imaculada e que não desaparecerá"[iii].
            Nossa morte hoje é uma passagem para o paraíso até o dia da nossa ressurreição: "No paraíso, as almas dos bons descansarão dos seus trabalhos, e estarão com Cristo, da morte até à ressurreição".[iv]
            Por causa da ressurreição de Cristo, temos alegria na certeza da nossa ressurreição. "O corpo que teremos na ressurreição será imortal e incorruptível, pois, "o corruptível deve revestir-se da incorruptibilidade e o mortal da imortalidade"[v].
            Cristo ressuscitou! Ressuscitou realmente!

Fontes das Frases de John Wesley:



[i] Sermões: "O objetivo da vinda de Cristo",
[ii] Obras: "Minutos de algumas conversações tardias",
[iii] Notas: "Atos 5:11".
[iv] Cartas: "A George Blackall"
[v] Sermões: "Sobre a ressurreição dos mortos",

quarta-feira, 3 de abril de 2013

2º Semana da Páscoa do Senhor
A Misericórdia do Ressuscitado
                                                                             João 20.19-31

                                                    




Na tarde da ressurreição o Senhor aparece aos Apóstolos e ministra a graça e os dons sobre suas vidas. Tomé não estava presente e perde a ministração do Senhor. Além de perder as graças do Senhor, Tomé age com incredulidade. O Jesus da Misericórdia aparece no segundo domingo da Páscoa e restaura a fé de Tomé. É a misericórdia do Senhor que nos reabilita. Cremos que, unicamente pela graça e misericórdia, somos salvos e capacitados para o serviço do Senhor.

I. Jesus ressuscitado ministra aos discípulos
Os discípulos estavam vivendo numa situação de medo por causa dos Judeus. Jesus aparece e ministra sobre os apóstolos: "Paz seja convosco!"(19).
O Senhor mostra as mãos e o lado com as marcas do sofrimento da cruz. Ao constatarem que era realmente Jesus a alegria tomou seus corações (20).
Jesus ministra novamente a paz e os envia da mesma forma que o Pai o enviou (21).
Para serem bem sucedidos na obra de Deus, o Senhor sopra sobre eles o Espírito Santo (22) e dá o poder de perdoar pecados (23).
Jesus nos capacita para a missão. Nunca faremos a obra de Deus sozinhos. Temos a direção, assessoria e poder do Senhor sobre nossas vidas. A misericórdia e a unção de Jesus nos seguirão (Sl 23.6).

II. Tomé perde a Bênção e age com incredulidade
Tomé não estava congregado e perde todas as graças do Senhor ressuscitado (24). Quando retorna a congregação os apóstolos testemunham que o Senhor Jesus apareceu (25).
A incredulidade de Tomé foi tão grande que ele disse: (25) “Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei”. O coração de Tomé estava duro.
Hoje o Senhor Ressuscitado aparece na congregação. Quando não congregamos perdemos as bênçãos de Deus, principalmente as ministradas através da Palavra e dos Sacramentos. A ausência na congregação gera  incredulidade. Deixamos de congregar e passamos a ter o coração dia a dia mais duro e insensível (Hb 10.25).

III. O Jesus misericordioso restaura a fé de Tomé
Depois de oito dias, estando Tomé presente, o Senhor aparece e ministra a paz novamente (26). Ele se dirige para o lado de Tomé e diz: (27) “Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente”.
Diante deste confronto e exortação Tomé apenas responde: (28) “Senhor meu e Deus meu!”.
Tomé viu e creu. Mas o Senhor Jesus diz: (29) “Bem-aventurados os que não viram e creram”.
A Divina Misericórdia restaurou a fé de Tomé. Foi uma ação da graça de Deus. Jesus aparece novamente por causa de Tomé.
Hoje o Senhor Jesus está dizendo: Não seja incrédulo, mas crente.
É a misericórdia de Deus que nos salva, nos santifica e que nos ajuda a caminhar fazendo sua vontade, mas a ação de Deus depende de uma resposta humana (Is 1.19).

Conclusão:
João termina dizendo que todos os sinais registrados no Evangelho são para que creiamos (31) que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhamos a vida em seu nome.
            Somos abençoados pela fé. Quando cremos abrimos espaço para a ação de Deus.
            A divina misericórdia do Senhor alcançou nossa vida. Assim como Jesus misericordioso apareceu para Tomé, Ele também se revela sobre nossa vida mostrando sua misericórdia e graça.
            Precisamos conhecer os Evangelhos para cremos em Jesus e termos vida em seu nome.